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A Garota da Biblioteca

Peguei Prisioneiros no Inverno sem muita expectativa. Mas me surpreendi, e de maneira muito positiva, pois o livro tem partes assustadoras. O livro inteiro tem um ou dois personagens masculinos de destaque, enquanto todo o restante é composto por mulheres, o que também me surpreendeu muito. Mulheres essas que são bem construídas, ativas, com diversas camadas de complexidade. Um livro muito, mas muito bom mesmo.

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Sinopse:
Muitos acreditam que a pequena cidade de West Hall seja mal-assombrada. Ao longo de sua história, vários casos de pessoas desaparecidas foram registrados na região mistérios nunca desvendados. Alguns moradores inclusive juram que o espírito de Sara Harrison Shea, encontrada morta em 1908, ainda vague pelas ruas à noite.

A jovem Ruthie acredita que tudo não passa de uma grande bobagem. Porém, quando sua mãe desaparece sem deixar vestígios, ela começa a desconfiar de que aquela região guarda algum mistério, e suas suspeitas são reforçadas quando ela e a irmã encontram uma cópia do diário de Sara escondido em casa. Na busca pela mãe, Ruthie encontra respostas perturbadoras, e ela pode ser a única pessoa capaz de evitar que um grande mal aconteça.


O livro

O livro começa mostrando o diário de Sarah Harrison Shea, uma mulher que foi assassinada em 1908. A cidade de West Hall carrega esse e outros amargos acontecimentos sob um véu de silêncio. Muito mistério ronda a história de Sarah e de outros habitantes na cidade que morreram ou desapareceram. Mas em seu diário, onde ela começa contando coisas que viu desde menina, temos uma visão bem profunda de sua vida e de seu relacionamento com Titia, uma mulher que a sociedade chamava de "feiticeira" e que assumiu a criação de Sarah e seu irmão depois da morte da mãe das crianças.

A casa de Sarah fica perto da Mão do Diabo, uma feição natural feita de pedras que lembra o formato de uma mão. As pessoas normalmente têm medo de ir lá, pois dizem que pessoas morreram e sumiram ao chegar perto das pedras. É entre suas memórias que descobrimos que ela viu um 'dormente' quando criança. Um dormente era alguém que morreu e foi reanimado por meio de um ritual. Sarah mal podia acreditar ao ver uma amiga andando pela floresta, com a mãe da menina em seu encalço, pedindo que Sarah não falasse nada. Foi um jeito muito interessante de se utilizar dos zumbis.

O livro vai e vem várias vezes pelas memórias de Sarah em seu diário, onde ficamos sabendo que ela casou e teve uma filha chamada Gertie, que amava profundamente. E na atualidade acompanhamos a vida de Ruthie, uma adolescente que, como todos os outros, não se contenta com a vida monótona que leva em West Hall. Uma noite, meio bêbada, ela chega em casa e fica feliz por não receber nenhum sermão da mãe. Mas no dia seguinte percebe que ela desapareceu.

Enquanto Ruthie e a irmã pequena vasculham a casa em busca de pistas para o que pode ter acontecido com a mãe, encontram uma cópia do diário de Sarah, que tinha virado livro, mesmo com algumas páginas faltando. E enquanto lemos estes dois universos descobrimos uma terceira mulher, Katherine, que se muda para West Hall após a morte do marido em um acidente de carro. Ela descobre que seu último paradeiro tinha sido essa cidade, onde ele conversa com uma misteriosa mulher de trança.

Não parece, mas os três enredos têm em comum a Mão do Diabo e o diário de Sarah. E chega um momento em que achamos que Sarah está completamente louca, ao menos é isso que seu marido acredita, e que todo mundo que tem contato com o livro de seu diário acaba tendo essa impressão também. O suspense em algumas partes é tão intenso que você quer parar de ler e continuar lendo ao mesmo tempo, pois os cenários são sombrios e em alguns momentos assustadores.

Título Original: Winter People
Autora: Jennifer McMahon
Páginas: 340
Ano: 2014
Editora: Record


Avaliação

Se a autora tivesse despejado toda a história de Sarah no começo, o livro perderia a graça. O modo como ela calibrou as partes entre o passado e o presente tornam o livro delicioso de ler. Você fica angustiada, com medo, temendo o que pode vir a seguir. Existem mortos, gente voltando dos mortos, amor e medo sendo despejados em cima do leitor de uma maneira que a gente não quer largar a leitura de jeito nenhum, mesmo suando frio com as situações em que os personagens se encontram.

As protagonistas são todas diferentes umas das outras, o que é ótimo. Cada uma representando um tempo diferente, vivências diferentes e muita determinação. Não é um livro em que os estereótipos, quando existem, sejam mal trabalhados, ao contrário, tornaram as personagens mais vivas e críveis.

Sem medo nenhum, ponho cinco corujas para o livro e recomendo que você leia, mas não leia à noite!

Gosta de new adults com mocinhos atormentados? Aliás, mocinhos atormentados, tatuados e lindos de morrer? Pois bem, você está na resenha correta: estamos falando de Lucas Landon, mocinho misterioso de "Easy" e que ganhou um livro só pra ele. Aliás, um livro mais que acertado...

