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A Garota da Biblioteca

Eu sou uma grande fã de romances históricos. Geralmente eu falo só de ficção científica, né? Mas romances históricos me cativam e Os Príncipes da Irlanda é um daqueles épicos romances, que atravessa gerações. O mais legal do livro é que a personagem principal é a cidade de Dublin.

Os Príncipes da Irlanda


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Sinopse:
O autor examina o conturbado passado da Irlanda, desde os primórdios de sua fundação, passando pela invasão viking, até a Reforma. Rutherfurd cobre os 11 séculos iniciais do país, com personagens fictícios que, perfeitamente ajustados aos relatos reais estudados em profusão pelo autor, trazem ao leitor brasileiro o universo histórico daquelas terras tão enigmáticas. A obra compõe o primeiro volume da saga Dublin e tem como ponto de vista as pessoas daquela cidade.

O livro

A saga de Dublin começa antes da chegada de São Patrício, que catequizou a Irlanda, antes da chegada das tribos celtas. A região onde hoje fica Dublin era um delta lamacento que desaguava no mar da Irlanda. A região era conhecida com Dubh Linn. Temos um casal, o príncipe Conall e a camponesa Deirdre, que viviam na época dos reis de Tara e que, provavelmente, deram origem à lenda celta do deus Cuchulainn.

O autor coloca personagens fictícios em situações que aconteceram ou que podem ter acontecido. Através dos olhos de diversos personagens, interligados em uma delicada genealogia, vemos as mudanças acontecendo no delta de Dubh Linn. O começo pode ser bastante violento, pois as tribos praticavam sacrifícios humanos nos festivais pagãos; em seguida tem a invasão viking, que inaugurou um novo período na região de Dubh Linn, antes da chegada de São Patrício.

História e mitologia estão intrinsecamente ligados às trajetórias de sete famílias, ao longo de vários séculos, os Ui Fergusa e O’Byrne; os Smith; os MacGowan; os Harold; os Doyle; os Walsh e os Tidy. Cada novo capítulo histórico da Irlanda inaugura também um narrativa de cada família. O autor foi especialmente detalhista no capítulo sobre Brian Boru, o Grande Rei de Toda a Irlanda (Árd Righ Gaidel Éirinn), sendo que após sua morte em uma batalha contra os Vikings, a ilha nunca mais esteve sob o domínio de um único monarca. Aliás, toda a parte sobre a invasão viking mostra a tensão de viver sob o julgo de estrangeiros, os movimentos de resistência e os oportunistas, que conseguiram lucrar com a situação.

O livro chega até o século XVI da história irlandesa, com Silken Thomas, importante figura histórica que fez o rei inglês prestar mais atenção às questões irlandesas, que acabou levando à criação do Reino da Irlanda, em 1542.

Avaliação

Esta não é só uma obra de romance histórico. É uma aula de história em si, pois a invasão viking, a chegada de São Patrício, a unificação da Irlanda por Brian Boru, os conflitos com os ingleses, todos os fatos históricos realmente aconteceram. Nós os vemos através de personagens fictícios, mas os eventos são reais, e as consequências do capítulo anterior conduzem ao capítulo seguinte. Transformar a Irlanda e, em especial, a cidade de Dublin em uma personagem, foi uma ideia genial.

O livro também tem mapas, que mostram a ilha em si, o assentamento original de Dubh Linn e a Dublin medieval. Eu como boa geógrafa que sou, apoio mapas em livros e este, que tem a cidade como protagonista, não podia deixar de ter. A narrativa perde um pouco de ritmo do meio para o final, em algumas páginas ele se arrasta mesmo, mas vale à pena continuar.

Título original: Dublin Foundation
Coleção: A Saga de Dublin Livro I
Editora: Record
Páginas: 700
Ano de lançamento: 1ª edição 2006

Este é o primeiro livro da saga; o próximo é O Despertar da Irlanda, que continua a saga a partir do século XVI. Se você é fã de romances históricos como eu, vai curtir muito este livro. Quatro corujas para Dubh Linn e sua conturbada história e uma recomendação para você ler também.


