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A Garota da Biblioteca

Após tantas leituras sérias e um breve início de ressaca literária pós-"A Morte de Ivan Ilitch", senti a necessidade de ler algo para relaxar. Em períodos assim gosto de procurar romances leves ou chick-lits, e uma vez que o livro da Susan Mallery estava por perto, me pareceu uma boa ideia arriscar. E assim começa a história do meu primeiro arrependimento literário de 2016.


Sinopse:Há dez anos, Maya Farlow partiu o coração do sensual Del Mitchell. Superindependente, ela não soube lidar com esta paixão avassaladora e decidiu fugir. Agora, Maya precisa trabalhar ao lado de Del para promover a cidade de Fool's Gold. Por mais que este charmoso bad boy esteja decidido a não se envolver com Maya novamente, ele é viciado em adrenalina. E nenhuma das suas aventuras radicais foi tão emocionante quanto entregar seu coração para Maya.

O livro:

Criada por uma mãe omissa e sempre mudando de lugar, Maya não teve muita opção além de desenvolver sua independência desde cedo. Por isso, não é difícil entender quando ela se assusta ao ser pedida em casamento pelo namorado enquanto ainda eram adolescentes. Assustada com a perspectiva de se entregar, criar raízes, e temendo que o relacionamento não dure, ela termina o relacionamento com Del. O problema é que, ao invés de ser sincera, ela termina o namoro de uma forma brusca, o que torna as coisas aparentemente sem volta.

Dez anos depois, ela resolve dar uma virada em sua carreira profissional e volta à cidade, onde vai trabalhar em uma campanha para promoção turística do local. Lá, descobre que terá de trabalhar com Del, que - atualmente famoso - será o garoto-propaganda dos comerciais veiculados. Trabalhando juntos Maya e Del terão que lidar com o que houve e com a possibilidade de algo mais acontecer. E uma vez que estamos falando de um romance, o "algo mais" definitivamente acontece.

Avaliação

Bom, Susan Mallery é uma autora que conheço razoavelmente graças a trilogia das irmãs Keyes - cuja leitura só consegui terminar porque a Amazon fez promoção dos ebooks já que as edições físicas nunca tiveram um preço lá muito bom. - e também aos Harlequins da vida. Já tinha mais ou menos uma ideia do que esperar e não li com muitas expectativas que estivessem além de um pouco de leveza. O problema é que não foi lá essas coisas.

Um dos problemas de um livro Harlequin normal é a falta de profundidade. Nesse caso o problema pode ser explicado pelo tamanho, afinal as histórias não tem muitas páginas. É pra ser rápido e simples. "Roube meu Coração" conta com mais páginas, mas me pareceu tão raso quanto e isso foi frustrante. A presença dos clichês também foi, embora normalmente isso não me incomode (eu leio Harlequin, então porque me incomodaria com um clichê ou outro?), mas até pra isso é preciso um pouco de inspiração.

Não é exatamente um livro ruim. Provavelmente - mesmo não querendo - acabei esperando demais. No fim a leitura acabou passando batida em vários momentos. Não me fixei em nenhum personagem, não me interessei por ninguém, nem tive curiosidade por nada. Acho que isso justifica a posição de primeiro arrependimento literário de 2016.

Há algum tempo vejo esse livro sempre com boa avaliação tanto em blogs quanto canais literários, mas sabe quando você não dá muita atenção e procura outras coisas para ler? Pois é, esse foi o meu caso e por isso demorei tanto a finalmente embarcar. Desencantei quando resolvi que um dos meus objetivos para 2016 seria justamente ler mais clássicos, e TCHARAN! Aqui estou eu agora.



Sinopse;
Muitos críticos consideram a "A Morte de Ivan Ilitch" como a novela mais perfeita da literatura mundial; a agonia de um burocrata insignificante serve de pretexto ao autor para nos contar uma história que diz respeito ao destino de cada um de nós e que é impossível ler sem um frêmito de angústia e de purificação.

O livro:


Ivan Ilitch é um magistrado que se julga um homem de qualidades. Sua vida, gestos e atos são todos pautados por equilíbrio, retidão e respeitabilidade, visando crescimento e satisfação através da construção de sua imagem perante a sociedade. Ele está no auge de sua carreira ao receber uma ótima oferta de emprego e começa a se preparar: compra um apartamento para sua família e resolve cuidar da decoração pessoalmente antes que os seus cheguem e se estabeleçam no novo lar. Durante esses ajustes, Ivan leva um tombo do qual aparentemente não teve maiores consequências, mas que se torna o estopim de uma longa doença da qual nenhum médico sabe o que se trata ou se pode ser curada. Por fim essa agonia o colocará diante da reflexão de seus atos no decorrer da vida.