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Título: Breakable
Autora: Tammara Webber
Editora: Verus | 364 páginas
Landon Lucas Maxfield teve uma infância privilegiada, levando uma vida tranquila com os pais e tendo um futuro promissor à sua frente, até que uma tragédia impensável destruiu sua família e o fez duvidar de tudo que um dia pareceu tão certo.
Agora um intenso e enigmático homem, Lucas só quer deixar o passado para trás. Quando ele conheceu Jacqueline, foi fácil desejar ser tudo aquilo de que ela precisava. Mas se há uma coisa que a vida lhe ensinou é que a alma é frágil e que todos os seus sonhos podem ser destruídos em um piscar de olhos.

Um detalhe: estamos falando de uma série, portanto habemus spoilers do livro anterior. Se você ainda não leu Easy, dê o fora e volte aqui depois. Se você leu, mas quer relembrar a história, temos uma resenha sobre o livro aqui no blog, então refresque sua memória antes de se aventurar nesse post. Só não diga que não foi avisada.

Sendo assim, vamos a Breakable e começando pelo básico: Landon Lucas é um garoto feliz. Um rapaz de ouro, com uma família amorosa e várias possibilidades para o seu futuro. Isso dura até o dia em que sua mãe é estuprada e assassinada e sua família se destroça, tanto pelos acontecimentos quanto pela incapacidade de lidar com o luto e o sentimento de culpa. E todas as possibilidades de futuro se destroçam ao mesmo tempo. Landon e seu pai saem da cidade e mudam para a casa do avô paterno em uma cidade litorânea.

Com isso, ocorre a grande virada negativa: longe de suas referências, sem o pai - que se torna a cada dia mais distante - e incapaz de lidar com o luto, o garoto passa a procurar todas as formas de fuga que estão ao seu alcance, como álcool e drogas. Ao mesmo o trauma deixou para Landon Lucas diversos gatilhos relacionados a abuso sexual. E são esses gatilhos que nortearão seu percurso, desde o inferno pessoal até seu caminho para reconstruir sua vida e seu futuro. Trajetória essa que é o objetivo do livro e da qual vou tentar não dar mais spoilers que o necessário.

Uma análise sobre o livro:

A obra em si tem uma forma bem interessante de narração. Escrita em primeira pessoa, ela se divide em dois pontos de vista distintos: Landon e Lucas. Landon é o garoto feliz do passado e também aquele que cresce sob a sombra do trauma da tragédia familiar enquanto Lucas é sua versão reconstruída e que tenta abrir seu caminho e construir o futuro.

Iniciamos a trama acompanhando Landon acordando no hospital e sofrendo o impacto inicial dos acontecimentos. Já estamos nos deparando com o grande ponto de ruptura e o início do seu grande pesadelo. Logo em seguida, alternamos para Lucas, em seu lugar na universidade e as impressões sobre como as pessoas reagem a sua presença e também sobre personagens importantes de “Easy”. Ou seja: uma alternância interessante e que dá alguma leveza ao contar uma história com temas bastante pesados, mas com alguns pontos de interesse que valem ser ressaltados e discutidos mais a frente.

Também vale a pena informar que Breakable não conta com o mesmo valor educativo que encontramos no primeiro livro, embora isso não seja algo que desmereça. O valor de entretenimento é maior, assim como o seu potencial de drama. Landon Lucas também é mais carismático como protagonista que Jackie no livro anterior, o que torna a tarefa de ler um livro com muitos pontos retomados de “Easy” ser bastante prazeroso.

(Desculpa Jackie, mas você realmente não ajudou muito até metade de "Easy").

A razão de contar uma história com as próprias palavras

Começando pelo básico: não se trata de uma continuação de Easy, nem mesmo da mesma história sob o ponto de vista do mocinho. Estamos falando de um livro que supre as lacunas deixadas pela história do personagem e que poderiam render páginas e mais páginas que não seriam devidamente aproveitadas caso fosse feito em "Easy". Lucas Landon tem uma voz e uma história que deve ser contada por ele mesmo.

Na verdade, nunca a decisão de um segundo livro foi tão acertada. Isso porque, em "Easy", quando os detalhes sobre o segredo de Lucas se revelaram sob a voz de Jackie, achei extremamente forçado. A sensação que tive na época foi de que a autora se esmerou em dramatizar algo e forçar uma situação que justificasse elementos que ela criou e eram significativos para a trama - a razão para as tatuagens, por exemplo. Mas quando tudo isso passou a ser mostrado pelos olhos do personagem, tudo passou a ter o viés de realidade e deixou de soar como uma barra forçada. Passou a ser real e palpável.

Quantas histórias passam a soar reais porque a pessoa ganhou a devida voz para contar?

A culpa, o luto e a cultura do estupro

Em “Breakable” temos um livro no qual a cultura do estupro - tão citada em “Easy”- marca sua presença, mas de outra forma. Se no livro anterior tínhamos como foco uma vítima direta e seu crescimento pessoal ao lidar com o turbilhão de aspectos dessa cultura, agora a luz se volta para alguém que sofreu as consequências de forma indireta e que passa a carregar uma consciência incomum a esse respeito, especialmente o do quanto as ‘piadas de estupro’ não tem a mínima graça e merecem repreensão.

Essa consciência, tão rara em homens, dará todas as explicações necessárias para vários pontos de “Easy” que soaram forçados sob o ponto de vista de Jackie. Isso desde o fato de ele sempre estar em todos os lugares quase ao mesmo tempo, até os detalhes do trauma em si, que conforme mencionei antes, me soaram como forçação de barra por parte da autora inicialmente.

