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A Garota da Biblioteca

Bom, pessoal. Não sei se vocês sabem mas sou colaboradora do Cabine Literária, e uma das iniciativas atuais do site é justamente a criação de podcasts.

O primeiro Literacast foi gravado e já está no ar: tem como tema "Vlogueiros e blogueiros lançando livros" e contou com a participação da equipe do Cabine: Gabriel Utiyama (editor), Danilo Leonardi (editor-chefe), Augusto Assis (autor e redator) e Guilherme Cepeda (editor e criador do blog Burn Book).

Confira!
  
Colocando minhas leituras em dia, após a absorvente leitura de "A Invenção das Asas", senti a necessidade de arejar a mente para poder "sair do clima" do livro e poder me envolver com outro. Nestas circunstâncias normalmente prefiro ler uma biografia ou um chick-lit, mas por alguma coisa que não sei explicar, acabei resolvendo pegar "A lista dos meus desejos".

Talvez por ser um livro curto, ou por tê-lo folheado antes e achar a narrativa algo que valesse a pena. Não sei bem qual o motivo até agora, mas é dele que vou falar hoje:


A Lista dos Meus Desejos 
Autor:Editora
: Alfaguara Brasil - 152 páginas.
Até que ponto o dinheiro traz felicidade? Essa é a questão central de A lista dos meus desejos, o fenômeno de crítica e público que ultrapassou a marca de 400 mil exemplares vendidos na França e será levado às telas em 2013. Jocelyne Guerbette é uma mulher de meia-idade que sempre teve uma vida modesta e pacata. Mora há décadas numa pequena cidade francesa com o marido, tem um armarinho e escreve um blog sobre costura que, sem suspeitar, é cada dia mais lido. Jo tem duas amigas inseparáveis — as gêmeas Danièle e Françoise, donas de um salão de beleza — que sempre apostam na loteria e sonham com o que fariam se ficassem milionárias. Um dia, pressionada pelas irmãs, Jo decide comprar um bilhete. E ganha, sozinha, 18 milhões de euros. É o início de uma reviravolta em sua vida. Por um lado, tudo em que ela sempre acreditou começa a desmoronar diante de seus olhos.

Por outro, poderá descobrir a felicidade onde nunca havia esperado. A lista dos meus desejos é um livro sobre a felicidade, e um conto de fadas moderno sobre a redenção nos momentos mais difíceis. Sem saber como lidar com a quantia de dinheiro exorbitante, Jo decide não contar ao marido sobre a fortuna recebida. Ela teme pelo pior: tanto dinheiro recebido de uma só vez possa trazer mais tristeza que felicidade. E, de fato, aos poucos a vida da personagem passará por mudanças irreversíveis, trazendo perigos nunca antes previstos. Numa trama pontuada pelo amor e pela imprevisibilidade do destino, Grégoire Delacourt desenvolve uma história sobre as prioridades do desejo.

Bem, como mencionei logo acima, não sei bem porque escolhi ler esse livro, mas há coisas que não tem grandes explicações. Simplesmente comecei a leitura e ela fluiu. Narrado em primeira pessoa por Jo (pelo menos na maior parte do tempo), logo temos acesso a sua vida, em uma linguagem simples porém muito envolvente. A princípio soa muito lento, ainda mais quando ela recebe o dinheiro e passa a ter medo e esconder aquilo por medo do que acontecerá a sua vida pacata.

Há muito o que se questionar tendo em vista a conduta da personagem com o prêmio. Afinal, quantos de nós não imaginamos o que faríamos com tanto dinheiro em mãos? Mas os medos são reais, assim como a vida pacata e tranquila de Jo nem sempre foi um mar de rosas, o barco pode virar a qualquer momento. Sobre isso não dá para dizer mais por causa dos spoilers, mas se tem algo do qual ela sempre teve consciência, mesmo antes dos milagrosos 18 milhões de euros terem caído em suas mãos, é de que o dinheiro não compra felicidade.

Voltando para a narrativa: ela é lenta, reflexiva e formada fundamentalmente por frases curtas, porém bem amarradas. Um dos melhores livros escritos em primeira pessoa que já vi. Já os personagens são palpáveis, críveis e as observações de Jo, embora seja uma mulher muito pacata (do tipo que muitos diriam, quase morta), são muito perspicazes e sinceras, mesmo que pouco a beneficiem. Os acontecimentos são muito bem amarrados, salvo uma única exceção, mas que pouco importa e nem vale o comentário, mesmo porque também seria spoiler.

