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A Garota da Biblioteca

Lembra quando mencionei sobre o fato de eu ler como se estivesse em uma maratona? Pois é, esse livro tem uma história. Eu comecei e terminei de lê-lo no mesmo dia em que terminei "A garota que você deixou para trás", em um domingo de tédio no qual estive offline. Não é a primeira vez que emendo um livro no outro, mas foi a primeira com a qual conseguir atingir um estado de exaustão mental.

Quando terminei o livro de Jojo Moyer, quis me envolver com uma leitura diferente. Nada de dramas ou romances, pelo menos após uma série anterior de leituras bem carregadas. Vasculhei o que tinha disponível no Kindle e acabei me deparando com a perspectiva de me envolver com algo do nosso querido João Verde (ok, infame, mas tudo bem.).


O Teorema Katherine - John Green
Editora Intríseca - 304 páginas
Após seu mais recente e traumático pé na bunda - o décimo nono de sua ainda jovem vida, todos perpetrados por namoradas de nome Katherine - Colin Singleton resolve cair na estrada. Dirigindo o Rabecão de Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e o melhor amigo no carona, o ex-criança prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar o fora, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, através da linguagem universal da matemática, o desfecho de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam. Uma descoberta que vai entrar para a história, vai vingar séculos de injusta vantagem entre Terminantes e Terminados e, enfim, elevará Colin Singleton diretamente ao distinto posto de gênio da humanidade. Também, é claro, vai ajudá-lo a reconquistar sua garota. Ou, pelo menos, é isso o que ele espera.

Antes de mais nada, conheci John Green por causa de "A culpa é das estrelas", e por sorte foi antes de o livro ter estourado no Brasil. Embora eu o tenha conhecido através de seu "marco profissional", não esperei nada com o qual pudesse fazer uma comparação. Simplesmente não há o menor sentido em querer fazer uma comparação a não ser pelas referências nerds então essa percepção já foi o bastante para me livrar do lugar comum dos fãs alucinados pelo "Okay, Okay". Nesse caso, vamos lá:

Dentre os livros que já li do John Green, este foi o menos interessante. Os que li até o momento foram: "A culpa é das estrelas", "Will Grayson, Will Grayson", e "Cidades de Papel", nessa ordem. E embora tenha personagens legais, "O Teorema Katherine" não me conquistou. Em primeiro pelo tamanho das referências matemáticas, afinal um livro que fala em teoremas tem de ter matemática (dãããã...). Eu tenho sérios problemas com matemática, números e exatas em geral, simplesmente não rola. Em segundo porque, ao contrário dos outros livros, não teve uma ação concreta, algo que interessasse ao leitor. Ou melhor, a ação que deveria ser o ápice veio no começo do texto, portanto as situações de pico nas quais Colin se envolveu posteriormente não tinham um auge. Pelo menos não como eu esperava, então embora houvessem passagens de humor bem interessantes, na prática o livro era maçante.

De qualquer modo, consegui gostar MUITO de Hassan e do rabecão de satã. Figuras impagáveis e que fizeram o livro valer a pena enquanto Colin estava perdido demais em sua fossa e em seu desespero para transcender o prodígio em busca da genialidade, o que aparentemente se passou em uns 90% do livro. Essa busca, além das histórias com "Katherines" em si são o que há de mais importante para saber. Ele não quer ser o mero digitador, o mero imitador. Ele quer ser o criador, o autor, o gênio. É fácil entender o desejo dele enquanto se é adolescente. Quem não quer ser importante? Fazer algo de representativo no mundo? É um desejo normal, mas no caso de Colin é uma obsessão, e é nesse sentido que se dará o seu aprendizado, por isso mesmo é um livro no qual a ação não é exatamente uma "ação".

Uma obra interessante para quem tem alguma afinidade para exatas e paciência para as agruras jovens. Minha empatia pelo período de adolescência não é exatamente tão grande quanto deveria. Por isso duas corujas é o máximo que consigo oferecer em classificação ao livro.