Avaliação:


"A Morte de Ivan Ilitch" é uma novela com nenos de 100 páginas, mas devo dizer que, apesar do seu tamanho, ele não deixa nada a dever a respeito do que temos como uma boa história. Seu texto é marcado por reflexões sobre mortalidade e também sobre aquilo que faz o ato de viver valer a pena, bem como os gestos e valores dignos de lembrança.

Ivan, até o dia em que sua doença deixou bem clara que lhe traria o destino derradeiro, foi obrigado a examinar sua vida e consciência. Antes reclamando a estima e a preocupação daqueles que estavam a sua volta, passou a ser obrigado a refletir duramente sobre si mesmo quando aparentava não restar nada além da dor. Foi obrigado a descobrir que pouco valeu os esforços de aparência e respeitabilidade, que isso não o colocava acima dos outros e que sua reputação não o colocava um patamar acima a de qualquer outro ser humano. Que ele ainda seria frágil e teria o mesmo fim de qualquer modo. Seu alívio veio somente mediante a aceitação de que talvez sua existência não fosse algo digno de nota, mas que ainda poderia fazer algo certo. O certo era sua dívida para com os vivos e que, no fim das contas estava além de qualquer convenção social ao qual já se submetera. No fim, era justamente o que lhe prendia.

Imagino a repercussão que essa história causou na época de sua publicação. E definitivamente entendi porque tanta gente aprecia e indica a leitura.


Não é de hoje que os livros a respeito do Oriente Médio me atraem a atenção. Desde que me entendo por leitora sempre tive vários deles em minhas estantes e também em listas de leitura, em especial as biografias. Porém, passei um bom tempo longe desses livros, visto que volta e meia passo por uma overdose de temáticas e apenas eventualmente me arrisco em romper esse tipo jejum literário. Esse foi o caso de "Dias de Mel" e que teve um saldo positivo.

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Sinopse:
Em 2003, Annia Ciezadlo resolve passar a lua de mel em Bagdá. O destino nada óbvio para uma norte-americana se justifica pela decisão de seu marido Mohamad, que era jornalista nos Estados Unidos, de cobrir a invasão do Iraque e voltar ao Líbano, sua terra natal. Neste livro, a autora fala sobre os anos na Bagdá ocupada pelas forças de Coalizão e na Beirute marcada pelas divisões sectárias. Fala também sobre o dia a dia das pessoas, sua relação com a família de Mohamad, as diferenças culturais entre Oriente e Ocidente e sobre a possibilidade de resolver os conflitos com uma mesa cuidadosamente preparada

Bem, acho que diante da sinopse nem preciso entrar muito em detalhes. Ela já diz tudo o que é preciso dizer, em especial a imensa variedade de assuntos que ela tenta abarcar em um único livro. E note que logo no início do texto eu mencionei que o 'saldo foi positivo', um claro indicativo de que existem alguns problemas ali e acolá e devo dizer que foi justamente por querer abordar mais do que poderia: muitos temas em um mesmo livro.

Basicamente ocorre que o tema predominante é comida. Até a primeira metade do livro os outros temas coexistem, mas de uma maneira confortável, sem que soe cansativo. Depois disso ela suspende o tema em prol dos diversos conflitos ocorridos em Beirute. Passa muito tempo batendo na mesma tecla e esquece abruptamente do tema principal para voltar a abordá-lo somente mais tarde, e ainda assim de forma superficial. Isso fez com que eu me sentisse um orientador de monografia gritando pro aluno focar no tema, enquanto este simplesmente ignorava porque baixou a inspiração. E claro, quando baixa a inspiração você precisa dar corda e trabalhar na ideia, seja como for e do jeito que der.

Esse foi o ponto frustrante da minha leitura. Não sei dizer se é algo que poderia ser resolvido após uma primeira revisão, se havia uma outra forma possível de compor o mosaico que ela se propôs a construir, mas essa falta de direção me chamou a atenção. Mas devo explicar também a razão que me fez considerar o saldo positivo: embora a autora tenha se perdido em vários momentos, as suas propostas foram fascinantes e me fez encontrar muitos pontos interessantes.

Um dos pontos que gostei foi ter mais detalhes sobre o Iraque. A maior parte dos livros disponíveis no mercado literário abordam o Irã, Afeganistão, Paquistão e Árabia Saudita. Volta e meia também é possível encontrar Líbano e Líbia (em menor escala) como pontos de temática, mas não o Iraque, e isso foi enriquecedor. Preencheu uma boa lacuna da minha curiosidade O cotidiano no país antes, durante e após Saddam Hussein relatado para a autora através dos amigos que ela fez durante sua estadia, e também seu plano de descobrir a culinária local, mesmo que muitos insistissem que essa culinária simplesmente não existia. E sim, ela conseguiu.