Se você tem paciência e gosta de narrativas calmas, quase que tecidas à mão, com certeza vai gostar. Caso prefira algo não tão lento, recomendo cautela e uma classificação de três corujas:

Quando a Amazon faz promoções de ebooks, normalmente a ideia da falência mensal me parece bastante tentadora. Foi deste modo que "A invenção das Asas" chegou ao meu Kindle: com um precinho camarada de R$ 9,90. E dentre todos os livros que já tive a chance de comprar em uma promoção, devo dizer que esse realmente tinha tudo para despertar o meu interesse e valer a pena:


A Invenção das Asas
Autora: Sue Monk Kidd
Editora: Paralela - 328 páginas
Em sua terceira obra, Sue Monk Kidd, cujo primeiro livro ficou por mais de cem semanas na lista de mais vendidos do New York Times, conta a história de duas mulheres do século XIX que enfrentam preconceitos da sociedade em busca da liberdade. Sue Monk Kidd apresenta uma obra-prima de esperança, ousadia e busca pela liberdade. Inspirado pela figura histórica de Sarah Grimke, o romance começa no 11º aniversário da menina, quando é presenteada com uma escrava: Hetty “Encrenca” Grimke, que tem apenas dez anos. Acompanhamos a jornada das duas ao longo dos 35 anos seguintes. Ambas desejam uma vida própria e juntas questionam as regras da sociedade em que vivem.

Não é de hoje que tenho interesse na luta feminista. Embora não seja versada no assunto, tento ler o que posso na medida do possível e fico feliz quando posso encontrar personagens fortes, ainda mais se algum deles for real. É o caso de Sarah e Angelina Grimké, que foram notáveis na luta pela causa da abolição e do feminismo em uma época absolutamente hostil para esse tipo de ativismo. No caso de "A Invenção das Asas", estamos falando de uma história grandemente romanceada embora baseada em personagens reais e me agradou poder conhecer esses nomes tão fortes, porém dos quais provavelmente só tomaria conhecimento bem mais tarde.

Angelina e Sarah Grimké

A obra é narrada em primeira pessoa e dividida em capítulos onde os acontecimentos são narradas hora por Sarah e hora por Encrenca. Cada uma localizada em dois extremos da vida naquela época e aprisionada por algo: por seu gênero ou pela cor de sua pele.

Foi bastante fácil para mim sentir empatia pelas personagens, ainda mais quando algumas delas são reais - ainda que romanceados. Senti empatia por Sarah, a respeito do que ela queria mas não conseguia por ser mulher, e de Encrenca, por sua ânsia de liberdade e que lhe era tirada de todas as maneiras possíveis, na sua luta para manter uma mente para o seu senhor e outra para si mesma. Ambas - Sarah e Hetty - eram presas por grilhões, porém estes sendo feitos de matérias muito diferentes, como demonstra um dos trechos, nesse caso descrito por Encrenca:

"Ela estava presa como eu, mas presa por sua mente, pela mente das pessoas em volta dela, não por lei. Na Igreja Anglicana, Sr. Versey dizia: 'Cuidado, você pode ser escravizado duas vezes, uma vez pelo corpo e uma vez pela mente'. Tentei dizer isso a ela. Falei: 'Meu corpo pode ser escravo, mas não minha mente. Pra você é o contrário'. "

Mas não há grilhões que não possam ser rompidos. De uma maneira ou de outra, as correntes sempre se arrebentam, especialmente se a pessoa persiste na luta. Isso não chega a ser um spoiler, pois se não fosse uma luta contra a maré, nem haveria livro nem história a ser contada.

Claro que há pontos negativos: por vezes me entediei com algumas passagens que me soaram lentas e coisas que não consegui visualizar ou entender muito bem do que se tratava. Esse foi o caso da descrição de algumas das colchas de Charlotte, mãe de nossa amada Hetty "Encrenca", e também das doutrinas e características dos quakers, que constituem parte vital na história das irmãs (sobre isso aliás deveria haver algo mais nos apêndices).