Vale dizer também que a presença de uma protagonista feminina nesse livro é velada. Ok, temos Jackie na vida do rapaz, mas embora ela seja uma personagem importante para o andamento da trama, a mãe dele é a presença mais vigorosa. É pela lembrança dela e pela sombra do que aconteceu a ela que sua história se desenvolve. É desse ponto que ele parte e forma sua trajetória, desde o inferno no qual ele lida com culpa e luto até o momento em que se torna capaz de enxergar uma luz no fim do túnel.

Avaliação do livro

Temos um livro que não tem o valor educativo de seu antecessor, porém lida com outros assuntos pertinentes a cultura do estupro e que merecem discussão. Temos também um protagonista carismático até mesmo em seu drama além de crível de uma forma que nem sempre temos o prazer de encontrar em um new adult, gênero normalmente tão dedicado à pegação. A escrita é fluída e os problemas que senti em "Easy" quase não surgiram em "Breakable", de modo que o desempenho é melhor em comparação ao livro anterior. Isso obviamente se reflete nas quatro corujinhas em comparação a três corujas que "Easy" ganhou em sua avaliação.
Normalmente ocupamos o espaço dos nossos blogs para falar de coisas boas, porém, que mal tem em variar um pouco? Enfim, esse é um post para falar de altas expectativas e que nem sempre correspondem a realidade. Ou seja: crie porco, galinha, cachorro, mas não crie expectativas. E acho que posso falar um pouco a respeito disso

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Inicialmente eu pensei em um Top 10 das decepções literárias, porém descobri que minha capacidade para odiar não parece ser tão grande assim - sem contar o fato de que minha memória nunca foi lá muito eficiente. Acabei decidindo que um Top 5 seria sacrifício até mais que o suficiente.

5. Uma História da Terra e do Mar - Katy Simpson Smith


Esse livro fez pare das minhas leituras mais recentes - tanto que deve ser resenhado em pouco tempo. Vi as informações de lançamento dele no Skoob, me interessei pela sinopse e fiquei no aguardo. Comprei o livro físico assim que esteve em um preço bom. E poucas vezes senti tanto arrependimento na vida.

A escrita é interessante. A narrativa é bonita, mas sabe quando aparentemente a autora só estava interessada em escrever frases bonitas, mas não necessariamente chegar a algum lugar ou contar uma história? Pois é, foi o que eu senti.

A história partiu do nada ao lugar nenhum e até mesmo eu - que não me importo se uma história parece lenta ou não - fiquei entediada e com vontade de jogá-lo longe. Não o fiz. Terminei a leitura, mas senti que perdi longas horas da minha vida com esse livro. E definitivamente não tenho interesse em procurar mais nada escrito por essa autora.

4. O Momento Mágico - Jeffrey Zaslow


Esse livro também gerou grandes expectativas no meu coraçãozinho de leitora. Embora esteja longe de ser uma alma romântica, óbvio que como jornalista eu me interessaria pelo cotidiano e pelas histórias de uma loja tradicional de vestidos de noivas, especialmente quando os relatos não são ficcionais. E seguindo o velho cronograma esperei até ter a grana e comprei o ebook porque não estava disposta a esperar a entrega. Queria ler rápido.

E me decepcionei pelo que encontrei. Não que tenha sido problemático, ou com sérias falhas de enredo, mas achei toda a situação muito forçada. Que toda a escrita tinha o claro objetivo de causar uma emoção que me soou exagerada, ou que o autor não soube trabalhar de um modo mais natural. Ou talvez meu velho ceticismo não tenha me ajudado nessa hora. Talvez eu apenas não seja romântica o suficiente para isso.

Enfim, habemus decepção.

3. Aprendi com Jane Austen - William Deresiewicz


Quem está acostumado a acessar o blog ou interage comigo nas redes sociais já deve ter notado que sou fanzoca de Jane Austen, o que significa que procuro ler até os spin-offs e outros livros baseados em sua trabalho. Essa obra não seria exceção e eu a desejei desde o exato momento em que descobri sua existência.

Devo dizer que eu preferia ter ignorado. Teria economizado boas horas do meu tempo.

A conclusão que cheguei a respeito desse livro é de que o autor era simplesmente um cara babaca e chato que - após ler os livros de Jane Austen - tornou-se apenas um cara chato. Aliás, tudo ali se resumia em falta de educação, simples assim.


2. Mel e Amêndoas - Maha Akthar


Devido a minha descendência síria e minha inevitável curiosidade e anseio por histórias de mulheres fortes do oriente médio, eu embarquei sem nem pensar duas vezes.

Leitor: eu deveria ter pensado 20 vezes antes de comprar esse livro. Infelizmente foi na época em que ele não estava disponível em ebook e não pude verificar a amostra. Confiei no meu coração (dramática) e esperei ter algo bom em mãos, mas maldita seja a expectativa...

Ao invés do que esperava, eu me deparei com um livro mal escrito, mal amarrado, de personagens caricatos e desinteressantes e fluxo de acontecimentos totalmente sem nexo. E claro, também o livro com um dos finais mais preguiçosos que já li na vida.


1. As Senhoritas de Amsterdã - Martine Fokkens Louise Fokkens


Ainda no embalo do interesse por mulheres consideradas fortes, sempre tive curiosidade na figura das irmãs Fokkens. E claro que um livro que prometia suas histórias me deixaria interessada. O problema é que a situação mudou muito depois que tive contato com a obra.

O livro tem exatamente 208 páginas e levei quatro meses e meio para ler. Bizarro levando em consideração de eram pequenas histórias, todas com poucas páginas, entre passado e presente. Ainda mais bizarro porque leio livros bem maiores que esse em muito menos tempo. Mas grande parte das histórias eram absolutamente banais, sem graça e sequer mereceriam ganhar a notoriedade de um registro escrito.

