twitter facebook instagram
Tecnologia do Blogger.
  • Home
  • Índice

A Garota da Biblioteca

Sou muito fã da trilogia Millenium e lamentei muito a morte de Stieg Larsson porque isso também significava o fim da revista Millenium e de Lisbeth Salander. Mas aí eis que surge a novidade: um novo volume estava chegando pela mão de outro autor. David Lagercrantz foi escolhido pelo pai e pelo irmão de Stieg Larsson, herdeiros do escritor. Mas ouso dizer que foi uma péssima escolha.


Siga a @Sybylla_

Sinopse:
Uma muralha virtual impenetrável: é assim que se pode definir a rede da NSA, a temida agência de segurança americana. Quando a mensagem “Você foi invadido” piscou na tela de Ed Needham, responsável pelos computadores que guardam alguns dos maiores segredos do mundo, ele custou a acreditar. A tentativa de localizar o criminoso também não trazia frutos, as pistas não levavam a lugar nenhum, cada indício terminava num beco sem saída. Que hacker seria capaz de algo assim?


O livro

Mikael Blomkvist está irritado com a situação financeira da revista Millenium. A revista corre um risco de mudar de estilo, pode mandar gente embora e um invejoso da fama de Mikael está no comando da mudança. Ele não quer isso. Mas surge uma oportunidade de um furo, algo a respeito de um cientista brilhante da Suécia que vive isolado e enclausurado, com medo de alguma coisa.

Este mesmo cientista da área da computação, Frans Balder, bate à porta da casa da ex-esposa e leva consigo o filho autista, um savant, considerado um distúrbio psíquico com o qual a pessoa possui uma grande habilidade intelectual aliada a um déficit de inteligência. O menino tem uma habilidade ímpar para o desenho e para a matemática avançada, o que surpreende o pai. O garoto terá pela frente um desafio imenso, inclusive trabalhando junto de Lisbeth.

Enquanto isso, um hacker consegue invadir a famosa NSA, Agência de Segurança Nacional, dos Estados Unidos, algo que julgavam ser impossível. As repercussões da invasão chegam até a Säpo, o serviço de segurança nacional da Suécia que, entre outras coisas, está preocupado com a segurança do professor Balder, que parece não dar muita importância ao aviso de que sua vida corre risco.

Lisbeth, enquanto isso, está sumida. Mas Mikael, ao conversar com uma fonte, que lhe conta a respeito do professor Balder e do que aconteceu a ele, percebe que ela pode estar envolvida no caso. A descrição bate com a figura de Lisbeth, de quem Mikael não tem notícias há um bom tempo. Teria ela sido tão imprudente a ponto de invadir a NSA e de lá baixar um arquivo? Ela teria condições de fazer isso, um feito que tantos julgam impossível?

Mesmo assim, Mikael estava ligado a Lisbeth, e, acima de tudo, não havia como escapar da preocupação que tinha com ela. O ex-tutor de Lisbeth, Holger Palmgren, costumava dizer que ela sabia cuidar de si mesma. Apesar da infância terrível que tivera, ou talvez justamente por causa de tudo que havia lhe acontecido, Lisbeth tinha se transformado em uma sobrevivente. Impossível negar o quanto de verdade havia nisso. Praticamente não existiam garantias para uma garota com um passado como o dela e com uma habilidade ímpar de fazer inimigos.


Avaliação

Antes de tudo devo dizer que admiro a tentativa de David Lagercrantz em dar continuidade à obra de Larsson. Não é uma tarefa simples, nem fácil. Stieg Larsson morreu deu m infarto fulminante antes de ver o sucesso de sua obra, que vendeu mais de 80 milhões de exemplares. Os personagens são cativantes, o enredo é intrincado, surpreendente, tudo nas obras de Larsson é absolutamente fascinante. Assim, qualquer pessoa que se dispusesse a escrever uma continuação teria uma tarefa árdua pela frente.