Durante os últimos dias, a leitura tem sido como uma maratona para mim. Quando percebo, noto que estou lendo um livro atrás do outro e isso me desgasta, porque é bem fácil ultrapassar os limites especialmente quando você tem métodos suficientes para driblar a questão do horário (maldito Kindle Paperwhite e sua luz interna salvadora). E foi nesse embalo que eu li A garota que você deixou para trás de Jojo Moyes:


A Garota que Você Deixou para Trás - Jojo Moyes
Editora Intríseca - 384 páginas.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o jovem pintor francês Édouard Lefèvre é obrigado a se separar de sua esposa, Sophie, para lutar no front. Vivendo com os irmãos e os sobrinhos em sua pequena cidade natal, agora ocupada pelos soldados alemães, Sophie apega-se às lembranças do marido admirando um retrato seu pintado por Édouard. Quando o quadro chama a atenção do novo comandante alemão, Sophie arrisca tudo — a família, a reputação e a vida — na esperança de rever Édouard, agora prisioneiro de guerra. Quase um século depois, na Londres dos anos 2000, a jovem viúva Liv Halston mora sozinha numa moderna casa com paredes de vidro. Ocupando lugar de destaque, um retrato de uma bela jovem, presente do seu marido pouco antes de sua morte prematura, a mantém ligada ao passado. Quando Liv finalmente parece disposta a voltar à vida, um encontro inesperado vai revelar o verdadeiro valor daquela pintura e sua tumultuada trajetória. Ao mergulhar na história da garota do quadro, Liv vê, mais uma vez, sua própria vida virar de cabeça para baixo. Tecido com habilidade, A garota que você deixou para trás alterna momentos tristes e alegres, sem descuidar dos meandros das grandes histórias de amor e da delicadeza dos finais felizes.

O livro é dividido em dois tempos distintos e tipos narrativos, alternando a narração em 1ª pessoa, na voz de Sophie, e a 3ª, para seguir a história de Liv. Não sou muito chegada a esses capítulos em vozes alternadas , mas a escolha faz sentido, visto o contexto em que a história se dá, onde a única (ou quase) que pode narrar por Sophie é ela mesma, enquanto o que diz respeito a Liv e a sua luta pelo quadro, deve ser narrado em tom concreto, sem grandes dúvidas para o leitor.

Dito isso, devo mencionar algo surpreendente (pelo menos em se tratando de mim): senti empatia pela maioria dos personagens especialmente por Sophie. Foi uma das poucas vezes que uma narrativa em primeira pessoa me fisga a ponto de me embalar em uma história, pude imaginar e vivenciar o ambiente e seus gestos de uma maneira palpável e isso é o auge de um leitor. No caso de Liv, tive momentos de oscilação em minha empatia - há passagens onde ela fica realmente insuportável. - mas, ainda assim, o saldo é positivo. E isso é um ALÍVIO tendo em vista que tenho me tornado um ser intolerante com a burrice crônica de alguns personagens, mas posso ter paciência dependendo do contexto de suas histórias.

Outro ponto interessante é que se trata de um livro cheio de reviravoltas. Posso até  ousar dizer que esse é tão movimentado quanto livros da Lucinda Riley (acredite: se eu estou usando essa autora como parâmetro, o negócio vai longe.) só que neste caso, com uma melhor qualidade, pelo menos na minha opinião.

Com relação ao seu trabalho anterior, não há grandes semelhanças no tipo de texto usado em "Como eu era antes de você" e "A garota que você deixou para trás". Nem era de se esperar algo parecido, afinal são histórias e contextos bem diferentes, embora a comparação seja inevitável nesse sentido: a editora seguiu o padrão da capa de "Como eu era antes de você" para lançar o novo livro. Levando a semelhança dos títulos em consideração e sem olhar a sinopse, dá  até para pensar que se trata de um livro sequência.