E você? Também tem alguma decepção literária? Então divida seu sofrimento com a gente e deixe um comentário! 
Eu sou muito, mas muito fã dos livros de Sandra Brown. Tenho uma grande dificuldade de ler qualquer coisa fora da ficção científica, porém curto muito os thrillers que ela escreve e a tensão que eles me fazem passar. Sem contar que tem cenas de sexo maravilhosas, capazes de umidificar as leitoras. Calafrio é um daqueles livros em que você não deve se levar pelas aparências e todo cuidado é pouco.

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Sinopse:
A bem-sucedida jornalista Lilly Martin queria apenas vender seu chalé nas montanhas e se livrar do último vínculo que mantinha com seu ex-marido, o delegado Dutch Burton. Mas uma violenta tempestade de neve adia um pouco mais sua saída da gélida e afastada Clearly, na Carolina do Norte: ao deixar a cidade, Lilly perde o controle do carro e atropela acidentalmente Ben Tierney. Sem outra escolha, os dois são obrigados a esperar juntos, em um chalé, o mau tempo passar. Com a estrada interditada, celulares sem sinal, linhas telefônicas inoperantes, pouca comida, nenhuma lenha e a água congelando nos canos, Lilly descobre que sua maior ameaça não é o clima, mas o homem misterioso com quem divide a casa.

Lilly se divorciou do marido e tudo o que ela quer é sair do chalé, terminar a venda da casa e voltar para seu apartamento em Atlanta. Precisa encerrar aquele capítulo tão difícil de sua vida. Mas ela está em Clearly, sua cidade-natal, tendo que conviver com o ex-marido enquanto esvazia o chalé nas montanhas para partir para sempre. Dutch é delegado em Clearly, com todos aqueles estereótipos de policial do interior, durão, machão e que gosta de bater na mulher.

Mas Clearly também é conhecida pelo desaparecimento de cinco mulheres. As famílias não têm explicação sobre o que houve com elas, nem suspeitos. O assassino ganhou até a alcunha de Azul, por sempre deixar um pedaço de tecido ou de fita azul nos locais onde suas vítimas desaparecem. Muitas especulações rondam a cidade, porém respostas ninguém têm. Enquanto isso, Lilly fecha a porta do chalé e entra no carro. Enquanto está descendo a montanha, no entanto, uma das maiores tempestades de neve desce sobre toda a cidade. Resultado: ela bate o carro depois de quase atropelar um transeunte. Ele é Ben Thierney, um jornalista de “aventura”, que adora esportes radicais. Ele já estava no topo da montanha e antes de conseguir descer, a tempestade também o pegou. O jeito é voltar para o chalé enquanto a estrada ainda está visível e aguardar o resgate.

Nada nos romances de Sandra Brown é simples. Ela destila o enredo aos poucos, mostrando vários personagens que guardam segredos e até vida dupla. Lilly e Ben acabam juntos e isolados no alto da montanha, enquanto lá embaixo Dutch quer mover mundos e fundos para tirá-la de lá. Os habitantes da cidade também são estranhos e muitos não simpatizam com Lilly por ela ter pedido o divórcio do delegado. Enquanto isso, lá em cima, Ben se mostra cada vez mais misterioso, especialmente quando Lilly encontra um par de algemas e uma arma na mochila dele. Ou seja, Sandra nos faz sofrer o tempo todo, até bem perto do final.

Outra coisa que curto nas obras dela são as cenas de sexo. Diferente de alguns livros eróticos onde temos tamanho de pica, cor, sabor e textura, as cenas de Sandra são centradas na sensualidade, no erotismo e, isso é muito bom, no prazer da mulher. Sempre temos protagonistas fortes, algum homem sedutor, os clichês do gênero, mas que são bem trabalhados pela autora.

Título Original: Chill Factor
Autora: Sandra Brown
Páginas: 448
Editora: Rocco

Avaliação:

Sensual, com suspense, com thriller, com sensação de calafrio tanto pelo tempo ruim quanto pelo enredo, cena de sexo muito boa e gostosa e tensão até o fim. É assim que o livro é e recomendo para as fãs do gênero. Quatro corujinhas.

Romances históricos me encantam. Especialmente se forem sobre pessoas que realmente viveram. Gosto de ver como foi feita a pesquisa e a reconstrução histórica da vida daquele personagem e poder olhar melhor para aquele mundo passado. A Rainha Normanda tem uma protagonista forte, a rainha Emma, da Inglaterra e que viveu em um mundo controlado por homens e pela violência.

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Sinopse
Em 1002, Emma da Normandia, uma nobre de apenas 15 anos, atravessa o Mar Estreito para se casar. O homem destinado a ser seu marido é o poderoso rei da Inglaterra, Æthelred II, muito mais velho que ela e já pai de vários filhos. A primeira vez que ela o vê é à porta da catedral, no dia da cerimônia. Assim, de uma hora para outra, Emma se torna parte de uma corte traiçoeira, presa a um marido temperamental e bruto, que não confia nela. Além disso, está cercada de enteados que se ressentem de sua presença e é obrigada a lidar com uma rival muito envolvente que cobiça tanto seu marido quanto sua coroa. Determinada a vencer seus adversários, Emma forja alianças com pessoas influentes na corte e conquista a afeição do povo inglês. Mas o despertar de seu amor por um homem que não é seu marido e a iminente ameaça de uma invasão viking colocam em perigo sua posição como rainha e sua própria vida. Baseado em acontecimentos reais registrados na Crônica Anglo-saxã, A rainha normanda conduz o leitor por um período histórico fascinante e esquecido, no qual fantasmas vigiam os salões do poder, a mão de Deus está presente em cada ação e a morte é uma ameaça sempre à espreita.

