Resenha: Trilogia Divergente - Divergente, Insurgente e Convergente

by - terça-feira, março 04, 2014

E lá vamos nós para mais um post econômico! O que é bom, pois significa que tenho topado com mais frequência em trilogias e sagas que me fazem ter vontade de emendar a leitura. Sem contar que neste caso significa que eu emendei duas trilogias distintas sem qualquer intervalo.

Bom, Divergente (-ente, -ente-, -ente) está na boca dos leitores como a distopia Y.A da vez. Por si só os livros não me despertaram interesse. Só senti vontade de ler quando assisti o trailer da adaptação cinematográfica. E a leitura fluiu a ponto de ler a trilogia em quatro dias (o que não é nada absurdo porque o livro não é difícil de ler.)

Parando de enrolação:

Trilogia Divergente: Divergente, Insurgente, Convergente
Autor(a): Veronica Roth
Editora: Rocco
Páginas: Divergente (502 p.), Insurgente (512 p.), Convergente (526 p.)
"Numa Chicago futurista, a sociedade se divide em cinco facções – Abnegação, Amizade, Audácia, Franqueza e Erudição – e não pertencer a nenhuma facção é como ser invisível. Beatrice cresceu na Abnegação, mas o teste de aptidão por que passam todos os jovens aos 16 anos, numa grande cerimônia de iniciação que determina a que grupo querem se unir para passar o resto de suas vidas, revela que ela é, na verdade, uma divergente, não respondendo às simulações conforme o previsto. A jovem deve então decidir entre ficar com sua família ou ser quem ela realmente é. E acaba fazendo uma escolha que surpreende a todos, inclusive a ela mesma, e que terá desdobramentos sobre sua vida, seu coração e até mesmo sobre a sociedade supostamente ideal em que vive."

Bom, ambos os livros tem narrativa em 1ª pessoa e essa narração é predominantemente da Beatrice, já que no terceiro volume temos também a narrativa de Quatro. Ou seja: estamos falando em mais de 500 páginas só de lenga-lenga da cabeça da protagonista.

De qualquer modo, quando li a trilogia tive a impressão de que estava lendo uma boa história, porém contada de maneira errada. Creio que as coisas poderiam ser melhores caso escrita na 3ª pessoa, mas tudo bem. É apenas uma opinião pessoal. Apenas não acho que cenas de ação tenham boa descrição quando narradas em primeira pessoa.

"Divergente" tem uma narrativa fácil de acompanhar, portanto é algo que você pode muito bem deixar fluir para ver o que acontece. Em alguns momentos se mostra bem parado, como é o caso de grande parte de "Insurgente" e "Convergente", mas os bons momentos superam os momentos de tédio.

Imagem do filme só para o post não ficar tão cansativo.
Algo que não posso deixar de comentar sobre o terceiro livro é a incrível capacidade mental de Quatro, que me fez pensar na saudosa novela "Amor à Vida" e no diálogo trivial estabelecido por Márcia (Elizabeth Savalla) e Valdirene (Tatá Verneck):

Tris para Quatro: "Quatro, você é burro?"
Quatro para Tris: "Não, não, Tris. Sou inteligência pura!"  
Tris: *double facepalm*

Eu sei que deveria ter mais empatia, pelo personagem por tudo que ele passou (e que não posso dizer porque vocês são muito frescos com spoiler) mas... não. Não tenho. É justamente por isso que prefiro histórias escritas em 3ª pessoa. Minha capacidade de empatia é bem maior. Para mim, ler histórias em primeira pessoa é como conversar com alguém que só sabe falar de si mesmo e de suas próprias ladainhas. Pode ser a melhor opção para algumas histórias, mas certamente não é o caso da trilogia do -ente -ente -ente.

Algo interessante que escutei a respeito dos livros foi que a autora não sabia desenvolver bem uma personalidade masculina. Bom... se estamos falando do Quatro, o saldo não é muito bom. Não porque ela não saiba desenvolver um personagem homem-cabra-macho, mas porque ele é chato mesmo. E também é uma prova de como narrativas em 1ª pessoa nem sempre são as melhores para o desenvolvimento de uma história.

Outro ponto que eu não consegui entender muito foi a razão para Divergente ser uma distopia, ou a grandeza do pretexto de tudo aquilo ter acontecido. Quer dizer, é uma mistura de "Jogos Vorazes" com "1984" e talvez uma pitada de leve de "Admirável Mundo Novo" (viagem total nesse momento, acho que embarquei em um dos soros das facções), tem implicações e pensamentos interessantes a respeito da vida, genética, algo sobre racismo, memória e lealdade, mas não consegui encontrar algo lá como sendo de impacto o bastante para justificar o impacto dos acontecimentos, tudo o que se seguiu e, acima de tudo, justificar uma trilogia. Talvez o fato de já ter lido distopias com problemas maiores, quem sabe?

Ok, talvez seja uma distopia intermediária antes que um leitor possa sair do âmbito Y.A para uma distopia clássica. Nesse ponto, acho que vale.

E o final... ah, o final... finalmente um pouco de ousadia nessa bagaça. Sinceramente: pelo decorrer da história, era o mais crível, especialmente pelo que autora fez, em transformar uma protagonista tão interessante em... em... xá pra lá, em breve você entenderá o que quero dizer. Com certeza não é o preferido do público, mas foi bem interessante para mim.

E o veredito é... saldo positivo. Tem seus problemas, mas vale a leitura caso você consiga relevar as muitas, imensas, incontáveis decepções que encontrará pelo caminho.

Não sei o que pensar sobre a classificação desses livros, mesmo que o saldo seja positivo. Nesse caso serão duas corujas mesmo e olhe lá:



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3 comentários

  1. Eu comecei a ler Divergente, mas parei por achar bem chatinha. Optei por ler outras coisas e não voltei. Mesmo depois de ver o trailer, ainda não me animou. rs

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  2. Acabo de terminar o primeiro livro, e concordo com você. Acho que ele seria melhor aproveitado se fosse em 3° pessoa.
    Achei a Tris chatinha na maior parte do tempo, e acho o relacionamento dele ok, nada mais; nada que realmente me faça importar com os dois.
    Acho que o trunfo do livro sao os personagens secundários; e achei a morte de um deles desnecessária.
    Contudo, achei um bom livro.

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  3. Já eu, que nāo sou chegada em trilogias, me apaixonei pelo livro... o panorama de critica social que faz a gente pensar em quem somos, com relação as facçōes é bem interessante, simples e direto.
    Achei uma ótima pedida em descanso aos mil livros de processo civil que tenho lido pra oab! Quero muito ler os outros dois "entes" e ver a continuação disso.

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