Em função disso o livro pode parecer muito lento para alguns, mas no meu caso digo que essas partes não representava para mim uma grande coisa: eu tinha interesses bem maiores para me fixar no que havia de tedioso e me agarrei  ao que vi de positivo. E valeu a pena. Até o momento "A invenção das Asas" foi um dos melhores investimentos que fiz e em breve tentarei comprar o livro físico para fazer trocentas marginálias e marcações com post-its. #amo .

Enfim: devo dizer que o livro está acima das expectativas, mas creio que ela seja mais adequado a quem se identifica mais com o tema ou com as causas centrais. Como sempre tive muita empatia com isso, valeu a pena do início ao fim. ;-)

Quatro corujas e saudades de Hetty.

Quem acompanha esse espaço já deve ter percebido que estou bastante ligada na série "Os Bridgertons", escrita por Julia Quinn. São romances de época que acompanham os relacionamentos dos irmãos da família Bridgertons (oito ao todo), com uma pitada de graça e algum erotismo - incrivelmente leve tendo em vista o que anda fazendo sucesso no momento. O livro mais recente dessa série no Brasil é "Um Perfeito Cavalheiro", terceiro volume da coleção, e que nada mais é que uma releitura de Cinderella. Confira:


Um Perfeito Cavalheiro
Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro - 304 páginas.
Sophie sempre quis ir a um evento da sociedade londrina. Mas esse é um sonho impossível. Apesar de ser filha de um conde, é fruto de uma relação ilegítima e foi relegada ao papel de criada pela madrasta assim que o pai morreu. Uma noite, ela consegue entrar às escondidas no baile de máscaras de Lady Bridgerton. Lá, conhce o charmoso Benedict, filho da anfitriã, e se sente parte da realeza. No mesmo instante, uma faísca se acende entre eles. Infelizmente, o encantamento tem hora para acabar. À meia-noite, Sophie tem que sair correndo da festa e não revela sua identidade a Benedict. No dia seguinte, enquanto ele procura sua dama misteriosa por toda a cidade, Sophie é expulsa de casa pela madrasta e precisa deixar Londres. O destino faz com que os dois só se reencontrem três anos depois, Benedict a salva das garras de um bêbado violento, mas, para decepção de Sophie, não a reconhece nos trajes de criada. No entanto, logo se apaixona por ela de novo.

Como é inaceitável que um homem de sua posição se case com uma serviçal, ele lhe propõe que seja sua amante, o que para Sophie é inconcebível. Agora os dois precisarão lutar contra o que sentem um pelo outro ou reconsiderar as próprias crenças para terem a chance de viver um amor de conto de fadas. Nesta deliciosa releitura de Cinderela, Julia Quinn comprova mais uma vez seu talento como escritora romântica.

Gostei tanto dos dois livros anteriores que me esforcei para conseguir o livro o mais rápido possível. Queria mais da sensação leve que tive ao lê-los. Quando o li me deparei com uma obra interessante, mas não superior às duas primeiras. Aliás, eu diria que, se fosse fazer um ranking deles até o momento, colocaria "O Visconde que me amava" em primeiro e "O Duque e Eu" em segundo.

Isso não quer dizer que o livro seja ruim, mas apenas que ele não me despertou da mesma forma. Ele tinha mais toques de drama, e a parte que normalmente seria engraçada estava mais voltada para uma ironia mais fina, mais agressiva e não tão pastelão quanto nos livros anteriores, afinal uma releitura de Cinderela meio pastelão realmente não ficaria muito bom.

De qualquer maneira, vale a leitura. O que falta em comédia, sobra em romance e sentimento. E três corujas na classificação, porque em comparação aos outros, a estrela desse realmente não é lá essas coisas.

E eis que finalmente li um livro que paquerei, cobicei e enrolei por muito tempo! Estou falando de "Vida de escritor", de Gay Talese, que está nos meus planos e metas de leitura desde 2010. E embora estivesse nos planos há muito tempo, só consegui comprá-lo no ano passado: desde então ele passou muito tempo na minha estante, exposto à poeira... até fevereiro de 2014.

Yes, eu li. E agora estou aqui para dizer se a espera valeu a pena.


Vida de escritor
Autor: Gay Talese
Editora: Companhia das Letras - 509 páginas
Vida de escritor não é uma autobiografia convencional. É um livro sobre o ofício da escrita, e os reveses que acometem aos que por ele se aventuram. Entre as agruras para encontrar uma boa história é que Talese nos deixa divisar sua vida e, especialmente, sua carreira.