Até mais!
Eu vi o filme Histórias Cruzadas por causa de Viola Davis. Achei um filme bom, me fez chorar, adoro a Viola. Aí eu peguei o livro A Resposta para ler. Queria dar um tempo na ficção científica e aquele livro vinha me olhando do livreiro fazia tempo. Como eu já conhecia a história do filme, o livro me intimidava. Taí a palavra certa. Não sei bem o que vai ser dessa resenha...

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Sinopse:
Uma história de otimismo ambientada no Mississippi em 1962, durante a gestação do movimento dos direitos civis nos EUA.

Eugenia Skeeter Phelan acabou de se graduar na faculdade e está ansiosa para tornar-se escritora, mas encontra a resistência da mãe, que quer vê-la casada. Porém, o único emprego que consegue é como colunista de dicas domésticas do jornal local. É assim que ela se aproxima de Aibellen, a empregada de uma de suas amigas. Em contanto com ela, Skeeter começa a se lembrar da negra que a criou e, aconselhada a escrever sobre o que a incomoda, tem uma ideia perigosa: escrever um livro em que empregadas domésticas negras relatam o seu relacionamento com patroas brancas.

Mesmo com receio de prováveis retaliações, ela consegue a ajuda de Aibileen, empregada que já ajudou a criar 17 crianças brancas, mas chora a perda do próprio filho, e Minny, cozinheira de mão cheia que, por não levar desaforo para casa, já esteve por diversas vezes desempregada após bater boca com suas patroas. Uma história emocionante e estarrecedora onde a cor da pele das pessoas determina toda a sua vida. Um livro que, devido ao seu tema, chegou a ser recusado por quase sessenta editoras antes de ser publicado.

(Skoob)

O livro

O livro é narrado pelo ponto de vista de três personagens: Minny, uma empregada negra que é conhecida por ser uma excelente cozinheira, sempre falar demais e que perdeu o emprego diversas vezes por causa disso; Aibileen também negra, que já cuidou de dezessete crianças brancas e Skeeter, branca, que acabou de voltar da faculdade e que quer ser escritora. Todas elas vivem em Jackson, Mississippi, nos anos 60, uma época de profunda segregação racial.

As três parecem parceiras improváveis, especialmente porque Skeeter é branca, convive com as mulheres da sociedade de Jackson, enquanto as empregadas negras são relegadas a situações humilhantes e degradantes, sem salário mínimo e sem direito ao serviço social. Têm jornadas penosas, não podem usar o banheiro das casas onde trabalham, são vistas com desconfiança por patrões racistas. Precisam usar um banheiro pequeno e abafado na garagem porque são vistas como "sujas e transmissoras de doenças" (!).

Skeeter sonha em ser escritora, mas tudo o que consegue é um emprego no jornal local, escrevendo a coluna de limpeza e cuidados domésticos. Como não entende disso, acaba pedindo a ajuda de Aibileen, que lhe passa todas as dicas e soluções caseiras para uma série de problemas, como manchas na roupa, nos móveis. Aí, depois de receber um conselho de uma editora de Nova York, ela tem a grande ideia que norteia todo o livro: escrever um livro sob a perspectiva das empregadas e de como elas viam a sociedade de Jackson.

O que me faz lembrar de uma coisa em que não quero pensar: que a dona Leefolt tá construindo um banheiro pra mim porque acha que eu tenho doenças. E a dona Skeeter me pergunta se eu não quero mudar as coisas, como se mudar Jackson, Mississippi, fosse o mesmo que trocar uma lâmpada.

(Aibileen)

Skeeter, por sua vez, não esperava se confrontar com tantos privilégios que ela mesma nunca enxergou e do racismo que comete, mesmo que sem querer ou perceber, como quando ela sugere que a Aibileen vá até a biblioteca pública para retirar livros e Aibileen a lembra que negros não podem entrar lá. O projeto começa como um mero livro com várias biografias, mas ela não entende, em princípio, porque Aibileen não pode ser vista conversando com ela, nem recebendo-a em casa. Aquela era uma época em que um negro poderia ser morto ou espancado na rua apenas por estar ali. Ela não entende a raiva de Minny, que é sempre curta e grossa em suas observações. Na primeira vez que Aibileen conversa com Skeeter, ela passa mal e vomita. Cena que não está no filme.