A ideia geral do enredo é muito boa e digna de um Stieg Larsson. No entanto, é palpável a diferença entre um e outro. Lagercrantz não tem o mesmo domínio do enredo, tampouco dos diálogos - um dos grandes problemas do livro - que se tornam absolutamente cansativos ao longo das 488 páginas. É uma construção tão simplória de diálogos entre os personagens que dá um ar de completo amadorismo da parte do autor em escrever um romance deste porte.

Isso vai enchendo o saco conforme a gente avança na leitura. O enredo é complicado inicialmente, com nomes demais, muitas características psicológicas inúteis de personagens sem importância e o pior de tudo: uma Lisbeth Salander que, apesar de se aproximar da Lisbeth das obras de Larsson, está longe daquela Lisbeth que conhecemos. Assim como Jogos Vorazes se tornou tudo o que a trilogia critica, Lisbeth virou também um produto capitalista, tudo o que Lisbeth nunca quis.

Isso destruiu a tentativa e qualquer boa intenção da parte da família Larsson. Era melhor ter deixado tudo como estava. E o final ainda deixa óbvio que terá uma continuação, pois nem tudo foi resolvido. Sério, parem.

Duas corujas. E só.

Título original: The Girl in the Spider's Web
Ano: 2015
Páginas: 488
Editora: Companhia das Letras

Este não é um livro fácil de ler. Ruth Ozeki nos leva ao limite das sensações ao irmos e voltarmos no tempo, vendo diversos personagens pelos olhos das protagonistas. Mulheres fortes, com dificuldades na vida, mudanças intensas e cultura japonesa que não tolera fraquezas. O livro de Ozeki é intenso, melhor palavra para descrevê-lo.


Siga a @Sybylla_


Sinopse:
O que acontece quando um diário perdida encontra o leitor certo? Numa remota ilha do Canadá, a escritora Ruth cata mariscos com o marido na praia quando se depara com um saco plástico coberto de cracas que envolve uma lancheira da Hello Kitty. Dentro, encontra um livro de Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido, e se surpreende ao descobrir que o miolo, na verdade, é o diário de uma menina japonesa, Nao. A sacola misteriosa, segundo os rumores dos habitantes, é mais um dos destroços do último tsunami que devastou o Japão e foi levado pelas correntezas até a ilha.

Desde então, Ruth é tragada pela história do diário de Nao, uma menina que, para escapar de uma realidade de sofrimento – de bullying dos colegas e de um pai desempregado e suicida –, resolve passar seus últimos dias lendo as cartas do bisavô, um falecido piloto camicase da Segunda Guerra Mundial, e contando sobre a vida da avó, uma monja budista de 104 anos.


O livro


Uma escritora que mora em uma ilha isolada e hostil no Canadá, com o marido encontra uma lancheira de Hello Kitty na praia. Embrulhado em vários sacos plásticos, ela encontra um relógio muito antigo, algumas cartas e um diário. Será que a lancheira navegou por correntes marítimas depois do tsunami e foi parar do outro lado do Pacífico?

Ao mesmo tempo conhecemos a dona do diário, Naoko Yusutani, nossa segunda narradora. E Nao logo explica: ela quer morrer e vê na morte a única saída para sua vida de tortura, bullying e solidão. Ou seja, o leitor já toma um tapa e precisa seguir adiante para tentar entender em que ponto a história das duas se encontra.

Nao é divertida, meio obscena, gosta muito de falar sobre sua bisavó, uma monja budista de 104 anos e que é feminista. Ruth começa a ler o diário de Nao, angustiada por tudo o que a menina viveu e por não saber se ela ainda estava viva. Ao que parece, Nao e a família viviam no caminho do tsunami.