Governando na época compreendida entre o rei Artur e a rainha Elisabeth I, a rainha Emma é uma heroína inesquecível cuja luta para encontrar seu lugar no mundo continua fascinante até hoje.

O livro

A Rainha Normanda é o primeiro livro de uma trilogia que tentará retratar a vida de Emma da Normandia, que com 15 anos foi enviada para a Inglaterra para cumprir um tratado: casar-se com o rei inglês numa tentativa de comprar a lealdade da Normandia que sempre tinha portos abertos para os noruegueses e dinamarqueses em suas expedições vikings. Isso assustava o rei inglês Æthelred e medidas para garantir a segurança da Inglaterra foram cobradas. Seu tratado com o duque da Normandia, irmão de Emma, era não apenas casar-se com Emma, mas torná-la rainha consorte, o que aumentava seu poder sobre o rei inglês.


Emma achava que qualquer bom casamento da família seria de sua irmã Mathilde. Tanto que quando viu a agitação no palácio, pensou que era disso que se tratava. Depois de dias de tensas conversações e do estado de saúde de Mathilde piorar de suas constantes crises de saúde, a revelação: era Emma quem iria para a Inglaterra.

Sabendo que tinha que cumprir seu dever, Emma vai, sabendo que muita coisa depende de sua atuação na corte. O rei Æthelred II, 20 anos mais velho, acabara de ficar viúvo, tendo deixado vários filhos e havia muita especulação sobre o anúncio do herdeiro do trono. Este é um rei perturbado pelas visões do irmão morto, que era o herdeiro original e as implicações dessa morte. E ele não recebe Emma com cortesia, ela é tratada com frieza por todo mundo, até pelos filhos do rei, que deixam claro que a odeiam. Ela constantemente lembra do que sua mãe disse antes da viagem: você é a mais forte para aguentar as agruras que virão.

E como Emma sofre... Há uma imensa pressão para que a rainha engravide e chegam a boicotar uma de suas gestações com um chá abortivo. Se sua posição na corte não se firmar, ela pode acabar afastada do rei com a alegação de ser infértil, ser enviada para um convento e qualquer amante do rei assumiria seu lugar. O rei é também um homem violento. Ele bate e estupra Emma, alegando que isso fará com que sua "semente" se fixe na rainha, o que quase destrói sua vida.

Como se não bastasse tudo isso, Emma ainda é o alvo da fúria de Elgiva, filha do ganancioso conde da Nortúmbria e que se aproxima do rei querendo ser sua amante. Emma se sente isolada na corte, nutrindo um amor proibido por Athelstan, o filho mais velho do rei, sabendo que não pode se entregar a isso.


Ficção e realidade

Eu sempre fico com uma sensação de incômodo quando leio livros com explícita violência à mulher. Percebi que a intenção da autora não foi de colocar um estupro e um espancamento para dar ~força~ à personagem (a desculpinha que vimos em Game of Thrones). A intenção foi justamente a de retratar o ambiente violento da Idade Média e de como uma mulher vivia sob o risco múltiplo do marido, dos inimigos dele, da corte e da vida em si. Emma sofre com agressões verbais do rei o tempo inteiro, com os olhares atravessados de muitos dos nobres leais ao trono e vive sufocada pela impossibilidade de se locomover como quiser pelo reino.

É claro que a cena incomodou. E muito! Não é fácil pensar e imaginar a cena, sabendo que aquilo aconteceu e acontece na vida das mulheres ainda hoje. O estupro marital é ainda mais difícil de provar que o estupro causado fora de um casamento ou relacionamento, pois há a ideia de que a mulher não pode negar sexo para o companheiro. A situação de Emma é muito pior quando se leva em conta a questão da sucessão do trono, pois se ela não engravidasse, sua própria vida estaria em risco. Emma era uma garantia para a Normandia e um incômodo para o rei, que não fazia questão em esconder isso.

Emma é tida como a primeira das grandes rainhas medievais. Ela é a figura central em Encomium Emmae Reginae, uma fonte para as políticas do século XI, um compêndio feito a pedido de Emma, em 1040. Por volta dessa época, Emma era a mulher mais rica da Inglaterra, tendo um poder político grande e muito invejado até mesmo pelos antigos barões.

Título: A Rainha Normanda
Título original: Shadow On The Crown
Autora: Patricia Bracewell
Páginas: 400
Editora: Arqueiro


Avaliação

Apesar de todo o incômodo gerado pela obra, a autora foi bem sensível em retratar a vida de Emma. A violência foi mostrada como uma consequência horrível da vida das mulheres e temos amplas visões dos pensamentos de Emma, que não é uma espectadora, é uma protagonista ativa na trama e que começa a ficar mais esperta conforme seus meses na corte passam. Recomendo a leitura, com o alerta para uma cena de estupro. Quatro corujas.

Não me lembro de já ter citado isso antes, mas "A Redoma de Vidro" é um dos meus livros preferidos de todos os tempos. Embora já conhecesse por nome - e também por diversas resenhas de vloggers - tive acesso a ele há pouco tempo, quando o título foi relançado no Brasil. E depois da leitura, também passei a me interessar pela vida da autora.