Praticamente todas as personagens brancas são racistas, incluindo Skeeter. Skeeter começa a perceber seus próprios erros e tenta se policiar, aprendendo com Minny, com Aibileen e com as outras empregadas que se dispõem a ajudar. Mas nem tudo são flores. Uma das empregadas diz para Skeeter que ela é odiada e que seu projeto é só um engodo. Skeeter teme por todas as mulheres que estão contribuindo para o projeto, pois ela sabe que sua cor não é problema. O máximo que acontece com ela é ser excluída da sociedade de Jackson. Já para as negras, a morte, o espancamento, o despejo, a demissão, são presenças frequentes.

Histórias furiosas brotam, de homens brancos que tentaram tocá-las. Winnie conta que foi forçada inúmeras vezes. Cleontine disse que se debateu até tirar sangue do rosto do agressor, e que ele nunca mais tentou. Mas a dicotomia de amor e desprezo vivendo lado a lado é o que me surpreende. A maioria é convidada para o casamento das crianças brancas, mas só se for de uniforme. Essas coisas eu já sei; no entanto, ouvi-las da boca da pessoa de cor é como ouvi-las pela primeira vez.

(Skeeter)

Cena do filme Histórias Cruzadas. Minny, Aibileen e Skeeter.

Avaliação

Viola Davis foi muito criticada por ter protagonizado a empregada Aibileen. Uma atriz de sua importância e de seu talento, interpretando uma empregada em uma época de intensa segregação parecia ser algo indigno dela, que ela estava perpetuando um estereótipo clichê demais. Em uma entrevista, Viola conta que sua avó foi empregada em fazendas de algodão no sul, que sua mãe foi empregada por muitos anos e que conversou muito com sua mãe para poder dar vida a Aibileen.

Você só está reduzido a um clichê se você não humanizar um personagem. (...) Eu a vi em uma jornada. Eu a vi tendo humor, coragem e inteligência. Eu a vi numa dualidade. E é isso o que eu procurei acima de tudo. Porque, geralmente, é isso o que está faltando.

Viola Davis

A autora Kathryn Stockett também recebeu várias críticas, de tentar fazer o livro ser sobre segregação racial, sobre personagens negras e de ser mais uma branca tentando escrever sobre personagens negros e tornando-se um best-seller. Há vários pontos válidos aqui. Quando um negro escreve um livro sobre o assunto, ele dificilmente vira best-seller, mas uma branca vira. De repente, todos a ouvem. Mas o livro não é sobre a segregação racial nos anos 60. São três mulheres que decidiram escrever um livro. Vamos de uma narrativa para a outra, vendo o ponto de vista de cada uma. E temos muitos assuntos sendo tratados:

  • violência doméstica
  • supremacia branca
  • violência de gênero
  • racismo
  • falta de empregos para mulheres

A autora coloca no final:

(...) não pretendo pensar que sei como era ser uma mulher negra no Mississippi, sobretudo nos anos 1960. Acho que é algo que uma mulher branca que paga o salário de uma mulher negra jamais poderá entender completamente. Mas tentar entender é vital para a nossa humanidade.

O livro é isso: uma tentativa de uma mulher branca de contar uma história. E ela conseguiu, o livro é bom. Mas também é sobre uma mulher branca enfrentando seus privilégios por ser branca em uma sociedade profundamente racista. O filme deixou de fora muitos aspectos profundos de Aibileen e de Minny e de todas as outras empregadas do livro e sei que a autora apenas arranhou as questões de segregação, porque não era esse o assunto do livro. Assim como Toda a Luz Que Não Podemos Ver não é um livro sobre a Segunda Guerra Mundial.


No mais, sei que ter gostado do livro e ter me emocionado com ele também envolve meus privilégios enquanto branca. Privilégios esses que, assim como Skeeter, eu preciso ver, porque privilégios são transparentes. E preciso desconstruir o meu racismo todos os dias. Nós crescemos nessa sociedade que não é tão diferente daquela que vemos em Jackson, Mississippi. Se Skeeter aprendeu algo com os depoimentos que recebeu, a gente também pode aprender. Quatro corujas para o livro.

Título original: The Help
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 573
Ano de lançamento: 2012

Bom, digo a você que eu realmente precisava de um livro que me distraísse nesse período de carnaval. Não tive grandes expectativas, mas quando descobri que o e-book "Depois de Você" foi disponibilizado antecipadamente, simplesmente não consegui resistir. E sim, já li. A festa nem começou e já tive minha parte na folia.

