E eis aqui mais uma das minhas leituras deste ano. Não que seja a mais recente, mas como sempre, foi aquela pela qual me interessei de imediato em escrever uma resenha. Ok, não tão de imediato assim, já que li 11 livros depois dele ("Vale das Bonecas" inclusive foi o que li logo depois deste), mas tudo bem, você deve ter entendido o que quero dizer.
Bom, antes de mais nada, vamos falar no escolhido: Mel e Amêndoas, de Maha Akhtar.
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Livro: Mel e Amêndoas (Miel y Almendras)
Autor: Maha Akhtar
Editora: Planeta do Brasil - 448 páginas.
O destino e as histórias de seis mulheres acabam se cruzando em um salão de beleza em Beirute, e elas compartilham momentos de solidão, felicidade, medo e frustração. Esse é o pano de fundo de “Mel e Amêndoas”, novo livro da jornalista Maha Akhtar. Mouna Al-Husseini, a atrevida proprietária do salão Cleópatra, luta para sobreviver com o pouco dinheiro que ganha, além de ter de aguentar a rispidez de sua mãe, que a repreende por nunca ter se casado. Já Amal, sua tímida assistente, mantém um segredo a sete chaves. Do outro lado do balcão, suas novas clientes desenvolvem um sentimento de profunda amizade, apesar de suas diferentes procedências sociais, religiosas e culturais: Imaan Sayah, uma importante diplomata libanesa, Nina Abboud, vítima da guerra que ainda não conheceu o verdadeiro amor, Lailah Hayek, uma ex-Miss Líbano infeliz no casamento, e Nadine Safi, esposa de um ex-embaixador e dona de uma calorosa personalidade. Essa narrativa sensível e envolvente, cheia de personagens femininas cativantes e histórias paralelas, leva-nos a caminhar pelas exóticas ruas de Beirute e sentir seus aromas, seus personagens e seus conflitos.
Antes de começar a resenha em si devo avisar: falar desse livro traz para mim um misto de sensações, que infelizmente não são lá muito agradáveis. E vou explicar a razão. Desde o momento em que descobri a existência desta obra, fiquei interessada de imediato. 'Mel e Amêndoas" logo de início tinha tudo para ser uma leitura especial:
- Porque gosto de livros que falem sobre vida de mulheres. (ainda mais quando são mulheres fortes)
- Porque gosto de livros que falem sobre mulheres do Oriente Médio. (quase sempre é uma narrativa forte, seja ficção ou não)
- Porque a autora é jornalista.
Ou seja, era um prato cheio para alguém com os meus gostos.
Bom, devo dizer que fui frustrada em algum momento. Ou em tantos momentos que nem sei dizer. Para ser franca, "Mel e Amêndoas" foi o pior livro que li este ano e, quiçá, um dos piores que já li na vida.
Antes de qualquer coisa: é um livro lento, que fala sobre amizade e também (de alguma forma) sobre o papel da mulher, com vários obstáculos possíveis seja no universo ficcional ou real, ainda mais levando em consideração o local onde a ação se passa. E olha que já li muitos livros sobre mulheres e ainda mais sobre mulheres do mundo árabe. Sempre foi um universo que me cativou, portanto não sofro de falta de bagagem no assunto. Ficcional ou não, as personagens são desinteressantes (a única que me causou algum interesse foi justamente Mouna, e ainda assim me decepcionei com ela). Elas foram escritas e mostradas de maneira boba e preguiçosa, cuja escrita não ajudou em nada. Uma perspectiva que não é nada boa tendo em vista a forma que a narrativa é desenvolvida.
O livro é narrado em 3º pessoa, no tipo que chamam de narrador observador. Não é o tipo de narrativa mais simples, mas normalmente é o que mais me agrada. O problema é que a autora conseguiu tornar o livro fraco, nada cativante e incompleto em vários setores, sem contar a "ação" que passa de um núcleo para outro várias vezes sem a menor nexo ou coerência. Para dizer a verdade, me senti como se estivesse lendo uma fanfic mal escrita, ou um pdf mal traduzido ao invés de uma obra literária. Além disso, "Mel e Amêndoas" tem o fim mais preguiçoso que já li na minha vida (não, isso não é um spoiler).
Em suma: uma decepção tremenda. O desperdício de R$ 44,90 porque eu tenho a edição física. Na ânsia de ler o livro, fiquei meses esperando pela versão ebook que só saiu há pouco tempo. Antes eu tivesse esperado mais, pois provavelmente teria R$ 15 a menos de prejuízo.
Enfim, decepções são inevitáveis na vida de um leitor. E esse livro vale uma coruja e olhe lá.
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