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Não é de hoje que a vida de Sylvia Plath desperta curiosidade. A conjunção de intensidade de seu trabalho e de sua morte trágica com certeza causaria o interesse de qualquer um, tanto que podemos encontrar diversas biografias no mercado literário. O problema é que quase todas elas são amplamente criticadas pelo tratamento concedido as pessoas citadas. Em meio a toda essa polêmica, fiquei interessada quando vi a noticia da publicação de "Ísis Americana", pela Bertrand Brasil.

Ísis Americana: A Vida e a Arte de Sylvia Plath
Autor:Carl Rollyson
Editora: Bertrand Brasil | 392 páginas
A vida e a obra de Sylvia Plath assumiram proporções lendárias. Educada na Smith College, uma faculdade particular de artes para mulheres, a escritora norte-americana manteve um relacionamento conflituoso com a mãe, Aurelia, e, após o casamento com o poeta Ted Hughes, foi absorvida pelo redemoinho da consagração literária. Seus poemas foram disputados, rejeitados, aceitos e, por fim, aclamados por leitores de todo o mundo.

Aos 30 anos, Sylvia cometeu suicídio enfiando a cabeça num forno enquanto os filhos dormiam no andar de cima, em quartos que ela vedara contra o gás venenoso. Ariel, uma coletânea de poemas escritos numa velocidade avassaladora durante seus derradeiros meses de vida, tornou-se um clássico moderno. Seu único romance, A redoma de vidro, passou a fazer parte do cânone literário, constando em listas de leituras para estudantes de vários países.

Nesta biografia a primeira a utilizar materiais recém-integrados aos arquivos de Ted Hughes na Biblioteca Britânica , Carl Rollyson nos apresenta uma Sylvia Plath poderosa, que abraçou tanto a baixa quanto a alta cultura para se transformar na Marilyn Monroe da literatura contemporânea.
Como eu já sabia das discordâncias a respeito das biografias de Plath, fui procurar informações e resenhas sobre "Isis Americana" no Goodreads e ver qual foi a recepção recebida pelo livro. Momento esse no qual tive um banho de água fria pelo número de críticas. De qualquer modo, resolvi investir na leitura já que não contava com maiores opções. E me arrependi profundamente pela insistência.

Não posso falar a respeito dos dados da biografia em si e das maiores polêmicas que o assunto Sylvia Plath e seu casamento com Ted Hughes é capaz de despertar. Não sou versada na vida da autora, nem ciente da maioria das informações aos quais outros leitores de países com maior mercado teriam mais acesso e facilidade para discorrer. Mas posso falar da obra como um todo, de sua linguagem e de seus problemas.

Se você leu a sinopse, deve ter notado a inserção de Marilyn Monroe no assunto. Parece ok, pelo menos lendo rápido. Um leitor comum espera que seja apenas um chamariz, uma forma de fazer com que todos possam entender o quanto Sylvia Plath é icônica. O problema é que o autor estabelece relações e comparações entre ambas durante o fucking livro inteiro, até mesmo onde sequer há contexto para tal. Tudo isso a ponto do leitor ter vontade de mandá-lo escrever a biografia da atriz. O problema é que ele já escreveu sobre Marilyn Monroe, e pelo visto está bem longe de esgotar o assunto...

Outro problema é que a escrita é tediosa. A salvação fica por conta de boas informações a respeito da personalidade e da vida particular de Plath e Hughes: coisas que toda biografia tem e que aparentemente eram de amplo conhecimento (muitos resenhistas do Goodreads afirmaram que o livro não traz informações novas), mas que pra mim eram novidade.

Um alerta importante é que essa não é uma biografia recomendada para quem está se iniciando em Sylvia Plath, como foi o meu caso. O indicado é que ele já tenha conhecimento prévio dos trabalhos da autora e talvez até mesmo de outras biografias escritas sobre a poeta. Caso contrário, é como tentar entender um filme complexo sem sequer ter assistido a metade.

Minha avaliação? Duas corujas e olhe lá.

E eis que a dona Sybylla atacou de novo e me indicou para responder uma TAG. Porque afinal tags são lindas, são maravilhosas, cheirosas e tudibão. Sem contar que são ótimas pautas para tempos de poucos posts. Sim, sou preguiçosa, admito.


Então, a sommelier de male tears me indicou para a tag "Sete coisas que..." e nem preciso explicar muito porque é autoexplicativa mesmo. E claro, não estamos falando em literatura, mas em coisas que podem ser um pouco mais pessoais.

Ok, então vamos lá:

Sete coisas para fazer antes de morrer

  1. Aprender inglês.
  2. Traduzir minhas fanfics para o inglês.
  3. Ler livros em inglês.
  4. Terminar as fanfics comecei mas entraram em hiatus (muitas)
  5. Aprender defesa pessoal.
  6. Assistir a pelo menos um show do A9
  7. Ir a mais um show do The GazettE

Sete coisas que eu mais falo:

  1. "Putz!"
  2. "Ferrou"
  3. "Tô com sono"
  4. "Tô com fome"
  5. "Oi?"
  6. "Ai que merda..."
  7. "Hoje eu vou dormir cedo"

Sete coisas que eu faço bem

  1. Dormir
  2. Escrever
  3. Ouvir (no sentido de ser paciente e ter empatia)
  4. Dormir
  5. Dormir
  6. Dormir
  7. Eu já disse 'dormir'?