Nao, a mãe e o pai moravam nos Estados Unidos, mas desde que o pai perdeu o emprego, eles precisaram voltar para o Japão, um país que Nao mal conhece e com o qual não tem a menor familiaridade. Por isso, seus colegas são extremamente abusivos com a jovem. Todo o tipo de bullying pervertido acontece com ela na escola, enquanto enfrenta a situação dentro de casa: o pai, desempregado, que faz origami com páginas de livros que já leu e a mãe que se mata de trabalhar numa editora pequena, o único sustento da casa.

O pai de Nao se envergonha profundamente da situação da família e de não poder sustentá-la. Por isso, tenta se matar várias vezes e quando não consegue inventa uma desculpa: caiu nos trilhos do metrô, exagerou na dose de remédio. Nao está estrangulada numa vida sem sentido de tal forma que chega a largar a escola. Mas é a convivência com sua bisavó, Jiko, que a tira da inércia, que lhe dá um sopro de vida.

Do outro lado do Pacífico, Ruth é uma escritora que não consegue escrever e vê no diário uma forma de buscar inspiração e de conhecer outra pessoa. Ruth sofre junto do leitor as agruras que Nao e sua família precisam passar. Enquanto isso, ela mesma se vê em uma vida que parece monótona, insípida, em uma ilha isolada na costa do Canadá. Ela e o marido desvendam os mistérios do diário e das cartas escritas em francês.

Nada como saber que não há mais muito tempo de sobra para te fazer dar mais valor aos pequenos momentos da sua vida.

Página 363


Avaliação


Título original: A Tale for the Time Being
Ano: 2014
Páginas: 462
Editora: Casa da Palavra

O livro estava pronto quando aconteceu o terremoto seguido de tsunami que devastou o Japão. Ruth Ozeki então o reescreveu para encaixar a tragédia no enredo por achar aquela uma realidade brutal demais para ser ignorada no contexto. A escritora do livro é a própria autora, tentando se encontrar com sua personagem no tempo e no espaço.

Ruth Ozeki

Demorei bastante tempo para digerir esse livro, pois ele tem um conteúdo muito denso, uma história pesada - pois Nao sobre muito bullying e se envolve até com prostituição - e tem passagens sobre mecânica quântica que tentam explicar o que Nao chama de ser-tempo. Nas palavras de Nao, o ser-tempo é “alguém que existe no tempo, isso quer dizer, você, e eu, e todos nós que estamos aqui, ou já estivemos, ou que um dia estarão”.

A vida e história das três mulheres é muito bonita e difícil de acompanhar, pois todas têm suas próprias tragédias. Mas as três estão tão ligadas no tempo e no espaço, que não é possível mais separá-las. É aí que entra a mecânica quântica, porém a forma como foi explicada no final do livro se arrasta demais. Era algo que não precisava de tanta explicação, senti como se a autora não quisesse deixar a história ir embora e a esticou ao máximo.

Mesmo com esse final um tanto alongado, recomendo a leitura. Alerto que as passagens de Nao sofrendo bullying são bastante pesadas e você vai sofrer demais com a personagem. Quatro corujas.


Estava bem a fim de ler esse livro e devorei assim que adquiri o ebook. É o livro de estreia de Yangsze Choo, descendente de malaios e formarda em Harvard. Inspirou-se na própria terra para escrever o livro que é bom, mas poderia ser bem melhor.


Siga a @Sybylla_


Sinopse:
Certa noite, meu pai me perguntou se eu gostaria de me tornar uma noiva fantasma...

1893. Li Lan é uma jovem que recebeu educação e cultura, mas que vive sem grandes perspectivas depois da falência de seus pais. Até surgir uma proposta capaz de mudar sua vida para sempre: casar-se com o herdeiro de uma família rica e poderosa. Há apenas um detalhe: seu noivo está morto.

A Noiva Fantasma é o surpreendente romance de estreia de Yangsze Choo, a escritora de ascendência oriental que está encantando fãs por todo o mundo.


O livro

Li Lan já está ficando velha (para os moldes da época) e precisa se casar. Seu pai, atacado por varíola e com o rosto desfigurado, está falido e apesar de viverem em uma grande casa, não estão nadando no luxo. O pai fuma ópio como forma de escapar dos problemas, enquanto Li Lan vive sem muitas perspectivas. Um bom casamento pode salvar a família.

