Resenha: Os Príncipes da Irlanda, de Edward Rutherfurd

by - sábado, junho 11, 2016

Eu sou uma grande fã de romances históricos. Geralmente eu falo só de ficção científica, né? Mas romances históricos me cativam e Os Príncipes da Irlanda é um daqueles épicos romances, que atravessa gerações. O mais legal do livro é que a personagem principal é a cidade de Dublin.

Os Príncipes da Irlanda




Sinopse:
O autor examina o conturbado passado da Irlanda, desde os primórdios de sua fundação, passando pela invasão viking, até a Reforma. Rutherfurd cobre os 11 séculos iniciais do país, com personagens fictícios que, perfeitamente ajustados aos relatos reais estudados em profusão pelo autor, trazem ao leitor brasileiro o universo histórico daquelas terras tão enigmáticas. A obra compõe o primeiro volume da saga Dublin e tem como ponto de vista as pessoas daquela cidade.

O livro

A saga de Dublin começa antes da chegada de São Patrício, que catequizou a Irlanda, antes da chegada das tribos celtas. A região onde hoje fica Dublin era um delta lamacento que desaguava no mar da Irlanda. A região era conhecida com Dubh Linn. Temos um casal, o príncipe Conall e a camponesa Deirdre, que viviam na época dos reis de Tara e que, provavelmente, deram origem à lenda celta do deus Cuchulainn.

O autor coloca personagens fictícios em situações que aconteceram ou que podem ter acontecido. Através dos olhos de diversos personagens, interligados em uma delicada genealogia, vemos as mudanças acontecendo no delta de Dubh Linn. O começo pode ser bastante violento, pois as tribos praticavam sacrifícios humanos nos festivais pagãos; em seguida tem a invasão viking, que inaugurou um novo período na região de Dubh Linn, antes da chegada de São Patrício.

História e mitologia estão intrinsecamente ligados às trajetórias de sete famílias, ao longo de vários séculos, os Ui Fergusa e O’Byrne; os Smith; os MacGowan; os Harold; os Doyle; os Walsh e os Tidy. Cada novo capítulo histórico da Irlanda inaugura também um narrativa de cada família. O autor foi especialmente detalhista no capítulo sobre Brian Boru, o Grande Rei de Toda a Irlanda (Árd Righ Gaidel Éirinn), sendo que após sua morte em uma batalha contra os Vikings, a ilha nunca mais esteve sob o domínio de um único monarca. Aliás, toda a parte sobre a invasão viking mostra a tensão de viver sob o julgo de estrangeiros, os movimentos de resistência e os oportunistas, que conseguiram lucrar com a situação.

O livro chega até o século XVI da história irlandesa, com Silken Thomas, importante figura histórica que fez o rei inglês prestar mais atenção às questões irlandesas, que acabou levando à criação do Reino da Irlanda, em 1542.

Avaliação

Esta não é só uma obra de romance histórico. É uma aula de história em si, pois a invasão viking, a chegada de São Patrício, a unificação da Irlanda por Brian Boru, os conflitos com os ingleses, todos os fatos históricos realmente aconteceram. Nós os vemos através de personagens fictícios, mas os eventos são reais, e as consequências do capítulo anterior conduzem ao capítulo seguinte. Transformar a Irlanda e, em especial, a cidade de Dublin em uma personagem, foi uma ideia genial.

O livro também tem mapas, que mostram a ilha em si, o assentamento original de Dubh Linn e a Dublin medieval. Eu como boa geógrafa que sou, apoio mapas em livros e este, que tem a cidade como protagonista, não podia deixar de ter. A narrativa perde um pouco de ritmo do meio para o final, em algumas páginas ele se arrasta mesmo, mas vale à pena continuar.

Título original: Dublin Foundation
Coleção: A Saga de Dublin Livro I
Editora: Record
Páginas: 700
Ano de lançamento: 1ª edição 2006

Este é o primeiro livro da saga; o próximo é O Despertar da Irlanda, que continua a saga a partir do século XVI. Se você é fã de romances históricos como eu, vai curtir muito este livro. Quatro corujas para Dubh Linn e sua conturbada história e uma recomendação para você ler também.


Até mais!

Leia também:

0 comentários

Não se acanhe e deixe seu comentário.
Mas não aceito comentários esdrúxulos, ofensivos, com erros, preconceituosos... Ahh, você me entendeu.