Resenha: As Senhoritas de Amsterdã, de Martine Fokkens e Louise Fokkens

by - sábado, junho 13, 2015

Acho que já mencionei anteriormente que 2015 está sendo um ano repleto de desejos literários sendo realizados. Porém, não sei exatamente se isso significa uma coisa boa. É que muitos desses desejos acabaram demonstrando ser um belo desperdício, seja de tempo ou de dinheiro como é o caso do livro que resenho agora:



As Senhoritas de AmsterdãAutoras: Martine Fookens e Louise Fokkens.Editora: LP&M | 208 páginas.
As garotas da vitrine Martine e Louise Fokkens, gêmeas idênticas nascidas na Holanda durante a Segunda Guerra Mundial, tornaram-se, ao longo de mais de 50 anos como prostitutas na capital do país, verdadeiros ícones do De Wallen – o famoso bairro da Luz Vermelha de Amsterdã.Com roupas sempre combinando entre si (compram tudo duplo), passaram a ser conhecidas dos moradores e comerciantes das redondezas: Louise, impetuosa e extrovertida; Martine, calma e tranquila; ambas têm filhos, além de serem avós e até bisavós.Prostituíram-se (Louise primeiro) por volta dos 20 anos, quando já eram mães, incentivadas pelos maridos e pressionadas por necessidades financeiras. Aos poucos, livraram-se dos companheiros exploradores e dos cafetões e abriram seu próprio e pequeno bordel.

Foram décadas de trabalho, de esforço para criar os filhos, de camaradagem com a gente do bairro, de personagens e clientes inusitados, mas também de mudanças: Louise e Martine testemunharam a chegada de prostitutas do Leste Europeu, o recrudescimento da violência e do uso de drogas, a legalização da prostituição na Holanda e, mais recentemente, asconsequências das novas tecnologias, que criaram vários tipos de concorrência à boa e velha vitrine.As irmãs tornaram-se mundialmente conhecidas já com mais de 70 anos: ao serem procuradas por uma equipe que pesquisava sobre o célebre bairro, acabaram se tornando as personagens principais do documentário Meet the Fokkens (2011), dirigido por Gabrielle Provaas e Rob Schröder.

Este livro, publicado no mesmo ano, alterna relatos curtos de ambas, sobre o passado e o presente, sobre suas vidas pessoais e sobre os clientes e outras pessoas que conheceram nesses anos todos, e amplia a percepção desse mundo tão peculiar e pitoresco da prostituição tal como a vivenciaram. O trunfo de As senhoritas de Amsterdã está em sua franqueza singela:sem exageros, dramas ou glamorização, o que vemos são vidas de gente como a gente – tudo regado a curiosidades interessantes e muito, mas muito humor.

Eu quis muito ler esse livro, assim como minha mãe. Eu o desejei assim que soube de sua publicação e aguardei por muito tempo a oportunidade de comprá-lo. Sim, eu me interesso por esse tipo de história e não tenho a menor vergonha em dizer isso. E assim que ele chegou, comecei a ler. O problema foi que eu me decepcionei muito com o que encontrei. Tanto que demorei quatro meses para terminá-lo.

Assim como está escrito nessa sinopse gigante e desnecessária disponibilizada no Skoob, o livro alterna relatos curtos de ambas as irmãs, falando em primeira pessoa sobre as pessoas que conheceram e conviveram em todos os seus anos de carreira na prostituição. Oferece algumas curiosidades, mas não é o prato-cheio que pensei que fosse. Algumas das histórias - para não dizer a maioria delas - são absolutamente desnecessárias e talvez estejam ali somente para colocar páginas a mais. E isso me fez perder o interesse durante muito tempo.

O resultado? Comecei a intercalar a leitura desse livro com outras obras, passando outras a frente sem o menor remorso e deixando "As Senhoritas de Amsterdã" na fila dos que pretendia ler em algum momento. A verdade é que eu deveria ter abandonado o livro, mas acabei decidindo que deveria prosseguir. Afinal é uma obra curta, coisa que eu normalmente poderia dar conta em um único dia, sem contar que tinha demorado muito tempo para conseguir comprar.

Ignore que o único dia acabou se transformando em quatro meses. O importante foi que eu cheguei lá e, por fim, me lamentei por ter perdido meu tempo. Não que eu tenha ficado menos interessada na história das irmãs, mas sinceramente esse livro sequer deveria ter sido escrito. É uma obra dispensável, e com certeza teria melhor proveito em um filme.

Uma coruja na classificação do blog, e creio que seja muito.

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2 comentários

  1. Ei tudo bem :) Eu li sua resenha sobre as Senhoritas de Amesterdã, pois estava bastante interessada em comprar esse livro, mas acabei meio que desistindo após ler sua resenha. Mas fiquei também por um lado bastante curiosa, o que você acha que falta nesses tipos de biografia, mais veracidade, mais história em primeiro plano? Eu amo esse tipo de leitura também mas quase não tenho com quem falar sobre pois quase não conheço alguém que assuma gostar, a maioria gosta mas meio que lê as escondidas. Vou ficar bastante feliz e agradecida se puder me responder O que você busca ao ler um livro desse O que você acha que falta para ser um livro bom e envolvente :) A minha maior decepção foi o livro da Andressa Urach que livrinho ruim, já tem 6 meses que comprei e não cheguei nem na metade desisti :/ Aguardo sua resposta um super beijo ;)

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    1. Oi Tutin, tudo bem? Então, meu problema com esse livro foi basicamente que as histórias não tinham segmento. Eram curtas e de pouco interesse. Eu esperava inicialmente que fosse algo contínuo, tal como uma biografia normal, mas eram relatos e histórias. De qualquer modo eu esperava ao menos relatos engraçados, mais interessantes, talvez com peso e força maior. Em um livro desses você espera algo pelo menos inusitado ou com força narrativa. Porém os relatos eram banais. Se são pequenos relatos, você espera algo mais, como é o caso dos livros da svetlana alexievich, que tem muita força nas palavras, cada página é tiro, porrada e bomba a cada frase.

      Quando leio um livro desse tipo - biografia / não ficção - eu espero uma boa história, o foco no inusitado. Um diferencial: esse é o que eu procuro geralmente, independente de ter uma continuidade ou menores relatos. Tudo bem que possa ser normal, mas acho que eu esperava histórias melhores. Foi quase como se contassem histórias de pescador sem muito interesse.

      Ah, eu queria ler o livro da Urach, mas já vi tanta resenha negativa que desisti na hora.

      Bjo!

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