Resenha: A Peculiar Tristeza Guardada Num Bolo de Limão, de Aimee Bender

by - segunda-feira, maio 13, 2013

E lá vamos nós falar de livro! E eis que dessa vez trago algo que tem mais a ver com a ordem cronológica das minhas leituras.  Embora eu já esteja lendo outro livro a esta altura, hoje é a vez de falar do último desafio: A Peculiar Tristeza Guardada Num Bolo de Limão


A Peculiar Tristeza Guardada Num Bolo de Limão

Aimee Bender – 304 páginas.
Editora Leya
O que você faria se pudesse sentir o gosto das emoções? Rose Edelstein é uma menina que descobriu ter um talento incomum: ela sente o sabor das emoções das pessoas que preparam aquilo que come. E tudo começou semanas antes de seu aniversário quando, depois de uma briga com seu pai, sua mãe resolveu fazer um delicioso bolo de limão. Imagine o que você faria se seu paladar pudesse decifrar o gosto das emoções? É com isso que Rose tem de conviver daqui para frente. Com apenas nove anos, a curiosa menina sabe o que cada um sente secretamente e percebe que nunca mais comerá seus pratos preferidos do mesmo jeito. E o que ela pode fazer para lidar com isso?


Esse livro não chegou a mim com alguma história em particular. Apenas navegando pelo site da Kobo, me interessei pela sinopse, peguei a amostra de um dos capítulos, me pareceu interessante e resolvi comprar. Simples assim. Fui atraída inicialmente pela narrativa, e se depender deste aspecto digo que foi uma leitura que valeu a pena.

O livro, narrado em 1º pessoa pela protagonista traz consigo imagens muito delicadas a respeito dos atos que se desenrolam nas tramas. Seja uma simples cena na qual haja uma combinação de temperos na cozinha, ou uma descrição banal, a impressão que se tem é tudo milimetricamente planejado. É uma narrativa gostosa e confortável e que permanece dessa forma ao acompanhar a vida de Rose, desde a descoberta de seu dom – aos nove anos ao comer um pedaço de bolo de limão – até a vida adulta e não traz peso nenhum ao leitor no desenrolar de seus dramas causado por sua habilidade incomum. As coisas fluem de forma invejável, com um ritmo sereno e interessante.

Embora a narrativa seja gostosa é preciso prestar atenção em outros personagens, que à menor distração ou pular de páginas pode trazer alguma informação importante. Embora as tramas relacionadas a sua mãe aconteçam de forma explícita e bastante compreensível ao leitor desde o primeiro olhar (quem não repararia já que foi com a comida da mãe que Rose teve sua primeira vivência de seu dom?), o mesmo não acontece quando se trata de de seu irmão mais velho, um garoto prodígio com sérias dificuldades de socialização, ou da postura de seu pai frente à família, que diversas vezes soa displicente.

No decorrer das páginas, Rose cresce e amadurece altamente condicionada por seu dom e pela vivência dos acontecimentos de sua família, com uma aura conformada, até infeliz, como para quem cada dia é um fardo, e de certa forma é, embora ela se acostume. Mas tudo isso acontece em etapas que, embora por vezes se arrastem até  infinito nas divagações de Rose,  merecem ser lidas embora por fim as coisas soem… abruptas demais. Talvez pelo local do ponto final, pelas divagações que isso envolve.

Minha avaliação dele no Skobb se deram justamente pela narrativa gostosa, em contraponto com a história que por vezes soa arrastada. De qualquer modo, vale a pena ler.

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