Enfim, se você gosta de romance e uma pitada de drama, esse livro pode ser uma excelente pedida. Apesar de serem 384 páginas, elas vão passar bem rápido.

Quatro corujas!

Bom, eu disse para mim mesma que, após sair de um drama super-pesado como foi o caso de "A Árvore das Lágrimas", eu passaria para um livro que pudesse me trazer um pouco mais de alegria. Mas claro que algo tinha de aparecer para mudar as coisas, e nesse caso foi minha própria teimosia.

Tentando usar um pouco mais o meu tablet (sim, eu tenho um que quase não uso), instalei alguns apps de leitura, o que inclui os referentes ao Kobo e ao Kindle, já que possuo ebooks comprados pelos dois sites. Isso foi o bastante para me fazer lembrar que tinha o ebook "O céu está em todo lugar" para ler. Um livro no qual há tempos estive interessada, mas cujo serviço incrível fantástico fenomenal da Editora Novo Conceito me fez adiar a leitura quase a ponto de desistir.

A razão? O ebook veio com a fonte colorida. As letras possuiam a cor azul escuro, cujo resultado é a reprodução de tons de cinza, ao invés do adequado preto para a leitura. O que não facilita a vida de quem tem um e-reader pois a falta de contraste faz com que a cor da fonte não tenha muita diferença com a cor da tela. Assim que percebi o problema, enviei um email para a Novo Conceito, que após semanas, me responderam que dariam um jeito na situação, mas não resolveram até hoje... mais de quatro meses após o primeiro contato.

Foram meses e meses penando e lendo apenas cerca das dez primeiras páginas antes de abrir mão da leitura. Só na última semana me lembrei do livro devido a instalação dos apps no tablet. No fim acabei indo para o aplicativo da Kobo, e para não ser obrigada a me deparar com aquele azul que detona os olhos, coloquei a leitura para a configuração "noite", que deixa o fundo da página em preto e a fonte em branco.

Ler no tablet (odeio!) foi o único jeito. Obrigada, Novo Conceito! #sqn

Não foi uma leitura exatamente confortável nos termos visuais, mas pelo menos passou a ser tolerável (com a página branca não rola, e a função "sépia" apenas azula a página no caso desse ebook. E resolvidos os transtornos iniciais, lá fui eu para mais uma história de perda.


O Céu Está em Todo Lugar - Jandy Nelson
Editora: Novo Conceito - 424 páginas
Este é um livro de estreia vibrante, profundamente romântico e imperdível. Lennie Walker, de dezessete anos de idade, gasta seu tempo de forma segura e feliz às sombras de sua irmã mais velha, Bailey. Mas quando Bailey morre abruptamente, Lennie é catapultada para o centro do palco de sua própria vida - e, apesar de sua inexistente história com os meninos, inesperadamente se encontra lutando para equilibrar dois. Toby era o namorado de Bailey, cujos sentimentos de tristeza Lennie também sente. Joe é o garoto novo da cidade, com um sorriso quase mágico. Um garoto a tira da tristeza, o outro se consola com ela. Mas os dois não podem colidir sem que o mundo de Lennie exploda...

Então, vamos ao livro: sabe o que mencionei antes sobre empatia? Pois é, demorei muito a ter algum tipo de empatia por Lennie. E ainda saí no lucro pois houveram livros pelo qual não fui capaz de sustentar empatia nenhuma pela maioria dos personagens. O livro mesmo só passou a ser mais do que uma ladainha sobre perda e solidão e se tornou interessante para mim beeeem depois da metade. O que significa que foram várias, várias e várias páginas apenas de lamúria, luto e de confusões mentais da personagem (que é muito, muito muito, MUITO, confusa mesmo), o que pode ser normal para quem leu e releu "O Morro dos Ventos Uivantes" 23 vezes.

