Resenha: A Lista dos Meus Desejos, de Grégoire Delacourt

by - quinta-feira, fevereiro 20, 2014

Colocando minhas leituras em dia, após a absorvente leitura de "A Invenção das Asas", senti a necessidade de arejar a mente para poder "sair do clima" do livro e poder me envolver com outro. Nestas circunstâncias normalmente prefiro ler uma biografia ou um chick-lit, mas por alguma coisa que não sei explicar, acabei resolvendo pegar "A lista dos meus desejos".

Talvez por ser um livro curto, ou por tê-lo folheado antes e achar a narrativa algo que valesse a pena. Não sei bem qual o motivo até agora, mas é dele que vou falar hoje:


A Lista dos Meus Desejos 
Autor:Editora
: Alfaguara Brasil - 152 páginas.
Até que ponto o dinheiro traz felicidade? Essa é a questão central de A lista dos meus desejos, o fenômeno de crítica e público que ultrapassou a marca de 400 mil exemplares vendidos na França e será levado às telas em 2013. Jocelyne Guerbette é uma mulher de meia-idade que sempre teve uma vida modesta e pacata. Mora há décadas numa pequena cidade francesa com o marido, tem um armarinho e escreve um blog sobre costura que, sem suspeitar, é cada dia mais lido. Jo tem duas amigas inseparáveis — as gêmeas Danièle e Françoise, donas de um salão de beleza — que sempre apostam na loteria e sonham com o que fariam se ficassem milionárias. Um dia, pressionada pelas irmãs, Jo decide comprar um bilhete. E ganha, sozinha, 18 milhões de euros. É o início de uma reviravolta em sua vida. Por um lado, tudo em que ela sempre acreditou começa a desmoronar diante de seus olhos.

Por outro, poderá descobrir a felicidade onde nunca havia esperado. A lista dos meus desejos é um livro sobre a felicidade, e um conto de fadas moderno sobre a redenção nos momentos mais difíceis. Sem saber como lidar com a quantia de dinheiro exorbitante, Jo decide não contar ao marido sobre a fortuna recebida. Ela teme pelo pior: tanto dinheiro recebido de uma só vez possa trazer mais tristeza que felicidade. E, de fato, aos poucos a vida da personagem passará por mudanças irreversíveis, trazendo perigos nunca antes previstos. Numa trama pontuada pelo amor e pela imprevisibilidade do destino, Grégoire Delacourt desenvolve uma história sobre as prioridades do desejo.

Bem, como mencionei logo acima, não sei bem porque escolhi ler esse livro, mas há coisas que não tem grandes explicações. Simplesmente comecei a leitura e ela fluiu. Narrado em primeira pessoa por Jo (pelo menos na maior parte do tempo), logo temos acesso a sua vida, em uma linguagem simples porém muito envolvente. A princípio soa muito lento, ainda mais quando ela recebe o dinheiro e passa a ter medo e esconder aquilo por medo do que acontecerá a sua vida pacata.

Há muito o que se questionar tendo em vista a conduta da personagem com o prêmio. Afinal, quantos de nós não imaginamos o que faríamos com tanto dinheiro em mãos? Mas os medos são reais, assim como a vida pacata e tranquila de Jo nem sempre foi um mar de rosas, o barco pode virar a qualquer momento. Sobre isso não dá para dizer mais por causa dos spoilers, mas se tem algo do qual ela sempre teve consciência, mesmo antes dos milagrosos 18 milhões de euros terem caído em suas mãos, é de que o dinheiro não compra felicidade.

Voltando para a narrativa: ela é lenta, reflexiva e formada fundamentalmente por frases curtas, porém bem amarradas. Um dos melhores livros escritos em primeira pessoa que já vi. Já os personagens são palpáveis, críveis e as observações de Jo, embora seja uma mulher muito pacata (do tipo que muitos diriam, quase morta), são muito perspicazes e sinceras, mesmo que pouco a beneficiem. Os acontecimentos são muito bem amarrados, salvo uma única exceção, mas que pouco importa e nem vale o comentário, mesmo porque também seria spoiler.

Se você tem paciência e gosta de narrativas calmas, quase que tecidas à mão, com certeza vai gostar. Caso prefira algo não tão lento, recomendo cautela e uma classificação de três corujas:

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