Eis então que surge uma proposta. Uma família amiga do pai de Li Lan oferece um casamento muito promissor, mas tem um problema: o noivo já morreu. Mas ainda assim, ela teria todos os direitos de uma esposa comum. Lim Tian Ching morreu e para apaziguar seu espírito, a proposta surgiu, já que Li Lan estava solteira e poderia assim salvar a casa.

Sua ama acha o negócio de extremo mau agouro. Ainda assim, quando Li Lan é convidada para ir à casa da família de Lim Tian Ching para uma tarde de mahjong, ela a estimula e a repreende para ser recatada, ficar arrumada, não amassar a roupa. Li Lan é, praticamente, interrogada pela matriarca da família, mãe de Lim, mas depois seu coração é arrebatado por Tian Bai, primo de Lim.

Sabe amor à primeira vista? Então, é o que acontece aqui. O livro desaponta nesse sentido, pois a protagonista só pensa em Tian Bai o tempo todo e ao exagerar numa dose de um remédio para dormir quase morre. E é aí que ela vira uma "noiva fantasma". Ela vê seu corpo estirado na cama e começa a andar pelo mundo sobrenatural, vendo demônios e outros seres que perambulam pela cidade espiritual.

O livro acontece na província de Malaca, um dos menores estados da Malásia, Patrimônio Mundial da UNESCO. Foi colonizada pelos portugueses e depois entregue aos britânicos, mas tinha muita influência chinesa e costumes vindos da China. Não conseguimos ver bem os detalhes destas culturas, tirando a chinesa, bastante influente. A forma como Choo construiu o mundo espiritual e explica sobre as oferendas queimadas aos mortos é muito interessante, bem como a ligação com os vivos e a situação dos espíritos "do outro lado".


Avaliação

Título original: The Ghost Bride
Ano: 2015
Páginas: 360
Editora: DarkSide

Apesar de ter gostado da ambientação, de sair do eixo Estados Unidos-Europa, o livro peca pela falta de profundidade dos personagens. O pai de Li Lan, por exemplo, é quase um borrão, descrito como um viciado em ópio. Li Lan é uma personagem muito interessante, mas que peca por pensar quase que integralmente em Tian Bai e depois em outra pessoa que surge em seu caminho, este um ser que só temos noção do que é bem no final. Temos um triângulo amoroso, um tanto diferente do que costumamos ver, mas ainda assim um triângulo amoroso e bem batido.

Yangsze Choo

O final também me decepcionou. Senti que a autora deu mais voltas do que o necessário para chegar ao final que foi fraco, pois algumas coisas se resolvem e não outras. Esperava um grande embate entre forças do mal e do bem, ou algo assim e não foi o que aconteceu. Foi um final morno e pouco digno do cenário grandioso que vimos. Um dos personagens do triângulo amoroso mal tem sua vida explicada quando comparamos com os outros.

Uma crítica ao ebook da DarkSide: foi desnecessário colocar no início de cada capítulo um imenso tsuru com o nome do livro e da autora. Sério, eu sabia o que estava lendo. E uma crítica à capa, aquela menina não tem cara de ser da Malásia. Tirando os problemas, é uma obra bem mediana. Tem grandes passagens culturais e é uma boa visão de outra cultura, o que enriquece e muito a leitura. Três corujas.