Vida de escritor começa e termina com uma história de derrota ainda mais doída. Talese passou anos viajando ao redor do mundo atrás de Liu Ying, uma atacante da seleção chinesa de futebol. Na final da copa do mundo de 1999, disputada entre os Estados Unidos e a China, ela perdeu o pênalti decisivo, que daria a vitória a seu país. O drama da jovem espelha a frustração de Talese, que não consegue fazer nem sequer uma reportagem sobre Liu Ying.

Septuagenário, Gay Talese poderia ter feito um livro de memórias complacente. É sem qualquer condescendência consigo mesmo - mas também sem se comprazer no sofrimento -, no entanto, que ele demonstra como o fracasso é inerente à profissão. Ao construir Vida de escritor em torno de personagens anônimos ou menores, o autor na prática se solidariza com eles. E dá uma lição que só a experiência e a sabedoria propiciam: mesmo na autobiografia de um jornalista, o que importa são os outros.

(Acho que vale dizer que dei uma cortada na sinopse, porque caso contrário ela seria mais longa do que pretendo ser com essa resenha.)

Bom, a primeira pergunta: valeu a pena ter paquerado tanto esse livro? Minha resposta é "não".

Decepcionante? Com certeza. O livro tem várias considerações a respeito do trabalho de um jornalista, alguns dilemas referentes à ética no que se refere à privacidade, algumas coisas interessantes sobre o processo de escrita e desenvolvimento de matérias. Mas na maior parte do tempo é simplesmente um livro maçante e que exige muita paciência para ser lido. Foi preciso muito esforço para terminar, e isso porque fui muito insistente. Não quis abandonar um livro do qual já tinha passado da metade, nem que do qual já tinha cobiçado tanto.

Gay Talese é um nome importantíssimo do jornalismo e eu queria muito saber o que ele tinha a dizer. Do seu livro, colhi alguns bons trechos, boas frases e assuntos interessantes, porém passei mais tempo me lamentando quando ele focava em um assunto tedioso, como sua fixação geral por restaurantes, embora sua intenção fosse boa.

É um livro que recomendo para quem tem intenções com relação à comunicação, especialmente para quem deseja ser jornalista ou tem interesse no assunto. Sua área de interesse é bem específica, não diria que serve para quem deseja ser escritor. No mais, para quem tem interesse em jornalismo, provavelmente será útil.

Classificação de uma corujinha (e devo dizer que tá ótimo).

Bom, como praticamente todo livro que eu leio, esse tem uma história pessoal de insistência. Antes do seu auge em 2013, quando surgiu o filme e também cinco editoras lançando a obra praticamente ao mesmo tempo, eu nunca havia escutado a seu respeito, pelo menos não de uma forma isolada: apenas quando li "Lendo Lolita em Teerã" (Azar Nafisi) tive o conhecimento dessa obra, pois ela já fora usada por sua autora como grande parte da argumentação pertinente ao próprio livro.

Mas quando tantas atenções surgiram sobre o mesmo livro e ao mesmo tempo, eu resolvi embarcar. Comprei o ebook na versão da Companhia das Letras/Penguin e comecei. Mas foi uma jornada demorada. Não raras vezes eu cheguei no máximo até a página 20 antes de escolher embarcar em alguma outra história e sem contar que a introdução colocada pela Penguin é um horror de enorme e completamente desnecessária.

Por fim, após muito tempo de resistência, e após ver um case para e-reader LINDO de "O Grande Gatsby" do KleverCase, (eu nunca compraria um case desses sem jamais ter lido o livro citado) acabei me entregando. E claro, queimando os neurônios para conseguir escrever uma resenha.

Senhoras e senhores, vamos então ao clássico de F. Scott Fitzgerald:



O Grande Gasby
Autor: F. Scott Fitzgerald
Editora: Penguin / Companhia das Letras - 204 páginas.
Obra-prima de Scott Fitzgerald, O Grande Gatsby é o romance americano definitivo sobre os anos prósperos e loucos que sucederam a Primeira Guerra Mundial. O texto de Fitzgerald é original e grandioso ao narrar a história de amor de Jay Gatsby e Daisy. Ela, uma bela jovem de Lousville e ele, um oficial da marinha no início de carreira. Apesar da grande paixão, Daisy se casa com o insensível, mas extremamente rico, Tom Buchanan. Com o fim da guerra, Gatsby se dedica cegamente a enriquecer para reconquistar Daisy. Já milionário, ele compra uma mansão vizinha à de sua amada em Long Island, promove grandes festas e aguarda, certo de que ela vai aparecer. A história é contada por um espectador que não participa propriamente do que acontece - Nick Carraway. Nick aluga uma casinha modesta ao lado da mansão do Gatsby, observa e expõe os fatos sem compreender bem aquele mundo de extravagância, riqueza e tragédia iminente.