Além disso, o grande acerto do livro foi investir na ideia de que, mesmo entre tantos problemas, guerras e conflitos as pessoas tentam manter uma espécie de normalidade e ter uma continuação de suas rotinas mesmo isso significando o apego aos pequenos rituais e gestos do dia-a-dia, mesmo quando as coisas parecem desmoronar ao seu redor e tudo é tão frágil. Claro, é o que sabemos que acontece, mas a ênfase nos relatos que ganham a mídia dificilmente cobre esse ponto. A ficção muitas vezes mostra esse tipo de força, mas muitas vezes ela perde sua essência devido a exigências de mercado. Não é o caso de "Dias de Mel" e isso me agradou muito.

Saldo positivo? Claro que sim. Positivo a ponto da minha avaliação ter quatro corujinhas:

Denso, envolvente e complicado: eis que o primeiro livro lido de 2016 já chegou arrebentando tudo. Seria esse um bom sinal?


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Sinopse
Passado ao longo de 28 dias numa pequena cidade litorânea, o romance conta a história de Magnólia, uma enóloga tão temperamental como enigmática, que visita o irmão e os sobrinhos após ter estado três anos distante. Voltar àquela casa de frente para o mar parece ser uma série de novos testes em sua vida: confrontar o passado, aceitar a nova situação do irmão viúvo, viver uma nova e arriscada paixão e ser a guardadora de um segredo que pode abalar toda a sua família. "O Frágil Toque dos Mutilados" é um drama familiar sobre o reencontro de pessoas que tentam se explicar, se ajustar e se compreender através de seus sonhos e conflitos.


O livro

O livro - dividido em três partes - se passa ao longo de 28 dias de férias, sendo que cada dia representa um capítulo. O ponto de vista predominante é de Magnólia, embora ocasionalmente o leitor possa ter vislumbre da consciência de outros personagens. Ela convive com o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline, e é através do seu fluxo de consciência, seu temperamento inconstante e sua acidez contumaz que os demais personagens se revelam e a história se coloca em movimento, com cada um deles revelando o que os torna frágeis ou mutilados. 

Cada gesto e cada palavra de Magnólia é capaz de atingir em cheio aqueles que estão ao seu redor, tornando impossível a preservação da falsa paz, das máscaras e do silêncio cheio de culpas que todos se esforçam para manter. Não existe quem seja poupado de suas explosões de ódio incontido ou de seu estoque inesgotável de verdades desconfortáveis: seu marido Herbert de temperamento manso e acomodado; seu irmão Orlando de luto constante e luta contra alcoolismo e a irmã Elisa - com sua distância e irritante espiritualidade são os principais alvos. Diante deles, é fácil notar como não existe máscara forte o bastante para resistir a tudo. 

Avaliação


Logo de cara posso dizer que a narrativa me conquistou, assim como a construção do fluxo de consciência da protagonista, cheia de nuances, acidez e explosões. É fácil se sentir na pele dela, o que deve chegar a ser exaustivo para o leitor. Eu segui na leitura me sentindo como se pisasse em ovos assim como os demais personagens se comportaram frente a ela, tentando evitar a próxima explosão, a próxima torrente de verdades. Também me senti cansada, por acompanhar o funcionamento da mente de Magnólia, pois tudo é sempre muito intenso. Não existe suavidade ou delicadeza para a personagem: é tudo fogo e caos. Apesar disso, a narrativa é de uma delicadeza ímpar.

Porém, apesar de ter gostado, também devo dizer que demorei a me acostumar com duas coisas: o apuro na descrição da paisagem com o uso de cores - o que me fez pular várias frases - e com o uso excessivo de palavras incomuns na narrativa, algo que me deixou desconfortável durante a primeira metade do livro. Não que o vocabulário mais denso seja algo negativo - pelo contrário -  mas por ser jornalista e ter passado quatro anos ouvindo professores pedindo para simplificar, a minha vontade era dizer exatamente o mesmo ao autor. De qualquer modo, é uma sensação que não dura muito afinal logo o leitor acaba sendo tragado para a tempestade.

Outro ponto é que fiquei um pouco frustrada pela forma como a trama chegou ao fim. Não estou falando do epílogo (lindíssimo, aliás), mas pelo fio condutor, a revelação do mistério e seu breve desenrolar. Mas ao mesmo tempo não acho que a trama poderia ter se resolvido de outra maneira. Pareceu o fim possível, mas não o fim merecido. Armadilhas da ficção.

No fim, tudo que posso dizer é que gostei muito do livro e da escrita de Alex Sens e mal posso esperar para conferir outros trabalhos.

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