Resenha: Para Sir Phillip, Com Amor, de Julia Quinn

by - sábado, julho 11, 2015

Os romances de época, especialmente aqueles com um leve toque de comédia e também de erotismo, são livros que tem feito bastante sucesso nas prateleiras. Alguns dos mais requisitados são os da autora Julia Quinn, com sua coleção “Os Bridgertons” que conta a trajetória amorosa dos oito irmãos que compõem a prole. Uma série ambiciosa já que não faltam irmãos para explorar.

Para Sir Phillip, Com Amor” é o quinto livro da série e dá a vez para Eloise, bem conhecida de todos os leitores das edições anteriores com seu senso de humor mordaz e jeito travesso. Provavelmente também é um dos livros mais aguardados já que a personagem gerava bastante expectativa. O problema é que “quanto mais alto se sonha, mais alto também é a queda.”

Se você não sabe da premissa do livro, dá uma olhada aqui pra economizar tempo:


“Para Sir Phillip, Com Amor”Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro | 288 páginas
Eloise Bridgerton é uma jovem simpática e extrovertida, cuja forma preferida de comunicação sempre foram as cartas, nas quais sua personalidade se torna ainda mais cativante. Quando uma prima distante morre, ela decide escrever para o viúvo e oferecer as condolências. Ao ser surpreendido por um gesto tão amável vindo de uma desconhecida, Sir Phillip resolve retribuir a atenção e responder. Assim, os dois começam uma instigante troca de correspondências. Ele logo descobre que Eloise, além de uma solteirona que nunca encontrou o par perfeito, é uma confidente de rara inteligência. E ela fica sabendo que Sir Phillip é um cavalheiro honrado que quer encontrar uma esposa para ajudá-lo na criação de seus dois filhos órfãos. Após alguns meses, uma das cartas traz uma proposta peculiar: o que Eloise acharia de passar uma temporada com Sir Phillip para os dois se conhecerem melhor e, caso se deem bem, pensarem em se casar? Ela aceita o convite, mas em pouco tempo eles se dão conta de que, ao vivo, não são bem como imaginaram. Ela é voluntariosa e não para de falar, e ele é temperamental e rude, com um comportamento bem diferente dos homens da alta sociedade londrina. Apesar disso, nos raros momentos em que Eloise fecha a boca, Phillip só pensa em beijá-la. E cada vez que ele sorri, o resto do mundo desaparece e ela só quer se jogar em seus braços.
Agora os dois precisam descobrir se, mesmo com todas as suas imperfeições, foram feitos um para o outro.

Pois bem: gosto muito da série e amo os dois primeiros livros (sim, minha gente: eu gosto de romance. Problem?). O problema é quanto mais longa a série, maior o risco da leitura se transformar em algo tedioso e cansativo. No caso de "Os Bridgertons" isso vem acontecendo desde o terceiro livro: a qualidade foi decrescendo e o resultado desse livro mais recente não foi nada animador para o meu coraçãozinho de fã.

Eloise não é mais aquela garota travessa que conhecemos nas primeiras obras. Agora ela já é uma mulher e vista como alguém que provavelmente ficará solteira, o que naquela época não era um destino desejado mesmo fosse por pura e simples opção. Se antes estar sozinha era de fato uma opção, Eloise fica tentada a querer algo mais, e claro, como estamos falando de algo escrito por Julia Quinn, precisamos de um tipo difícil de homem como algo mais. E sim, esse é dos difíceis mesmo. E na hora de montar o quebra-cabeças, as peças se juntaram, mas sabe quando o conjunto não parece funcionar?

É, pelo menos no meu caso, esse livro não funcionou. E isso aconteceu mesmo com a trama seguindo todas as formulas normais do método Quinn de contar histórias: o elemento traumatizado, o elemento extrovertido, (ou ainda o elemento extrovertido e também traumatizado), o envolvimento rápido e que culmina no casamento, uma - ou várias - cenas de sexo como lua de mel, um período básico de calmaria, um conflito bem razoavelzinho para expor o tal trauma de uma das partes a ser resolvido lá pelo final e, por fim, o 'felizes para sempre'. Spoiler? Não, esse é o normal e isso está até mesmo implícito na sinopse.

Ou seja: o quebra-cabeças tem sua fórmula básica de resolução, uma série de clichês que funciona bem na maior parte do tempo, mas que não me desceu lá muito bem nesse livro. As peças se encaixaram, mas na base do fórceps. E olha que nem estou falando de verossimilhança pois não dá para cobrar isso, com uma sinopse dessas. Uma sinopse pode não fazer sentido, mas pode ser resolvido em uma narrativa planejada. O problema é que o humor e a leveza que tanto caracterizam a escrita da autora não fluíram, e fez com que as arestas de cada elemento atrapalhassem a montagem daquilo que ela pretendia contar.

No fim, isso foi o bastante para que eu perdesse as esperanças a respeito dos próximos livros. Então... duas corujas de avaliação e uma forte recomendação de que evitem o "Para Sir Phillip, Com Amor" enquanto os demais livros não saírem.

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2 comentários

  1. Eu tenho opiniões parecidas com a sua em relação a romance de época, dou uma de doida com os anacronismo (que em outros tempo feriam meus olhos, ouvidos, coração e ruins de historiadora) e me entrego ao prazer da leitura, mas a Julia Quinn tem me frustrado, até o vol. 2 eu curtir a bagunça, a partir do 3 fui ficando triste... tristinha... resultado: "Sir Phillips" espera por mim há milênios no Kobo.

    No entanto, não me desapeguei do gênero, a Lisa Kleypas é minha atual queridinha. Amo como ela brinca com o passado, mostrando que conhece o século XIX e o reconstrói brincando com a liberdade que esse gênero oferece... Para uma boa autora o romance de época é um estilo de fantasia, cada autora pode criar o passado do jeito que lhe for mais conveniente deixando a verossimilhança para historiadores e historiadoras.

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    1. Opa! Sempre vejo propaganda de livros da Lisa Kleypas, mas nunca levei fé. Mas se você diz que é bom, vou tentar. Assim eu me desapego um pouco da desesperança causada pela Julia Quinn e esses últimos livros. :-)

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