Atenção: Esse post tem spoilers tanto deste quanto do primeiro livro, então a leitura é por sua conta e risco. Eu tentei evitar que acontecesse, mas vale o aviso...


Sinopse:
Com mais de 5 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, Como eu era antes de você conta a história do relacionamento entre Will Traynor e Louisa Clark, cujo fim trágico deixou de coração apertado os milhares de fãs da autora Jojo Moyes.

Em "Depois de você", Lou ainda não superou a perda de Will. Morando em um flat em Londres, ela trabalha como garçonete em um pub no aeroporto. Certo dia, após beber muito, Lou cai do terraço. O terrível acidente a obriga voltar para a casa de sua família, mas também a permite conhecer Sam Fielding, um paramédico cujo trabalho é lidar com a vida e a morte, a única pessoa que parece capaz de compreendê-la.

Ao se recuperar, Lou sabe que precisa dar uma guinada na própria história e acaba entrando para um grupo de terapia de luto. Os membros compartilham sabedoria, risadas, frustrações e biscoitos horrorosos, além de a incentivarem a investir em Sam. Tudo parece começar a se encaixar, quando alguém do passado de Will surge e atrapalha os planos de Lou, levando-a a um futuro totalmente diferente.

O livro:

O livro começa mostrando Louisa em seu local de trabalho como garçonete em um pub nada memorável localizado dentro de um aeroporto. Sem objetivos na vida, ela permanece sob o torpor do luto e da indefinição. Após a morte de Will, ela passou ao menos nove meses atordoava com a recém adquirida liberdade, trabalhando em Paris até se desapaixonar pelo local, viajando sem conseguir se sentir bem em qualquer lugar. E seu sentimento de inadequação continuava, independente de quanto tempo se passasse, o que faz com que ela se acomode, sem se sentir seguira ou decidida para tentar algo novo. A bem da verdade, é como se ela não soubesse o que quer ou tivesse a vontade de querer algo. Ela só quer que a dor passe.

Uma noite, ela bebe demais e cai do terraço do prédio onde mora. Esse acidente a obriga a voltar para casa de sua família, onde é alvo de especulação no local devido a sua história com Will e sua participação na realização dos desejos dele. Acima de tudo, o comentário é de que teria tentado suicídio. Cansada dos comentários maldosos, ela decide voltar para o apartamento e seu pai impõe a seguinte condição: ela deve começar a frequentar um grupo para terapia de luto. Ao fim de uma das reuniões ela conhece Sam, um dos paramédicos que ajudou a socorrê-la após a queda. São pequenas mudanças que prometem algo diferente em sua vida, uma forma de seguir em frente, mas tudo muda quando uma pessoa bate a sua porta e faz com que o passado venha novamente a tona da forma mais intensa possível.

Avaliação:

Pelo que li, a autora não tinha intenção de lançar uma continuação, mas foi incentivada pelos leitores, que ficaram curiosos pelo destino de Louisa. E por mais que eu não tenha gostado do pretexto usado por ela para garantir que a história com Will voltasse a tona, eu consegui embarcar no livro. Também não era como se eu tivesse muita expectativa: meu caso era de pura curiosidade.

Consegui embarcar na falta de perspectivas e de esperanças de Louisa e fiquei feliz a cada sinal de que ela estava evoluindo, saindo do embotamento das emoções e finalmente chegando a algum lugar. Descobrindo o amor e ter a sensação de que ela poderia ser o suficiente para quem alguém decidisse ficar. Acima de tudo: que era possível seguir em frente mesmo com o luto.

Como mencionei acima, posso não ter gostado do pretexto que Moyes usou para trazer a história de volta, mas - salvo algumas exceções nas quais houve um tom de 'fanfic' - gostei muito de como ela a conduziu e a encerrou. Se o primeiro livro não foi o suficiente para o apetite do leitor, posso dizer que esse pode saciar bem mais que a curiosidade. 

E gente, esse livro tem um toque feminista que eu realmente adorei! 

Quatro corujinhas!

Este livro foi bem difícil de ler. Tinha assistido ao filme primeiro, chorado horrores e fiquei com bastante medo de pegar o livro. Duas pessoas muito queridas morreram em decorrência do Alzheimer e uma delas teve o mesmo problema de Alice, o Alzheimer de instalação precoce. Ler o livro foi bem diferente de ver o filme, pois aqui nós temos a narração de Alice, estamos em sua cabeça, acompanhando sua vida e convivência com a doença.