Admito que sempre tive curiosidade pela leitura de "Riacho Doce". Na verdade foi influência da minissérie da qual nunca assisti e só me recordo pelos comerciais da época, mas apesar do interesse acabei deixando de lado. Mas meu interesse ressurgiu quando percebi que estive lendo pouquíssima literatura nacional em 2015, de modo não pensei duas vezes antes de ceder a curiosidade. Foi assim que tive meu primeiro contato com a obra de José Lins do Rego:

O livro



Sinopse: Riacho Doce, uma pacata vila de pescadores em Maceió. Cenário de mistérios, traições e de uma grande paixão. Um casal de suecos chega a Alagoas, e a loura Edna se extasia com a força tropical do país que ela descobre. Apaixona-se por um mestiço nordestino, Nô, uma das figuras mais empolgantes de toda a rica ficção do autor. O envolvimento de Edna e Nô é o núcleo desse romance em que a força do Nordeste rústico é mostrada através dos sabores, das formas e das cores. Em Riacho Doce, José Lins do Rego nos dá, a sua visão dos desequilíbrios sociais e dos dramas humanos individuais e coletivos, provocados pela extração do petróleo em Alagoas.  

Utilizando o recurso do narrador onisciente e dividido em três partes, (Ester, Riacho Doce e Nô) o livro começa abordando Edna, diante das lembranças do dia em que partiu da Suécia relembrando sua vida e sua infância e adolescência no local, em especial os momentos em que sua fragilidade emocional começa a ser visível para o leitor. Fragilidade essa que já naquela época a levou a extremos, como uma tentativa de suicídio e que será uma constante durante sua vida. 

No decorrer da trama, vemos Edna, já casada com o engenheiro Carlos optarem por uma grande guinada na vida, quando o marido engenheiro, foi convidado para trabalhar com a exploração de petróleo no Brasil. Uma vez em Riacho Doce, ela se envolve imediatamente com a vida local, com longas caminhadas e banhos de mar. E então ela conhece Nô, e iniciam um romance proibido, que desperta a ira de Aninha, avó de Nô, que vê na galega o desvio do neto daquele que deveria ser o seu destino.  


Avaliação


Sendo esta a minha primeira experiência com a obra de José Lins do Rego, não sei se esse tipo de narrativa é uma constante em seus trabalhos, mas devo dizer que gostei muito do que encontrei. Achei a escrita em si e a ambientação algo muito bem trabalhada, de um jeito que visualizei Riacho Doce de uma maneira mais bela que o mostrado na minissérie. O contraste da gelada Suécia com a explosão tropical brasileira foi incrível e eu quase pude sentí-la na pele. Cada palavra colocada de uma forma suave e delicada, quase mágica.

Os personagens vieram nessa mesma toada, muito bem construídos e com uma narrativa que permite ao leitor estar completamente imerso na mente deles, entendendo a lógica de cada pensamento e gesto. Mas no meu caso houve um efeito colateral: não consegui sentir empatia por ninguém. De uma maneira ou de outra, todos os personagens chegaram ao ponto de me causar aversão e até exaustão durante a leitura, em especial o casal protagonista. A narrativa de Edna/Eduarda, me exauriu tanto pela fragilidade de sua psique quanto por sua inconstância - o que me deixou curiosa a respeito de qual seria o diagnóstico atual de um especialista em saúde mental a respeito da personagem. Já as mençãos a Nô me deixavam exausta por sua prepotência inicial e, posteriormente, por sua fraqueza.

O meu sentimento de exaustão pode ser atribuído não somente a uma densidade na construção de personagens, mas também pelo modo como o livro foi escrito. Tanto Edna quanto Nô parecem ter problemas com obsessões: seus pensamentos e sentimentos são repetidos, passados e repassados ao limite, o que reforçava o caráter sofrido da leitura e também me dava ganas de meter a mão tanto em ambos, uma vez que seus piores defeitos vinham a tona facilmente, assim como os erros de julgamento. Para leitores impacientes o efeito pode ser tedioso, mas essa forma de escrever ressaltou o modo como os pensamentos e reflexões dos personagens se desenvolveram e culminaram em atos tão extremos.

"Riacho Doce" não é uma obra de leitura rápida. Ela é densa, requer paciência e, a primeira vista ,carece da ação que muitos leitores estão acostumados uma vez que muitos julgam o livro como 'arrastado'. Mas, pelo contrário: uma vez que você se acostuma, acabará descobrindo que não falta ação, beleza e magia.