Sete coisas que eu não faço

  1. Subir escada pra trocar lâmpada ou limpar lugar alto.
  2. Lidar com fogo (acender isqueiro, fogueira, forno)
  3. Tomar banho frio
  4. Ficar no sol
  5. Ler / escrever poesia
  6. Qualquer coisa relacionada a artesanato
  7. Contas. (gente, sou de humanas...)

Sete coisas que me encantam

  1. Livros
  2. Escrita bem trabalhada
  3. Animais fofos
  4. Fotos de astronomia
  5. Balé
  6. Ginástica artística
  7. Filmes de dança e de ginástica artística

Sete coisas que não gosto

  1. Altura
  2. Fogo
  3. Calor
  4. Gritaria
  5. Gente cantando alto perto de mim
  6. Multidões
  7. Cheiros muito fortes - incluindo de frutas.

Sete pessoas para fazer também:


PS: Não tenho sete pessoas para indicar nessa tag porque definitivamente sou muito forever alone, pelo menos por hora. Nesse caso, sinta-se livre para responder, se quiser,  e se for possível deixe o link aqui no campo dos comentários. :-)
Os romances de época, especialmente aqueles com um leve toque de comédia e também de erotismo, são livros que tem feito bastante sucesso nas prateleiras. Alguns dos mais requisitados são os da autora Julia Quinn, com sua coleção “Os Bridgertons” que conta a trajetória amorosa dos oito irmãos que compõem a prole. Uma série ambiciosa já que não faltam irmãos para explorar.

“Para Sir Phillip, Com Amor” é o quinto livro da série e dá a vez para Eloise, bem conhecida de todos os leitores das edições anteriores com seu senso de humor mordaz e jeito travesso. Provavelmente também é um dos livros mais aguardados já que a personagem gerava bastante expectativa. O problema é que “quanto mais alto se sonha, mais alto também é a queda.”

Se você não sabe da premissa do livro, dá uma olhada aqui pra economizar tempo:


“Para Sir Phillip, Com Amor”Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro | 288 páginas
Eloise Bridgerton é uma jovem simpática e extrovertida, cuja forma preferida de comunicação sempre foram as cartas, nas quais sua personalidade se torna ainda mais cativante. Quando uma prima distante morre, ela decide escrever para o viúvo e oferecer as condolências. Ao ser surpreendido por um gesto tão amável vindo de uma desconhecida, Sir Phillip resolve retribuir a atenção e responder. Assim, os dois começam uma instigante troca de correspondências. Ele logo descobre que Eloise, além de uma solteirona que nunca encontrou o par perfeito, é uma confidente de rara inteligência. E ela fica sabendo que Sir Phillip é um cavalheiro honrado que quer encontrar uma esposa para ajudá-lo na criação de seus dois filhos órfãos. Após alguns meses, uma das cartas traz uma proposta peculiar: o que Eloise acharia de passar uma temporada com Sir Phillip para os dois se conhecerem melhor e, caso se deem bem, pensarem em se casar? Ela aceita o convite, mas em pouco tempo eles se dão conta de que, ao vivo, não são bem como imaginaram. Ela é voluntariosa e não para de falar, e ele é temperamental e rude, com um comportamento bem diferente dos homens da alta sociedade londrina. Apesar disso, nos raros momentos em que Eloise fecha a boca, Phillip só pensa em beijá-la. E cada vez que ele sorri, o resto do mundo desaparece e ela só quer se jogar em seus braços.
Agora os dois precisam descobrir se, mesmo com todas as suas imperfeições, foram feitos um para o outro.

Pois bem: gosto muito da série e amo os dois primeiros livros (sim, minha gente: eu gosto de romance. Problem?). O problema é quanto mais longa a série, maior o risco da leitura se transformar em algo tedioso e cansativo. No caso de "Os Bridgertons" isso vem acontecendo desde o terceiro livro: a qualidade foi decrescendo e o resultado desse livro mais recente não foi nada animador para o meu coraçãozinho de fã.

Eloise não é mais aquela garota travessa que conhecemos nas primeiras obras. Agora ela já é uma mulher e vista como alguém que provavelmente ficará solteira, o que naquela época não era um destino desejado mesmo fosse por pura e simples opção. Se antes estar sozinha era de fato uma opção, Eloise fica tentada a querer algo mais, e claro, como estamos falando de algo escrito por Julia Quinn, precisamos de um tipo difícil de homem como algo mais. E sim, esse é dos difíceis mesmo. E na hora de montar o quebra-cabeças, as peças se juntaram, mas sabe quando o conjunto não parece funcionar?

É, pelo menos no meu caso, esse livro não funcionou. E isso aconteceu mesmo com a trama seguindo todas as formulas normais do método Quinn de contar histórias: o elemento traumatizado, o elemento extrovertido, (ou ainda o elemento extrovertido e também traumatizado), o envolvimento rápido e que culmina no casamento, uma - ou várias - cenas de sexo como lua de mel, um período básico de calmaria, um conflito bem razoavelzinho para expor o tal trauma de uma das partes a ser resolvido lá pelo final e, por fim, o 'felizes para sempre'. Spoiler? Não, esse é o normal e isso está até mesmo implícito na sinopse.

Ou seja: o quebra-cabeças tem sua fórmula básica de resolução, uma série de clichês que funciona bem na maior parte do tempo, mas que não me desceu lá muito bem nesse livro. As peças se encaixaram, mas na base do fórceps. E olha que nem estou falando de verossimilhança pois não dá para cobrar isso, com uma sinopse dessas. Uma sinopse pode não fazer sentido, mas pode ser resolvido em uma narrativa planejada. O problema é que o humor e a leveza que tanto caracterizam a escrita da autora não fluíram, e fez com que as arestas de cada elemento atrapalhassem a montagem daquilo que ela pretendia contar.