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Sinopse:
Alice (no filme, interpretada por Julianne Moore) sempre foi uma mulher de certezas. Professora e pesquisadora bem-sucedida, não havia referência bibliográfica que não guardasse de cor. Alice sempre acreditou que poderia estar no controle, mas nada é para sempre. Perto dos cinqüenta anos, Alice Howland começa a esquecer. No início, coisas sem importância, até que ela se perde na volta para casa. Estresse, provavelmente, talvez a menopausa; nada que um médico não dê jeito. Mas não é o que acontece. Ironicamente, a professora com a memória mais afiada de Harvard é diagnosticada com um caso precoce de mal de Alzheimer, uma doença degenerativa incurável.

Poucas certezas aguardam Alice. Ela terá que se reinventar a cada dia, abrir mão do controle, aprender a se deixar cuidar e conviver com uma única certeza: a de que não será mais a mesma. Enquanto tenta aprender a lidar com as dificuldades, Alice começa a enxergar a si própria, o marido (Alec Baldwin), os filhos (Kate Botsworth, Hunter Parrish e a queridinha de Hollywood, Kirsten Stewart) e o mundo de forma diferente. Um sorriso, a voz, o toque, a calma que a presença de alguém transmite podem devolver uma lembrança – mesmo que por instantes, e ainda que não saiba quem é.


O livro

Alice é uma bem sucedida professora de Harvard. Casada com um também professor, três filhos, sendo que a mais nova é tida como rebelde apenas porque não quer frequentar a faculdade. É uma mulher independente, pesquisadora, que apesar dos percalços da vida, está sempre trabalhando, viajando para encontrar a filha, sendo o suporte para a carreira do marido. Eles moram numa casa muito boa, perto do campus, a vida parece seguir muito bem.

Alice começa a ter esquecimentos estranhos. As palavras fogem. Mas a preocupação realmente a aflige quando sai um dia para correr e se perde. Ela sabia que estava num lugar que conhecia, mas que simplesmente lhe escapava. Alice não conseguia achar o caminho para sair da praça e voltar para casa.

Preocupada, ela procura sua médica usual. Ao procurar na internet por seus sintomas, ela julgou que pudesse ser menopausa. Depois procura um neurologista, que pede todos os exames possíveis. E ele lhe dá um diagnóstico aterrador: ela tem Alzheimer de instalação precoce. O Alzheimer é considerado precoce quando é diagnosticado antes do 65 anos e neste caso ele é sempre hereditário. O médico lhe passa uma série de papéis e regras e faz testes de memória, mas Alice sente como se não conseguisse acreditar que tem Alzheimer.

Ela pensa na filha mais velha, Anna, que está tentando ter filhos e como a doença é hereditária, ela pode acabar não só desenvolvendo, como também passando para as crianças. E agora? Como contar para a família? Sua filha mais nova, a rebelde, já tinha percebido que algo estava errado, mas o marido e os outros filhos, que a viam o tempo todo não.

Acompanhamos a rotina de Alice, as tentativas de dar aulas, que vão piorando cada vez mais. Seus alunos começam a perceber algo errado, especialmente num dia em que ela entra, senta-se, esperando um professor - que era ela mesma! - se levanta e sai. Ela esquece de pegar um voo, vive grudada no celular para não esquecer da vida e enfrenta as dificuldades do marido em aceitar sua doença.

Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então, para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente. Num amanhã próximo. Esquecerei que estive aqui diante de vocês e que fiz este discurso. Mas o simples fato de eu vir a esquecê-lo num amanhã qualquer não significa que hoje eu não tenha vivido cada segundo dele. Esquecerei o hoje. Mas isso não significa que o hoje não tem importância.


Avaliação

De todos os personagens do livro, o que mais me incomodou foi o marido, pois esta é uma reação que acredito que seja geral para muitos sujeitos que sempre tiveram o apoio da família e da esposa para subir na carreira, enquanto ela ficava em casa, de licença, cuidando dos filhos e tendo que parar seus estudos, experimentos e carreira. O marido de Alice trabalha com genética e quer colocá-la em todos os estudos e testes possíveis, como se ela estivesse com um defeito e não com uma doença.