Por vezes tive a impressão de que houve passagens de tempo e gestos simplesmente omitidas e tive dificuldades em entender esses trechos, tendo de reler até que fizesse algum sentido. Na realidade, qualquer processo de luto é arrastado por si só, mas a confusão mental de Lennie definitivamente não ajudava em nada.

Mas ok, que tipo de adolescente não é confuso? Minha tolerância ficou bem maior após "Páginas de uma História", portanto prossegui, mesmo meu lema particular sendo "a vida é curta para insistir em um livro ruim".  E continuei até simplesmente ser fisgada por Joe e por toda a família Fontaine, que me levaram no embalo pelo restante do livro. Os personagens são fascinantes! Especialmente Joe, que me deixou realmente feliz por ter suportado a nuvem pesada da personalidade de Lennie por tanto tempo.

Joe, seu lindo! Você acabou carregando esse livro nas costas! Gosto tanto de você quanto gosto do Sr. Darcy, de "Orgulho e Preconceito".

Páginas e páginas se passaram de forma simples, não porque a leitura passou a ser leve, mas porque a confusão mental de Lennie simplesmente passou a ser dirigida para além do luto e suas referências culturais que me obrigaram a recorrer trocentas vezes às notas de rodapé até o momento em que desisti pois estava quebrando o ritmo da leitura. Mas no fim, valeu a pena. Não foi tempo perdido, e terei coisas boas para levar deste livro, um lugarzinho cativo na minha memória.

Se você é um leitor com paciência, está aí um bom livro, mas que carece de um pouco de esforço para chegar lá. Diante disso, três corujas me parece a classificação ideal.

Nos últimos dias estive muito envolvida com livros físicos. Por alguns dias, deixei de lado o meu Kindle e me dediquei a leitura dos livros novos que comprei no Submarino. Um destes foi "A Árvore das Lágrimas", que comprei não por recomendação de amigos ou por ser um bestseller (não, não é, pelo menos não no Brasil). Simplesmente vi a sinopse e resolvi me arriscar, já que a intuição dizia ser uma coisa boa desde o primeiro olhar. E não me arrependi. O impacto foi tão forte há uns dois ou três dias não consegui pegar em outro livro ou me arriscar a sequer escolher outro nesse meio tempo.

A Árvore de Lágrimas


A Árvore das Lágrimas
Naseem Rakha
Editora: Suma das Letras - 352 páginas
Irene e Nate Stanley viviam bem com os filhos Bliss e Shep na fazenda da família até Nate anunciar que recebeu uma proposta de trabalho irrecusável em outro estado. Irene reage mal à notícia. Parece pressentir que algo de ruim vai acontecer. Quando a família começa a se ambientar ao novo lar e finalmente digerir a mudança, os temores de Irene se concretizam: Shep, aos 15 anos, é morto a tiros num aparente assalto à casa da família. O assassino, Daniel Robbin, um jovem mecânico com extensa ficha criminal, é capturado e recebe a pena de morte. Muito tempo depois, Irene ainda não conseguiu superar a perda do filho. Seus anos seguintes resumem-se na ansiosa espera pela execução de Daniel. A angústia e o desespero que sente são tamanhos que Irene cogita buscar contato com o assassino, trocar cartas com ele e tentar entender seus motivos. Tentar perdoá-lo e, assim, quem sabe colocar um ponto final em toda a dor. Uma decisão difícil de explicar à família e que, por isso mesmo, ela esconde pelo maior tempo possível. Quando a data da execução se aproxima, as emoções de todos estão à flor da pele. Os Stanley ficam frente a frente com as feridas do passado e Irene vê que não é a única a guardar segredos. Todos ali carregam feridas pessoais e que só podem ser superadas se estiverem dispostos a lidar com a tolerância e o perdão.

Antes de mais nada devo dizer que trata-se de um drama muitíssimo bem escrito e muito forte também. É tão bem escrito que é muito fácil você sentir ódio à primeira vista por alguns personagens, e olha que eu senti ódio imediato por praticamente todos, até mesmo pelos protagonistas, salvo raras exceções. Odiei desde o início Irene, Bliss e Carol (irmã de Irene) e essa impressão não se desfez nem mesmo quando o fim finalmente chegou.

