Resenha: A Livraria Mágica de Paris, de Nina George

by - sábado, dezembro 31, 2016

Sempre tive um certo interesses por livros sobre livros, e esse título especificamente estava bombando na minha lista de recomendações da Amazon e do Goodreads. Você resistiria a tantos sinais do destino? Eu não resisti, e assim "A Livraria Mágica" acabou na minha lista da Black Friday e, consequentemente, na minha estante.


Sinopse:
O livreiro parisiense Jean Perdu sabe exatamente que livro cada cliente deve ler para amenizar os sofrimentos da alma. Em seu barco-livraria, ele vende romances como se fossem remédios. Infelizmente, o único sofrimento que não consegue curar é o seu: a desilusão amorosa que o atormenta há 21 anos, desde que a bela Manon partiu enquanto ele dormia. Tudo o que ela deixou foi uma carta — que Perdu não teve coragem de ler. Até um determinado verão — o verão que muda tudo e que leva Monsieur Perdu a abandonar a casa na estreita rue Montagnard e a embarcar numa jornada que o levará ao coração da Provence e de volta ao mundo dos vivos. Sucesso de público e crítica, repleto de momentos deliciosos e salpicado com uma boa dose de aventura, A livraria mágica de Paris é uma carta de amor aos livros — perfeito para quem acredita no poder que as histórias têm de influenciar nossas vidas

O Livro

Narrado ora em 3º pessoa, ora na 1ª - através do diário de viagem de Manon - a escrita se dá de uma forma poética, focada em sensações e descrições e de desenvolvimento lento. Perdu, o protagonista vive preso em uma rotina que não exige muito esforço ou pensamento, focado sempre nos atos cotidianos e com poucas mudanças ou reflexões além daquelas exigidas por seu trabalho de farmacêutico literário. A indicação de livros como remédio faz com que ele se envolva nos problemas dos outros e dê conselhos aos demais, mas seus próprios problemas permanecem intocados. Seu barco-livraria e sua rotina representa segurança, uma bolha, mas nunca a possibilidade de um recomeço, uma vez que sua representação é de fuga, bem como sua rotina. Não pensar parece ser uma regra.

Esse limbo dura 21 anos, tempo no qual não lê a carta deixada por Manon ou sequer entra no quarto em que compartilhavam. As lembranças do abandono são tão frescas quanto no dia em que ela partiu e tudo que ele faz é remoê-las quando não consegue evitá-las. Não haveria nenhuma promessa de mudança até o dia em que uma nova vizinha chega ao prédio onde mora. Abandonada pelo marido, ela não dispõe de móveis ou objetos para casa e isso mobiliza a vizinhança para doação de itens. Ao disponibilizar um deles, Perdu se vê diante das lembranças que evitava e da tão temida carta, cuja leitura após tanto tempo o faz embarcar em seu barco-livraria em uma viagem de cura e descobertas. - pelo menos essa é a premissa.

É uma sinopse que chamaria minha atenção? Com certeza. Gosto desse tipo de coisa de 'abandono em prol da cura ou viagens de autodescoberta'. O livro cumpre o que promete? Bem, aí já é outro caso.

Avaliação:

Acho que não sei muito bem como descrever ou definir esse livro em poucas palavras. Não chega a ser uma decepção total, mas também está longe de ser uma alegria. Definitivamente não é algo que faça parte do meu top 20. Talvez a frase "a expectativa é a mãe das decepções" seja um bom indicativo da minha reação.

A respeito do livro posso dizer que demorei a terminar diante da minha frustração. Quase 20 dias entre o começo e o dia em que uma insônia me fez cumprir o desafio de fazer esse livro ser o último de 2016, mas bem que poderia ter se prolongado por mais tempo, talvez indefinidamente.

A história era muito parada, os personagens não tinham carisma e tudo que consegui durante muito tempo foi revirar os olhos diante de atos e palavras. Perdu me irritava profundamente, desde a incapacidade de lidar com sua perda até sua abordagem na barca-livraria. Os diários de Manon surgiam como se a autora escrevesse algo e quisesse encaixar em algum lugar, simples assim. Dava uma visão a respeito da personagem, mas poderia ser algo colocado de outra maneira, em outras ocasiões.

Certo, durante boa parte até a metade do livro tive vontade de jogá-lo pela janela, porém outros fatores além da "vontade-de-acabar-logo-com-isso" me fizeram continuar: a escrita era convidativa embora se esforçasse muito para ser bela e passar emoção, as referências literárias espalhadas aqui e ali pareciam interessantes, e alguns punhados de frases e parágrafos inspiradores para uma coisa ou outra nem que seja admiração e análise posterior. Itens que por fim garantiram um bom número de post its colados nas páginas, de modo que não posso exatamente reclamar do livro como sendo um desperdício do meu tempo.

A obra cumpre o que promete? Não, ao menos não no meu caso. Foi muito luto, muita enrolação para pouca livraria, pouca literatura e um cadinho só de mágica. Apesar disso não posso negar que encontrei outras coisas belíssimas, deixando minha opinião a respeito dele um pouco mais equilibrada.

Digamos que o livro poderia ter sido mais, muito mais. Infelizmente, ficou no meio do caminho. Três corujinhas tá de bom tamanho.

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3 comentários

  1. Uma capa tão bonita, um conteúdo tão fraco... Que pena!

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  2. Li a Livraria Mágica de Paris com a mesma expectativa que você. É, oh, decepção. Esperava um livro sobre livros, mas foi um remédio amargo, difícil de engolir, que o farmacêutico Pardu me botou goela abaixo.
    Gostei muito de sua resenha. Vou procurar segui-la.

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    1. Sabe qual foi o pior? Eu estou interessada no outro livro dela, "O Maravilhoso Bistrô Francês". Tô chocada comigo mesma.

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