Quatro corujinhas.


O livro me chamou atenção por causa da sinopse, por ser baseado em uma história real e por ter um bom comentário de Gillian Flynn, autora de Garota Exemplar, assim achei que valia à pena ler. Infelizmente, esse é o segundo livro recomendado por Gillian Flynn que leio que é bem ruim. Melhor parar de seguir as recomendações dela.

A Febre


Siga a @Sybylla_


Sinopse:
Na Escola Secundária de Dryden, Deenie, Lise e Gabby formam um trio inseparável. Filha do professor de química e irmã de um popular jogador de hóquei da escola, Deenie irradia a vulnerabilidade de uma típica adolescente de 16 anos. Quando Lise sofre uma inexplicável e violenta convulsão no meio de uma aula, ninguém sabe como reagir. Os boatos começam a se espalhar na mesma velocidade que outras meninas passam a ter desmaios, convulsões e tiques nervosos, deixando os médicos intrigados e os pais apavorados.

Os ataques seriam efeito colateral de uma vacina contra HPV? Envoltos em teorias e especulações, o pânico rapidamente se alastra pela escola e pela cidade, ameaçando a frágil sensação de segurança daquelas pessoas, que não conseguem compreender a causa da doença terrível e misteriosa.


O livro


Dryden, Deenie, Lise e Gabby são inseparáveis, mas enganam bem à primeira vista. Elas não são essas amigas incríveis que se super apoiam o tempo todo. Ao longo da leitura vemos que há invejas, intriguinhas, fofocas, todo o tipo de comentários egoístas e ridículos entre elas. Deenie é filha do professor de Química da escola, o irmão é um jogador bonitão e popular de hóquei. Ela tem todas as neuras e mais algumas que uma adolescente de 16 anos teria.

Porém, Lise sofre uma convulsão inexplicável no meio de uma aula, deixando todos na escola muitos nervosos. A pequena cidade fica à flor da pele. Todos com medo pela menina, já que os médicos não conseguem determinar o que levou à convulsão. A comunidade fica com mais medo ainda pelos outros estudantes quando uma segunda estudante sofre um ataque semelhante e vai para o hospital. A situação fica ainda pior quando a mãe de Lise começa a questionar o departamento de saúde que aplicou vacinas de HPV em todas as meninas da escola.

O foco do livro é na família de Deenie, mas ela é a protagonista em boa parte do tempo. Ela tenta entender o que está acontecendo com as amigas, tentando assim adivinhar o que pode vir acontecer com ela. Será que ela é a próxima, será que ela estará num leito de hospital assim como a amiga Lise, que parece muito pior do que as outras colegas?


Avaliação


Título original: The Fever
Autora: Megan Abbott
Editora: Intrínseca
Páginas: 272

O livro engana bem, pois começamos devorando a narrativa, porém você alcança metade e nada é revelado, já tá chegando perto do final e nada também, até que a autora finaliza a história e você tem a impressão de ter sido enganada. A explicação dada para as convulsões e ataques é esdrúxula, completamente furada, sem sentido e no fim você imagina que todo aquele auê foi para nada.

A visão que temos das adolescentes é bem negativa. É quase como se nenhuma delas ali tivesse alguma virtude ou realmente fosse amiga uma da outra. Senti uma clima de competição que é bem danoso, onde existem fofoquinhas pelas costas umas das outras. Elas passam a impressão de serem bastante unidas, mas na real mesmo estão todas separadas por tantos aspectos negativos.

Durante a leitura temos uma série de eventos sendo colocados e o foco da história, que são os ataques, meio que fica de lado. E até o título, A Febre, não faz sentido depois de ler a história, especialmente com aquele final. No mais, o livro merece duas corujinhas, porque até começa bem, mas como não entrega o que promete, ele se perde já da metade em diante. Não recomendo essa leitura.