E não posso dizer que minha antipatia por elas tenha sido exatamente negativa: o nojo que peguei por Irene e por Carol me fez ir mais rápido para ver onde isso iria dar. Também senti raiva de Nate e isso se justifica a medida que o livro avança, mas o que senti, ao me deparar com todos os que me despertaram o ódio puro e espontâneo foi que finalmente estava diante de personagens verdadeiros o bastante para me envolver emocionalmente com o que lia a ponto de ter um nó permanente na garganta a cada página, a cada frase. Isso é lucro. Um lucro tremendo ver um escritor capaz de causar tantas reações distintas em seus leitores.

Outro ponto importante a ressaltar é que não é necessário mais que dez páginas para entender algo importante acerca de Shep. Algo que não posso contar visto que seria spoiler, (e tem gente que leva esse tipo de coisa a sério demais), mas que fará várias coisas ao longo do livro serem mais compreensíveis e também incrivelmente bem construídas, seguindo em direção a um final imprevisível e comovente.

Para quem gosta de drama (drama de verdade) é um livro muito bem recomendado. Quatro corujas e muitas lágrimas diante desse livro, sério mesmo.

Creio que não deva ser uma novidade o fato de que eu gosto de literatura sobre mulheres. Que fique claro que isso não é o mesmo que literatura feminina, ou chick-lits (embora eu também goste). Estou falando em livros que contem a história de mulheres, especialmente as que vivem em lugares inóspitos ou enfrentam desafios quase inimagináveis para seguir a vida cotidiana. De livros que falam sobre pessoas como Malala Yousafzai e Ayaan Hirsi Ali e de outras mulheres que não necessariamente sejam famosas, mas ainda assim admiráveis. Portanto, não deve ser exatamente uma surpresa o meu gosto pelos livros de Xinran.

Xinran é uma jornalista chinesa. Não escreveu nenhum bestseller com expressão no Brasil, mas me lembro que desde o dia em que vi uma notinha em uma sessão de literatura de uma revista feminina, fiquei com um dos seus livros em mente e uma vontade imensa de ler. Este livro era "As Boas Mulheres da China", que retrata as histórias que Xinran tomou conhecimento enquanto foi a apresentadora do programa de rádio "Palavras na brisa noturna", entre 1989 e 1997. Histórias de mulheres que há muito suportavam o preconceito e a humilhação por sua condição feminina. Este foi o primeiro livro que li inteiramente usando o computador (sim, eu fiz essa cagada) e o comprei assim que pude. Nunca consegui tirar as histórias de minha mente.

Mais tarde, adquiri o ebook de "Mensagem de uma mãe chinesa desconhecida", que fala sobre as mulheres que não puderam vivenciar a maternidade por terem tidos bebê do sexo feminino onde, por força de tradição e também política, apenas os filhos homens são valorizados. Uma obra que faria muito marmanjo cair no choro, de verdade. Um livro que entrou para minha lista de preferidos e ao qual não descansei até comprar o impresso. E nesta mesma leva, comprei "As filhas sem nome", que também era algo que queria ler há muito tempo, mas o dinheiro era curto para comprar.

Enfim: confira:


Título: As filhas sem nome
Autora: Xinran
Editora: Companhia das Letras - 296 páginas
Sou uma moça do interior, por favor, seja gentil e cuide de mim." Era assim que Três, Cinco e Seis se apresentavam na cidade grande. Nascidas em uma pequena aldeia chinesa, as filhas do camponês Li Zhongguo haviam se mudado para Nanjing em busca de oportunidades.
Vencendo o ceticismo do pai, um homem desgostoso por ter apenas filhas mulheres e que, por isso, jamais lhes deu um nome verdadeiro, elas escapam ao destino de subserviência e ignorância a que estavam fadadas. Na cidade, as jovens descobrem seu lugar no mundo, mas não abandonam o afeto e o respeito pelo lugar de origem.
Baseado em histórias colhidas por Xinran durante as pesquisas para seu programa de rádio, o romance aborda com delicadeza as tradições, sem deixar de lado as denúncias do medo e da ignorância herdados de uma ditadura longa e violenta.