Alice perde as coisas e depois desmonta a casa inteira atrás delas. O marido chega um dia e encontra toda a louça para fora dos armários. Ela procura algo maniacamente e não acha. Na verdade ela estava atrás do celular, que enfiou no freezer. Outro dia, ela entra na casa errada e a vizinha a encontra.

Mas mesmo com todas as provações, Alice consegue criar um grupo de ajuda para pacientes com a mesma doença e estágios iniciais de demência. É muito bonito vê-la tirar forças e ensinamentos sobre a doença para passar para os outros. Mas ao mesmo tempo é triste vê-la tentar se lembrar do nome dos filhos, ou de onde guardou o celular.

Quando eu era criança, uma vizinha cuidava de mim antes de eu ir pra escola, já que minha mãe saía cedo para trabalhar e eu estudava à tarde. Depois que nos mudamos, acabamos perdendo contato, mas um dia minha mãe encontrou o marido dela na rua. E ele disse que ela estava com Alzheimer. Quando a visitamos, pareceu que ela teve um lampejo de consciência ao ver minha mãe, mas já estava na cama, sem conseguir falar, andar, nem comer sozinha.

Ela morreu poucas semanas depois. O marido contou que percebeu algo estranho em um dia em que estava no trabalho e ligaram perguntando por ela. Não sabiam onde ela estava e não tinha chegado ao trabalho, uma escola municipal. Ela se perdeu no caminho para a escola. Não conseguia pegar o ônibus e foi uma vizinha que a viu andando na rodovia.

Foi por isso que esse livro me tocou tão fundo. Cerca de 35,6 milhões de pessoas ao redor do mundo que sofrem da doença de Alzheimer. Mas eu pensei nela, imediatamente. Na senhora cheia de energia que cuidava de mim, na comida saborosa que fazia e nas tardes jogando Atari com o filho dela. Vê-la da forma como vi foi muito difícil.

Título original: Still Alice
Ano: 2009
Páginas: 284
Editora: Nova Fronteira

Recomendo a leitura fortemente para todo mundo. Doença de Alzheimer não acomete somente os idosos, pessoas com cinquenta anos também podem apresentar os sintomas e desenvolvê-la muito cedo. É também uma leitura muito leve apesar do tema. Alice consegue rir da própria situação em vários momentos. Um tema sensível, um livro bem escrito, por isso, cinco corujas.

Após tantas leituras sérias e um breve início de ressaca literária pós-"A Morte de Ivan Ilitch", senti a necessidade de ler algo para relaxar. Em períodos assim gosto de procurar romances leves ou chick-lits, e uma vez que o livro da Susan Mallery estava por perto, me pareceu uma boa ideia arriscar. E assim começa a história do meu primeiro arrependimento literário de 2016.


Sinopse:Há dez anos, Maya Farlow partiu o coração do sensual Del Mitchell. Superindependente, ela não soube lidar com esta paixão avassaladora e decidiu fugir. Agora, Maya precisa trabalhar ao lado de Del para promover a cidade de Fool's Gold. Por mais que este charmoso bad boy esteja decidido a não se envolver com Maya novamente, ele é viciado em adrenalina. E nenhuma das suas aventuras radicais foi tão emocionante quanto entregar seu coração para Maya.

O livro:

Criada por uma mãe omissa e sempre mudando de lugar, Maya não teve muita opção além de desenvolver sua independência desde cedo. Por isso, não é difícil entender quando ela se assusta ao ser pedida em casamento pelo namorado enquanto ainda eram adolescentes. Assustada com a perspectiva de se entregar, criar raízes, e temendo que o relacionamento não dure, ela termina o relacionamento com Del. O problema é que, ao invés de ser sincera, ela termina o namoro de uma forma brusca, o que torna as coisas aparentemente sem volta.

Dez anos depois, ela resolve dar uma virada em sua carreira profissional e volta à cidade, onde vai trabalhar em uma campanha para promoção turística do local. Lá, descobre que terá de trabalhar com Del, que - atualmente famoso - será o garoto-propaganda dos comerciais veiculados. Trabalhando juntos Maya e Del terão que lidar com o que houve e com a possibilidade de algo mais acontecer. E uma vez que estamos falando de um romance, o "algo mais" definitivamente acontece.

