Resenha: A Menina da Neve, de Eowyn Ivey

by - quarta-feira, dezembro 23, 2015

A Menina da Neve é um livro muito sensível. Não só no tema, como no modo como os personagens interagem entre si. Além disso, o livro se passa no Alasca, nos anos 20. Um território hostil, selvagem. Quem ia para lá era praticamente um pioneiro. A gente lê e pensa: foi real ou foi tudo um sonho coletivo?





Sinopse:
Alasca, 1920: Um lugar especialmente difícil para os recém-chegados Jack e Mabel. Sem filhos, eles estão se afastando um do outro cada vez mais ele, no duro trabalho da fazenda, ela, se perdendo na solidão e no desespero. Em um dos raros momentos juntos durante a primeira nevasca da temporada, eles fazem uma criança de neve. Na manhã seguinte, ela simplesmente desaparece.

Jack e Mabel avistam uma menina loira correndo por entre as árvores, mas a criança não é comum. Ela caça com uma raposa-vermelha ao lado e, de alguma forma, consegue sobreviver sozinha no rigoroso inverno do Alasca.


O livro

Depois de uma tragédia familiar, onde perderam seu bebê tão sonhado e tão amado, Mabel e Jack se mudam para as terras selvagens do Alasca. Queriam ficar longe de tudo, das cobranças familiares, dos dedos acusadores, de crianças correndo pela casa. Longe de qualquer coisa conhecida para começarem de novo. Mabel se sente culpada pela morte do bebê, está cada vez mais distante do marido e não podia mais suportar os mexericos da parentada que diziam que Jack devia se casar com outra, especulando qual seria o problema dela por não ter filhos.

Ela não se lembrava da última vez que ele tocara sua pele, e aquele pensamento doía como solidão em seu peito. Então ela viu alguns fios prateados em sua barba avermelhada. Quando eles apareceram? Ele também estava ficando grisalho? Os dois desaparecendo sem que nenhum notasse o outro.

O casal já não é mais jovem como antes. As rugas, as linhas de expressão, os cabelos brancos começam a surgir. Mabel sente que poderia desaparecer e ninguém notaria. Tanto que chega a patinar sobre o gelo que cobre o rio, querendo que eles se partisse para ela fosse com a água. Jack parece não perceber sua irritação, seus pesadelos. Apenas preocupa-se em preparar a terra para o plantio quando o inverno acabar, pensa em como alimentar a ele e à Mabel com nenhum dinheiro e sem mais nenhum crédito na vila.

Mabel mente para si mesma. Ela pensa que aquela é a vida que sempre quis. Jack mal consegue conviver com ela, por não concordar com o tipo de vida que levam. Mas ninguém faz nada para mudar a situação.

Uma noite, uma nevasca intensa faz com que Mabel e Jack comecem uma guerra de neve do lado de fora da cabana. Os dois rolam e brincam na neve fofa que cai e decidem fazer uma boneca. Molhados e com frio, eles começam a moldar o corpo da menininha. Com o sumo fresco de frutinhas, Mabel faz os lábios dela, enquanto Jack esculpe o rosto. Dentro da cabana, ela cata um par de luvas, um cachecol, os dois vermelhos e coloca na bonequinha de neve que toma forma.

Mas no dia seguinte, ao olhar pela janela, a bonequinha sumiu. E havia pegadas saindo do montinho de neve, rumo à floresta. O que aconteceu? O casal fica atônito, porque logo em seguida começam a ver uma menininha correndo pela floresta. Estranhas oferendas surgem na porta da cabana, como uma lebre morta.

Achei que tinha visto algo - disse Jack. - Mas eram apenas meus olhos cansados me enganando.

A menina começa a se aproximar cada vez mais. Ela parece selvagem, com galhos e folhas no cabelo embaraçado, mas parece se virar muito bem na floresta. Bem demais, melhor do que o casal, que sofre com as intempéries do Alasca. A vida dos dois muda drasticamente, pois agora ele pegam amor pela menina. Infelizmente, ninguém acredita em Mabel, como o casal vizinho que tanto os ajuda. E Jack não tem coragem de dizer que vê a menininha.


Avaliação


Título original: The Snow Child
Autora: Eowyn Ivey
Editoria: Novo Conceito
Páginas: 352

O livro é muito sensível, muito tocante na forma como trabalha solidão, casamento, relações humanas e o sobrenatural. Temos uma visão muito boa dos acontecimentos na vida e na mente dos personagens. É possível sentir muito bem toda a angústia, a tristeza, a raiva, a alegria. Existem momentos bem difíceis de ler, como a limpeza de carcaça de animais e cenas de caça, pois são passagens bem vívidas.

Não sei dizer o que pensar do final, pois tive a impressão que a autora quis que cada um pudesse pensar o que quisesse sobre a menininha, que se chama Faina. Ela era uma menina da floresta? Era um sonho? Uma fada da neve? Ela realmente existiu ou aquilo tudo foi um sonho? Chega um determinado momento que a origem da menina nem faz tanta importância, pois queremos saber se Mabel e Jack serão, finalmente felizes.

Fiquei digerindo a leitura por um tempo. Ainda não consegui chegar à uma conclusão sobre a menina. Talvez essa seja mesmo a intenção. Mas a vida das pessoas que orbitam Faina é tão interessante, que faz a gente ler o livro até o final. Quatro corujas.

Leia também:

1 comentários

  1. Desde que esse livro foi lançado que eu quero ler, resenha após resenha fiquei com mais e mais vontade. Já peguei ele via kobo, a facilidade dos e-book, e vai ser uma das minhas próximas leituras.

    ResponderExcluir

Não se acanhe e deixe seu comentário.
Mas não aceito comentários esdrúxulos, ofensivos, com erros, preconceituosos... Ahh, você me entendeu.