Lendo este livro, fui capaz de encontrar uma realidade mais simples de se lidar emocionalmente. Talvez porque já tivesse lido dois livros anteriores e totalmente baseado em histórias verdadeiras. Não que "As Filhas Sem Nome" não seja baseado em fatos reais, mas ainda assim, trata-se de um romance. As dificuldades que as meninas passam, por maiores que sejam, ainda não chegou tão perto da realidade nua e crua dos outros livros, do peso de ser uma mulher em lugares onde são como objetos inanimados, ou tem como única serventia fazer os serviços domésticos e reproduzir, desde que tenha o filho homem. Afinal, uma mulher que só dê a luz à "palitinhos" e não a "cumeeira" não tem utilidade ou "pelo que" viver. Aliás, falando em dificuldades, eu esperei bem mais nesse sentido, mas talvez o peso que as personagens suportam ao longo do livro devido à vida do campo não comportasse espaço para outras possíveis humilhações.

O final do livro, ao contrário do que outros leitores mencionaram, não me decepcionou embora tivesse logicamente despertado curiosidade. Já que as personagens são baseadas em histórias reais, é claro que quereríamos saber do futuro de cada uma delas, o que não foi tão possível devido ao fato de a autora ter perdido o contato com as musas inspiradoras. Minha empatia foi despertada por Cinco, talvez ainda por me lembrar algumas histórias de "As boas mulheres da China". Não sei dizer.< Embora tenha esperado mais dele, gostei muito de "As filhas sem nome".

Embora seja um relato ficcional, é um retrato bastante vivo das mulheres da China rural e de tudo que as oprime. Recomendo com três corujas, já que como não foi meu primeiro livro da autora, acabei reconhecendo parte dos relatos e perdendo a sensação de surpresa diante dos acontecimentos.

E eis que temos aqui o primeiro clássico de 2014. A autora não podia ter sido mais selecionada: Jane Austen, alguém ao qual comecei a ler apenas na época da faculdade mas que me despertou o prazer por algo tido como irrepressível (afinal de acordo com um consenso quase geral, os clássicos são intocáveis e devem ser considerados sempre perfeitos).

Até escolher “Mansfield Park”, já tinha lido “Razão e Sensibilidade”, “Persuasão”, “Orgulho e Preconceito” e “Emma”. A sensibilidade da autora me toca, assim como o seu refinamento e tato para falar dos problemas da sociedade, portanto achei que seria hora de me envolver com a vida e o cotidiano de Fanny Price.


Título: Mansfield Park
Autora: Jane Austen
Editora: Best Bolso - 432 páginas
Aos 12 anos de idade a jovem Fanny passa a morar de favor em Mansfield Park, a casa do esposo de sua tia, Sir Thomas Bertram. Inteligente e estudiosa, ela logo se torna amiga de seu primo Edmund, o filho mais novo de seus tios, apesar de ser sempre destratada por seu tio e pelas suas primas fúteis. Com o passar do tempo Fanny se torna uma bela mulher, que acaba chamando a atenção de Henry Crawford, jovem que se tornou recentemente seu vizinho juntamente com sua irmã, Mary. Notando o interesse de Henry por Fanny, os tios dela logo promovem um encontro entre os dois para logo depois se sentirem revoltados com o desprezo que a jovem demonstra pelo seu novo vizinho.

