Resenha: A Árvore de Lágrimas, Naseem Rakha

by - quinta-feira, janeiro 23, 2014

Nos últimos dias estive muito envolvida com livros físicos. Por alguns dias, deixei de lado o meu Kindle e me dediquei a leitura dos livros novos que comprei no Submarino. Um destes foi "A Árvore das Lágrimas", que comprei não por recomendação de amigos ou por ser um bestseller (não, não é, pelo menos não no Brasil). Simplesmente vi a sinopse e resolvi me arriscar, já que a intuição dizia ser uma coisa boa desde o primeiro olhar. E não me arrependi. O impacto foi tão forte há uns dois ou três dias não consegui pegar em outro livro ou me arriscar a sequer escolher outro nesse meio tempo.

A Árvore de Lágrimas


A Árvore das Lágrimas
Naseem Rakha
Editora: Suma das Letras - 352 páginas
Irene e Nate Stanley viviam bem com os filhos Bliss e Shep na fazenda da família até Nate anunciar que recebeu uma proposta de trabalho irrecusável em outro estado. Irene reage mal à notícia. Parece pressentir que algo de ruim vai acontecer. Quando a família começa a se ambientar ao novo lar e finalmente digerir a mudança, os temores de Irene se concretizam: Shep, aos 15 anos, é morto a tiros num aparente assalto à casa da família. O assassino, Daniel Robbin, um jovem mecânico com extensa ficha criminal, é capturado e recebe a pena de morte. Muito tempo depois, Irene ainda não conseguiu superar a perda do filho. Seus anos seguintes resumem-se na ansiosa espera pela execução de Daniel. A angústia e o desespero que sente são tamanhos que Irene cogita buscar contato com o assassino, trocar cartas com ele e tentar entender seus motivos. Tentar perdoá-lo e, assim, quem sabe colocar um ponto final em toda a dor. Uma decisão difícil de explicar à família e que, por isso mesmo, ela esconde pelo maior tempo possível. Quando a data da execução se aproxima, as emoções de todos estão à flor da pele. Os Stanley ficam frente a frente com as feridas do passado e Irene vê que não é a única a guardar segredos. Todos ali carregam feridas pessoais e que só podem ser superadas se estiverem dispostos a lidar com a tolerância e o perdão.

Antes de mais nada devo dizer que trata-se de um drama muitíssimo bem escrito e muito forte também. É tão bem escrito que é muito fácil você sentir ódio à primeira vista por alguns personagens, e olha que eu senti ódio imediato por praticamente todos, até mesmo pelos protagonistas, salvo raras exceções. Odiei desde o início Irene, Bliss e Carol (irmã de Irene) e essa impressão não se desfez nem mesmo quando o fim finalmente chegou.

E não posso dizer que minha antipatia por elas tenha sido exatamente negativa: o nojo que peguei por Irene e por Carol me fez ir mais rápido para ver onde isso iria dar. Também senti raiva de Nate e isso se justifica a medida que o livro avança, mas o que senti, ao me deparar com todos os que me despertaram o ódio puro e espontâneo foi que finalmente estava diante de personagens verdadeiros o bastante para me envolver emocionalmente com o que lia a ponto de ter um nó permanente na garganta a cada página, a cada frase. Isso é lucro. Um lucro tremendo ver um escritor capaz de causar tantas reações distintas em seus leitores.

Outro ponto importante a ressaltar é que não é necessário mais que dez páginas para entender algo importante acerca de Shep. Algo que não posso contar visto que seria spoiler, (e tem gente que leva esse tipo de coisa a sério demais), mas que fará várias coisas ao longo do livro serem mais compreensíveis e também incrivelmente bem construídas, seguindo em direção a um final imprevisível e comovente.

Para quem gosta de drama (drama de verdade) é um livro muito bem recomendado. Quatro corujas e muitas lágrimas diante desse livro, sério mesmo.

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