No fim, isso foi o bastante para que eu perdesse as esperanças a respeito dos próximos livros. Então... duas corujas de avaliação e uma forte recomendação de que evitem o "Para Sir Phillip, Com Amor" enquanto os demais livros não saírem.

Em 2015 eu prometi a mim mesma que daria mais oportunidade para os clássicos, e dando seguimento a essa proposta, escolhi "O Conde de Monte Cristo" para ser um dos livros a fazer parte da empreitada. Suponho que você já conheça a história, afinal é um dos mais populares entre os clássicos e conta com diversas adaptações para o cinema, mas caso não tenha a mínima ideia sobre o que se trata, veja aí:

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Sinopse:
O Conde de Monte Cristo - Traições, denúncias anônimas, tesouros fabulosos, envenenamentos, vinganças e muito suspense. A trama de O Conde de Monte Cristo traz uma emoção diferente a cada página e talvez isso explique porque a obra do escritor francês Alexandre Dumas se transformou em um clássico da literatura mundial, mexendo com a imaginação dos leitores há mais de 150 anos.

No romance, o marinheiro Edmond Dantés é preso injustamente, vítima de um complô. Anos depois, consegue escapar da prisão, enriquece e planeja uma vingança mirabolante. A galeria de personagens criada por Dumas faz um retrato fiel da França do século XIX, um mundo em transformação, em que passou a ser possível a mudança de posições sociais. As aventuras de Dantés ainda ganharam diversas versões cinematográficas que colaboraram para o sucesso da trama.

Antes de começar a resenhar de verdade, devo dizer que, embora conte com várias adaptações para o cinema, nunca assisti a nenhuma delas. Portanto, li esse livro estando razoavelmente no escuro. E meu deus, que livro. QUE LIVRO!

"E agora - disse o desconhecido -, adeus bondade, humanidade, gratidão... Adeus a todos os sentimentos que regogizam o coração...! Tomei o lugar da Providência para recompensar os bons... que o Deus vingador me ceda o seu para punir os maus!"

(p. 408)

Certamente você já deve ter escutado que a vingança é um prato que se come frio. Devo dizer que esse livro leva isso bem a sério. Dantés tinha tudo e perdeu em um piscar de olhos: sua família, sua liberdade, sua carreira em ascensão e também grande amor. Ele foi preso e condenado injustamente às vésperas de seu casamento e seu cativeiro dura 14 anos. Além disso, entre sua fuga e sua chegada para o início da vingança também se passa muito tempo, então temos aqui um homem paciente e sem nada a perder. Após tanto tempo de inferno, tudo o mais é lucro. E a essa altura, tempo e paciência são coisas que o protagonista tem de sobra.

Algo bem interessante a respeito da vingança é notar como Dantés é bastante hábil ao manipular o que está a sua volta, porém quase tudo que acontece aos seus inimigos é desencadeado como consequência de seus próprios atos. Cada um deles tem ambições e falhas de caráter que vão determinam o jogo e os acontecimentos. Se não houvesse Dantés envolvido em muitas dessas situações, boa parte delas poderia ser classificada como um "aqui se faz, aqui se paga".

"O Conde de Monte Cristo" é retrato bem cru e mordaz a respeito da natureza humana e da forma que a vingança pode afetar a tudo e a todos que estão em volta. Nem tudo é vingança e regojizo. Para dizer a verdade, o preço de ser deus ou ter poder semelhante em mãos é bem alto. Até que ponto a vingança é uma questão de justiça e reparação? O que determina o limite entre justiça e maldade? Essas são questões que permeiam a obra e sustentam uma história imensa em todos os sentidos.

Não vale ter medo de livrão:

Falando em história imensa, você já deve ter notado que é um livro grande, não? Originalmente, a obra foi publicada em forma de folhetim, o que justifica a forma como muitos personagens vão ficando para trás e reaparecendo apenas bem depois, ou como as tramas vão aparecendo e sendo resolvidas antes de passar para outro ponto.

A publicação em folhetim também é algo que justifica alguns erros de continuidade. Alexandre Dumas não era do time que tinha grande cuidado com a revisão de suas obras antes da publicação, sem contar o fato de se envolver com o desenvolvimento de vários livros ao mesmo tempo. Esses erros provavelmente passam despercebidos pela maioria, que vai no calor da leitura, mas que pode incomodar um pouco os mais atentos. Também existem pontos nos quais os acontecimentos soarão bastante improváveis, mas basta lembrar que: primeiro, estamos falando de um folhetim; e segundo, se houver dinheiro e tempo no meio, pouco pode ser considerado inverossímil. E dinheiro é algo Dantés também tem de sobra.

Então isso quer dizer que não vale ter medo de livrão: a história é super envolvente e sua linguagem é bastante convidativa. Seus enredos são familiares e você mal sente as páginas passando, mesmo que por muito tempo a história se concentre em personagens em especial e pareça esquecer de outros durante boa parte do tempo. Não é a toa que esse livro é considerado um dos grandes marcos da literatura.


Avaliação

Cinco corujas merecidas!

Título original: Le Comte de Monte-Cristo
Autor: Alexandre Dumas
Editora: Zahar
Número de páginas: 1663 páginas.

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