O livro é sobre, fundamentalmente, pessoas ricas e o que o dinheiro pode fazer por elas e, acima de tudo, com elas. Se olhando imediatamente, parece certo discordar a respeito da máxima "dinheiro não traz felicidade", "O Grande Gatsby" simplesmente está aí para convencer o leitor a mudar de ideia.

A história é narrada por Nick Carraway, que é vizinho de Gatsby. Acostumado a ouvir sem julgar, o leitor toma conhecimento dos acontecimentos sob a sua visão, que é praticamente imparcial no que diz respeito a conduta dos personagens portanto ele consegue fornecer um cenário bastante amplo a despeito de muito ainda ser desconhecido para narrador e leitor, como por exemplo a origem da riqueza de Gatsby.

Na prática, temos uma história sobre o tão famoso "sonho americano". Temos também sobre como o dinheiro molda a todos, seja em sua falta ou o seu excesso e independente de seu caráter. Gatsby, de nascimento modesto, foi praticamente moldado por ambos os extremos de acordo com suas necessidades, mas o que ele mais queria independia do tamanho de sua recém-conquistada riqueza. O que faltava para ser feliz independia de seu conquistado poder. A ele, que pensava no dinheiro sendo tudo o necessário para conquistar o amor de Daisy, pode ser que "sua bala na agulha" não lhe dê tudo o que mais sonha.

Gatsby foi interpretado por Leonardo DiCarprio em adaptação mais recente da obra.

Com exceção do narrador, era o personagem com maior fibra ou caráter do livro. A despeito do não conhecimento de como ele conseguiu sua riqueza e de seus negócios aparentemente escusos ou de ele ser o que chamamos de "charlatão". Gatsby é um personagem criado por ele na busca por sua própria reinvenção, mas autêntico na fidelidade ao seu novo "eu" e aos sonhos que acalenta com sofreguidão.

Do outro lado, temos personagens bem nascidos, com acesso a tudo que a riqueza pode proporcionar e também com o comportamento diretamente moldado por tal disponibilidade. Esses personagens apresentam personalidades indiferentes, acostumados a quebrar, manipular e deixar a bagunça para que outros limpem.

Confesso que o livro foi algo difícil de ser assimilado por mim. Não se trata de uma história de amor, mas sim de costumes, comportamento. O retrato de uma época célebre, mas não de forma pura. O retrato do "sonho americano" que é comum a todos, independente do local. É um livro denso apesar de ser narrado em uma linguagem incrivelmente fluida e não consegui digerí-lo da forma como pensei que deveria, mas as coisas se assentaram quando lembrei de um livro anterior.


Explicando melhor a respeito do que disse há alguns parágrafos acima, uma obra anterior "Lendo Lolita em Teerã" contém uma excelente análise sobre "O Grande Gatsby", que teve direito a pelo menos um capítulo inteiro em uma situação bem diversa: uma professora de literatura dando aulas em Teerã usando o livro de Fitzgerald para uma análise, e como a obra despertou a polêmica entre os alunos muçulmanos (alguns deles extremistas), o livro foi colocado em julgamento, com direito a juiz, advogado de defesa e promotor. É nesse cenário que se dá a análise:

Vamos lá em busca do meu livro todo surrado e cheio de post-its e marginálias e buscar as palavras de Azar Nafisi sobre nossa obra do dia:

O romance é sobre relações vívidas e concretas, sobre o amor de um homem por uma mulher e sobre a traição desse amor por essa mulher. Mas é também sobre a riqueza, sobre seu grande poder de atração e destruição, sobre a indiferença que vem com essa riqueza. O romance discute também o sonho americano, o sonho de poder e de riqueza; fala sobre a perda e deterioração dos sonhos tão logo sejam transformados em realidade.

Isso disse tudo que os leitores precisam saber.

Para quem pretende ler "O Grande Gatsby", recomendadíssimo! E quatro corujas de classificação.

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