Ao contrário de alguns dos vários clássicos com os quais me envolvi no meu caminho de leitora, Jane Austen consegue me envolver inteiramente. Os dramas e cotidianos parecem bem críveis assim como as preocupações dos personagens. Alguns itens de narrativa me envolvem mais, como a facilidade com que se passa de um ponto para outro: um estilo comum para a época e comum sobretudo para Austen. Aliás, um estilo ao qual ela tinha grande habilidade para lidar, ainda mais considerando a época e o preconceito inerente ao sexo feminino naqueles tempos. Por algumas vezes fui capaz de querer matar alguns personagens: em especial a simpática Tia Norris, um amor de pessoa.

O resultado da minha leitura é que estou em dúvida se considero Mansfield Park o segundo ou o terceiro melhor livro no meu ranking de preferência de Jane Austen até o momento. Essa preferência pode causar estranheza já que esse não é uma das obras mais apreciadas da autora. De qualquer modo, ainda pretendo ler a "A Abadia De Northanger" e reler "Razão e Sensibilidade" antes de chegar a alguma conclusão nesse sentido. Não vai ser sacrifício, afinal ler Jane Austen é sempre um grande prazer.

Leitura recomendada, porém com três corujas de classificação.

É, eu me empolguei um pouco nos chick-lits. Minhas últimas leituras tem se debruçado nos últimos tempos em assuntos femininos (salvo raras exceções como “Carcereiros”). E essa resenha não será diferente: trata-se de um chick-lit escrito por Emily Giffin, que na verdade tem uma continuação, chamada "Presentes da Vida" (que aliás eu li antes, porque eu nem sabia que tinha alguma continuação ou spin-off, mas isso não influi no entendimento da coisa)


Título: O noivo da minha melhor amiga
Título original: Something Borrowed
Editora: Nova Fronteira - 352 páginas
Autora: Emily Giffin
O Noivo da Minha Melhor Amiga conta a história de Rachel, uma jovem advogada de Manhattan. A moça, sempre vista por si mesma e por seus amigos como a "certinha" e bem-comportada, muda radicalmente no seu aniversário de trinta anos, após a festa oferecida por sua melhor amiga, Darcy. Meio deprimida por chegar aos trinta sem o marido e os filhos que imaginava ter a essa altura da vida, Rachel se excede na comemoração e termina a noite na cama com Dex, seu grande amigo de faculdade e noivo da sua melhor amiga. Até a noite em que ficou com Dex, Rachel era o modelo de filha e amiga perfeita, embora se visse como um fracasso. Nunca transgrediu as leis, nem mesmo as de horário de trabalho, ao contrário da egoísta, narcisista mas irresistível Darcy, em torno da qual Rachel e, posteriormente, Dex sempre orbitaram. Enquanto a boa moça e tímida Rachel teve alguns poucos namorados e conseguiu um emprego estável porém sem graça num escritório de advocacia, a linda e popular Darcy namorou todos os bonitões do colégio, construiu uma glamourosa carreira de Relações Públicas e sempre conseguiu tudo o que quis, inclusive manipular e obrigar Rachel a fazer o que desejava. E agora, após uma noite com o noivo da melhor amiga, Rachel acorda determinada a esquecer para sempre o fatídico encontro, mas acaba descobrindo que sempre amou Dex. E, apesar da amizade a Darcy, começa a perceber que ela não é exatamente o que se espera de uma melhor amiga. À medida que a data do casamento se aproxima, Rachel se desespera com a urgência da decisão que precisa tomar e acaba passando por uma profunda reavaliação de sua vida, para concluir que "certo" e "errado" são conceitos muito relativos. Narrado em primeira pessoa por Rachel, o livro ganha a simpatia do leitor pela empatia da protagonista, que expõe suas dúvidas e sentimentos de forma muito honesta e humana. E o final reserva grandes surpresas.

