Este livro foi bem difícil de ler. Tinha assistido ao filme primeiro, chorado horrores e fiquei com bastante medo de pegar o livro. Duas pessoas muito queridas morreram em decorrência do Alzheimer e uma delas teve o mesmo problema de Alice, o Alzheimer de instalação precoce. Ler o livro foi bem diferente de ver o filme, pois aqui nós temos a narração de Alice, estamos em sua cabeça, acompanhando sua vida e convivência com a doença.
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Sinopse:
Alice (no filme, interpretada por Julianne Moore) sempre foi uma mulher de certezas. Professora e pesquisadora bem-sucedida, não havia referência bibliográfica que não guardasse de cor. Alice sempre acreditou que poderia estar no controle, mas nada é para sempre. Perto dos cinqüenta anos, Alice Howland começa a esquecer. No início, coisas sem importância, até que ela se perde na volta para casa. Estresse, provavelmente, talvez a menopausa; nada que um médico não dê jeito. Mas não é o que acontece. Ironicamente, a professora com a memória mais afiada de Harvard é diagnosticada com um caso precoce de mal de Alzheimer, uma doença degenerativa incurável.
Poucas certezas aguardam Alice. Ela terá que se reinventar a cada dia, abrir mão do controle, aprender a se deixar cuidar e conviver com uma única certeza: a de que não será mais a mesma. Enquanto tenta aprender a lidar com as dificuldades, Alice começa a enxergar a si própria, o marido (Alec Baldwin), os filhos (Kate Botsworth, Hunter Parrish e a queridinha de Hollywood, Kirsten Stewart) e o mundo de forma diferente. Um sorriso, a voz, o toque, a calma que a presença de alguém transmite podem devolver uma lembrança – mesmo que por instantes, e ainda que não saiba quem é.
O livro
Alice é uma bem sucedida professora de Harvard. Casada com um também professor, três filhos, sendo que a mais nova é tida como rebelde apenas porque não quer frequentar a faculdade. É uma mulher independente, pesquisadora, que apesar dos percalços da vida, está sempre trabalhando, viajando para encontrar a filha, sendo o suporte para a carreira do marido. Eles moram numa casa muito boa, perto do campus, a vida parece seguir muito bem.Alice começa a ter esquecimentos estranhos. As palavras fogem. Mas a preocupação realmente a aflige quando sai um dia para correr e se perde. Ela sabia que estava num lugar que conhecia, mas que simplesmente lhe escapava. Alice não conseguia achar o caminho para sair da praça e voltar para casa.
Preocupada, ela procura sua médica usual. Ao procurar na internet por seus sintomas, ela julgou que pudesse ser menopausa. Depois procura um neurologista, que pede todos os exames possíveis. E ele lhe dá um diagnóstico aterrador: ela tem Alzheimer de instalação precoce. O Alzheimer é considerado precoce quando é diagnosticado antes do 65 anos e neste caso ele é sempre hereditário. O médico lhe passa uma série de papéis e regras e faz testes de memória, mas Alice sente como se não conseguisse acreditar que tem Alzheimer.
Ela pensa na filha mais velha, Anna, que está tentando ter filhos e como a doença é hereditária, ela pode acabar não só desenvolvendo, como também passando para as crianças. E agora? Como contar para a família? Sua filha mais nova, a rebelde, já tinha percebido que algo estava errado, mas o marido e os outros filhos, que a viam o tempo todo não.
Acompanhamos a rotina de Alice, as tentativas de dar aulas, que vão piorando cada vez mais. Seus alunos começam a perceber algo errado, especialmente num dia em que ela entra, senta-se, esperando um professor - que era ela mesma! - se levanta e sai. Ela esquece de pegar um voo, vive grudada no celular para não esquecer da vida e enfrenta as dificuldades do marido em aceitar sua doença.
Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então, para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente. Num amanhã próximo. Esquecerei que estive aqui diante de vocês e que fiz este discurso. Mas o simples fato de eu vir a esquecê-lo num amanhã qualquer não significa que hoje eu não tenha vivido cada segundo dele. Esquecerei o hoje. Mas isso não significa que o hoje não tem importância.
Avaliação
De todos os personagens do livro, o que mais me incomodou foi o marido, pois esta é uma reação que acredito que seja geral para muitos sujeitos que sempre tiveram o apoio da família e da esposa para subir na carreira, enquanto ela ficava em casa, de licença, cuidando dos filhos e tendo que parar seus estudos, experimentos e carreira. O marido de Alice trabalha com genética e quer colocá-la em todos os estudos e testes possíveis, como se ela estivesse com um defeito e não com uma doença.Alice perde as coisas e depois desmonta a casa inteira atrás delas. O marido chega um dia e encontra toda a louça para fora dos armários. Ela procura algo maniacamente e não acha. Na verdade ela estava atrás do celular, que enfiou no freezer. Outro dia, ela entra na casa errada e a vizinha a encontra.
Mas mesmo com todas as provações, Alice consegue criar um grupo de ajuda para pacientes com a mesma doença e estágios iniciais de demência. É muito bonito vê-la tirar forças e ensinamentos sobre a doença para passar para os outros. Mas ao mesmo tempo é triste vê-la tentar se lembrar do nome dos filhos, ou de onde guardou o celular.
Quando eu era criança, uma vizinha cuidava de mim antes de eu ir pra escola, já que minha mãe saía cedo para trabalhar e eu estudava à tarde. Depois que nos mudamos, acabamos perdendo contato, mas um dia minha mãe encontrou o marido dela na rua. E ele disse que ela estava com Alzheimer. Quando a visitamos, pareceu que ela teve um lampejo de consciência ao ver minha mãe, mas já estava na cama, sem conseguir falar, andar, nem comer sozinha.
Ela morreu poucas semanas depois. O marido contou que percebeu algo estranho em um dia em que estava no trabalho e ligaram perguntando por ela. Não sabiam onde ela estava e não tinha chegado ao trabalho, uma escola municipal. Ela se perdeu no caminho para a escola. Não conseguia pegar o ônibus e foi uma vizinha que a viu andando na rodovia.
Foi por isso que esse livro me tocou tão fundo. Cerca de 35,6 milhões de pessoas ao redor do mundo que sofrem da doença de Alzheimer. Mas eu pensei nela, imediatamente. Na senhora cheia de energia que cuidava de mim, na comida saborosa que fazia e nas tardes jogando Atari com o filho dela. Vê-la da forma como vi foi muito difícil.
Título original: Still Alice
Ano: 2009
Páginas: 284
Editora: Nova Fronteira
Recomendo a leitura fortemente para todo mundo. Doença de Alzheimer não acomete somente os idosos, pessoas com cinquenta anos também podem apresentar os sintomas e desenvolvê-la muito cedo. É também uma leitura muito leve apesar do tema. Alice consegue rir da própria situação em vários momentos. Um tema sensível, um livro bem escrito, por isso, cinco corujas.
1 comentários
Foi um livro ótimo e difícil de ler, mesmo. Ainda mais quando essa doença acomete um parente muito próximo. No meu caso, minha mãe. Estou aprendendo a lidar com isso ainda. Não é fácil. Você tem que dedicar boa parte de seu dia a ela. Só estou tentando arranjar emprego de meio período agora e tendo que contar com a ajuda de meus irmãos.
ResponderExcluirNão se acanhe e deixe seu comentário.
Mas não aceito comentários esdrúxulos, ofensivos, com erros, preconceituosos... Ahh, você me entendeu.