A Casa da Águia - Tetralogia dos Ptolomeus - Livro I é um livro maravilhoso. Lembro de ter comprado sem muita pretensão, mas como sou fascinada por romances históricos, especialmente aqueles no Antigo Egito, este foi uma escolha bem óbvia para mim. A tetralogia dos Ptolomeus começa com a história do primeiro Ptolomeu, governante do Egito após a conquista de Alexandre, o Grande.

A Casa da Águia


Siga a @Sybylla_


Sinopse:

Uma história esquecida nas areias do tempo, num universo tecido pelas mãos de ídolos não mais cultuados. Rá, o deus-sol. Anúbis, o faraó do mundo inferior, deus dos mortos e condutor das almas. Thot, o escriba do Egito, o grande mágico, o juiz que pesa o coração dos homens e o narrador de "A Casa da Águia". Primeiro volume do Quarteto dos Ptolomeus.

É com a capa da divindade que Duncan Sprott se veste para contar a trágica história de Ptolomeu e seus descendentes. Por 12 gerações soberanos do Nilo — desde Alexandre, o Grande, até a queda de Cleópatra. Os olhos de Thot, acostumados a perscrutar a alma dos homens, são o farol perfeito para iluminar a trajetória desse macedônio. O soldado que guardou o corpo de seu comandante e mais tarde se tornou faraó, coroado deus-vivo.


O livro


Duncan preferiu narrar o livro pela voz do deus Toth, o que ficou fantástico. Toth é petulante e até arrogante durante a leitura, mas narra com riqueza de detalhes a forma como, lentamente, Ptolomeu se torna o faraó do Egito e o precursor da última dinastia egípcia. A ideia do autor é narrar as dez gerações da família de ptolomeus até sua última rainha, Cleópatra.

Toth não dá muita atenção ao leitor. Ele o trata como um aluno intransigente que não precisa de muitos detalhes de batalhas, por exemplo. Mas como deus da sabedoria, temos detalhes de outros eventos, como partos, confecção de tônicos, cerimonias religiosas. O deus mostra a mudança que ocorre em seu país quando Ptolomeu recebe a sugestão dos sacerdotes de se nomear faraó. Isso o faria ganhar o respeito do povo, que entenderia que a ordem divina foi restabelecida.

Temos alguns episódios que narram as vitórias do exército macedônico, a crueldade dos gregos ao conquistar os lugares, as decisões polêmicas de Alexandre.

Ei! Forasteiro! Ei! Seu ignorante! Você, que tem estado para chegar há tanto tempo! Você está muitíssimo atrasado! Sim! É com você mesmo que eu estou falando, leitor. Porque acho que você não sabe nada sobre Ptolomaios - Ptolomeu. Sobre Ptolomeu, o grego que foi faraó do Egito. Tampouco sobre a terrível tragédia de sua casa. Você não sabe quem foi Ptolomeu, sabe? Nunca ouviu falar dele, ouviu? Você não sabe nem sequer pronunciar o nome dele. Verdade! O que você merece mesmo, e sem demora, é uma sova no solado dos pés.

Página 27

O choque de culturas entre gregos, macedônios e egípcios é muito interessante. Quando Ptolomeu foi coroado faraó, sua esposa se recusava a ser comparada com Hathor, a vaca sagrada, já que para os gregos era uma ofensa. Toth deixa bem claro que torce o nariz, digo, torce o bico para os forasteiros e que era necessário aguentar esses caras para a sobrevivência do Egito enquanto nação soberana. Com a morte de Alexandre, ficou ainda mais fácil para os sacerdotes manipularem Ptolomeu, dizendo que se ele fizesse isso ou aquilo, o povo egípcio ficaria descontente e deixar um povo descontente era abrir as portas para a anarquia.