Avaliação

Bom, Susan Mallery é uma autora que conheço razoavelmente graças a trilogia das irmãs Keyes - cuja leitura só consegui terminar porque a Amazon fez promoção dos ebooks já que as edições físicas nunca tiveram um preço lá muito bom. - e também aos Harlequins da vida. Já tinha mais ou menos uma ideia do que esperar e não li com muitas expectativas que estivessem além de um pouco de leveza. O problema é que não foi lá essas coisas.

Um dos problemas de um livro Harlequin normal é a falta de profundidade. Nesse caso o problema pode ser explicado pelo tamanho, afinal as histórias não tem muitas páginas. É pra ser rápido e simples. "Roube meu Coração" conta com mais páginas, mas me pareceu tão raso quanto e isso foi frustrante. A presença dos clichês também foi, embora normalmente isso não me incomode (eu leio Harlequin, então porque me incomodaria com um clichê ou outro?), mas até pra isso é preciso um pouco de inspiração.

Não é exatamente um livro ruim. Provavelmente - mesmo não querendo - acabei esperando demais. No fim a leitura acabou passando batida em vários momentos. Não me fixei em nenhum personagem, não me interessei por ninguém, nem tive curiosidade por nada. Acho que isso justifica a posição de primeiro arrependimento literário de 2016.

Há algum tempo vejo esse livro sempre com boa avaliação tanto em blogs quanto canais literários, mas sabe quando você não dá muita atenção e procura outras coisas para ler? Pois é, esse foi o meu caso e por isso demorei tanto a finalmente embarcar. Desencantei quando resolvi que um dos meus objetivos para 2016 seria justamente ler mais clássicos, e TCHARAN! Aqui estou eu agora.



Sinopse;
Muitos críticos consideram a "A Morte de Ivan Ilitch" como a novela mais perfeita da literatura mundial; a agonia de um burocrata insignificante serve de pretexto ao autor para nos contar uma história que diz respeito ao destino de cada um de nós e que é impossível ler sem um frêmito de angústia e de purificação.

O livro:


Ivan Ilitch é um magistrado que se julga um homem de qualidades. Sua vida, gestos e atos são todos pautados por equilíbrio, retidão e respeitabilidade, visando crescimento e satisfação através da construção de sua imagem perante a sociedade. Ele está no auge de sua carreira ao receber uma ótima oferta de emprego e começa a se preparar: compra um apartamento para sua família e resolve cuidar da decoração pessoalmente antes que os seus cheguem e se estabeleçam no novo lar. Durante esses ajustes, Ivan leva um tombo do qual aparentemente não teve maiores consequências, mas que se torna o estopim de uma longa doença da qual nenhum médico sabe o que se trata ou se pode ser curada. Por fim essa agonia o colocará diante da reflexão de seus atos no decorrer da vida.

Avaliação:


"A Morte de Ivan Ilitch" é uma novela com nenos de 100 páginas, mas devo dizer que, apesar do seu tamanho, ele não deixa nada a dever a respeito do que temos como uma boa história. Seu texto é marcado por reflexões sobre mortalidade e também sobre aquilo que faz o ato de viver valer a pena, bem como os gestos e valores dignos de lembrança.

Ivan, até o dia em que sua doença deixou bem clara que lhe traria o destino derradeiro, foi obrigado a examinar sua vida e consciência. Antes reclamando a estima e a preocupação daqueles que estavam a sua volta, passou a ser obrigado a refletir duramente sobre si mesmo quando aparentava não restar nada além da dor. Foi obrigado a descobrir que pouco valeu os esforços de aparência e respeitabilidade, que isso não o colocava acima dos outros e que sua reputação não o colocava um patamar acima a de qualquer outro ser humano. Que ele ainda seria frágil e teria o mesmo fim de qualquer modo. Seu alívio veio somente mediante a aceitação de que talvez sua existência não fosse algo digno de nota, mas que ainda poderia fazer algo certo. O certo era sua dívida para com os vivos e que, no fim das contas estava além de qualquer convenção social ao qual já se submetera. No fim, era justamente o que lhe prendia.

Imagino a repercussão que essa história causou na época de sua publicação. E definitivamente entendi porque tanta gente aprecia e indica a leitura.


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