Cleópatra
Cleópatra nos terraços de Philae, pintura de Frederick Arthur Bridgeman

Não é uma dinastia fácil de acompanhar. Incestos são comuns, tem cena de estupro, bebedeira, mortes e envenenamentos. Toth pode ser racista e preconceituoso e acho que seja natural devido sua posição de expectador - sendo que antes era um deus soberano - diante do que acontece em seu país. Temos mulheres fortes e poderosas, algumas sendo muito más ao longo da história.


Avaliação


Título original: The House of the Eagle
Editora: Record
Ano: 2005
Páginas: 572

A maneira como a história é narrada pode incomodar algumas pessoas porque é a visão de um deus soberano e todo-poderoso, portanto o que ele dá importância nem sempre é o que o leitor quer ler. São poucos os diálogos. Os textos são longos blocos de texto com as divagações de Toth sobre os Ptolomeus, que lhe são um mistério. Ele não consegue entender muitas de suas ações, em outras parece justificá-las.

O que acho mais legal aqui é justamente o fato de ter um deus egípcio narrando, saindo um pouco da esfera distante do narrador em terceira pessoa, ou da visão mais fechada de um narrador em primeira pessoa de dentro da dinastia ptolomaica. Mesmo não sendo uma narrativa nos moldes que conhecemos, é interessante sair da zona de conforto e ler este livro, um relato cru e muito intenso.

O livro vem com um glossário, mapas, detalhes da dinastia e até unidades e medidas gregas. No entanto, o autor não colocou uma bibliografia, então não sabemos o quanto é licença poética e o quanto é história. Cinco corujas para o livro e uma recomendação para que você também leia, ou vai apanhar de Toth!

Textos novos
Textos antigos

Quem?


A Garota da Biblioteca

Amor pelos livros, admiração pela cultura inútil e tendências ao burnout.

Arquivos

  • ▼  2021 (2)
    • ▼  dezembro 2021 (1)
      • Resenha: A pequena livraria dos sonhos, de Jenny C...
    • ►  janeiro 2021 (1)
  • ►  2020 (2)
    • ►  novembro 2020 (1)
    • ►  setembro 2020 (1)
  • ►  2017 (3)
    • ►  janeiro 2017 (3)
  • ►  2016 (15)
    • ►  dezembro 2016 (3)
    • ►  outubro 2016 (1)
    • ►  agosto 2016 (1)
    • ►  julho 2016 (2)
    • ►  junho 2016 (1)
    • ►  março 2016 (1)
    • ►  fevereiro 2016 (2)
    • ►  janeiro 2016 (4)
  • ►  2015 (41)
    • ►  dezembro 2015 (9)
    • ►  novembro 2015 (1)
    • ►  outubro 2015 (2)
    • ►  setembro 2015 (1)
    • ►  agosto 2015 (6)
    • ►  julho 2015 (9)
    • ►  junho 2015 (7)
    • ►  maio 2015 (2)
    • ►  abril 2015 (3)
    • ►  março 2015 (1)
  • ►  2014 (32)
    • ►  dezembro 2014 (1)
    • ►  abril 2014 (5)
    • ►  março 2014 (8)
    • ►  fevereiro 2014 (6)
    • ►  janeiro 2014 (12)
  • ►  2013 (19)
    • ►  dezembro 2013 (8)
    • ►  julho 2013 (2)
    • ►  maio 2013 (6)
    • ►  abril 2013 (1)
    • ►  fevereiro 2013 (2)
  • ►  2012 (2)
    • ►  outubro 2012 (1)
    • ►  agosto 2012 (1)

Classificação das resenhas

Sensacional!
Sensacional!

Muito bom!
Muito bom!

Só OK
Só OK

Já li melhores
Já li melhores...

Horrível
Horrível.

Categorias

(Quase) Diário de uma leitora biografia Cabine Literária clássico Desafio Literário 2017 E-reader Esquisitices ficção Jane Austen Kindle Manu Não Ficção Podcast Resenhas romance romance histórico suspense Sybylla TAG terror

Leitores

Visualizações

Criado com por beautytemplates. Personalizado por Sybylla.