Bom, devo admitir que Emily Giffin sabe escrever um chick-lit com jeito de sério. Nem tudo são flores, amores e aparências na vida de suas personagens e isso me agrada. Sim, eu gosto de dramas desde que haja realmente motivos para tal e convenhamos que a traição de uma amizade feminina é algo sério o suficiente. Como eu já tinha lido “Presentes da Vida” antes e achado interessante, acabei resolvendo levar as coisas adiante e voltar para a problemática trama.

Seguindo o padrão da autora, trata-se de um livro escrito na primeira pessoa. Coisa que simplesmente odeio porque normalmente os autores não tem habilidade para usar esse recurso de maneira adequada. Emily consegue usar isso de uma forma que não fica cansativa, portanto não é desconfortável para mim ler algo assim vindo de sua “pena”, por assim dizer. No caso da trama, a história dá uma perspectiva interessante ao dar a atenção para Rachel e a torna alguém mais do que a amiga supostamente certinha e colocou as garrinhas de fora. Como não gosto de Darcy e nem nunca gostei desde o primeiro livro, tive um outro panorama de como Rachel via a ex-melhor amiga. Isso soa interessante a quem gosta de enxergar o “outro lado” das coisas.

A narrativa seguiu de maneira fluida. Os conflitos vividos pelos protagonistas eram críveis ao estilo da autora e também ao cotidiano vivido pelas personagens. E a escrita estava interessante pelo menos até quando chegou o fim do livro e vi aquele final… preguiçoso. (tipo: PORRA!) Foi tão abrupto que pensei que só podia estar faltando alguma coisa. Talvez um epílogo, uma frase…. qualquer coisa! Mas era o fim do livro mesmo. E aí me decepcionei.

O saldo ainda é positivo. É um livro bom para quem está em busca da diversão de uma ou duas tardes e não muito mais expectativas que isso. Três corujas, porque estou sendo generosa.

Cumprindo a resolução de postar uma resenha para cada uma das minhas leituras e levando em consideração o fato de que estou atrasada nesse ponto, hoje vou falar em “Carcereiros”, escrito por Dráuzio Varella.



Título: Carcereiros
Autor: Dráuzio Varella
Editora: Companhia das Letras - 232 páginas
Em Estação Carandiru Drauzio Varella focou seu corajoso relato na população carcerária de um dos presídios mais violentos do Brasil. Mas os vinte e três anos atuando em presídios brasileiros como médico voluntário também o aproximaram do outro lado da moeda: as centenas de agentes penitenciários que, trabalhando sob condições rigorosas e muitas vezes colocando a vida em risco, administram essa população. Foi com um grupo desses agentes que Drauzio passou a se reunir depois das longas jornadas de trabalho, em um botequim de frente para o Carandiru. E essa convivência pôs o autor em contato com os relatos narrados em Carcereiros, segundo volume da trilogia iniciada por Estação Carandiru – o terceiro livro, Prisioneiras, terá como ponto de partida o trabalho do médico na Penitenciária Feminina da Capital. Acompanhamos, assim, uma rebelião pelos olhos de quem tenta contê-la. Entramos em contato com o cotidiano dos carcereiros e as situações desconcertantes impostas pelo ofício, que eles resolvem com jogo de cintura e, não raramente, com humor. O que emerge é um retrato franco de um mundo totalmente desconhecido para quem está de fora.

Não é de hoje que gosto do trabalho do Drauzio Varella no que diz respeito à literatura. Comecei com “Estação Carandiru”, li “Por um Fio” que se tornou um dos meus livros favoritos, mas acabei demorando demais para ler algo mais escrito por ele. Também não é de hoje que “Carcereiros” me esperava no Kindle e no Kobo. A coragem só veio depois de ter passado pela terrível experiência com “Páginas de uma História” e desejar algo capaz de “limpar a mente”: momento nos quais normalmente lanço mão da leitura de não ficcção e biografias. Tive de lançar mão do recurso mais cedo do que eu imaginava, mas valeu a pena.

“Carcereiros” é uma espécie de outro lado do que foi mostrado em “Estação Carandiru”. Mostra a vida de quem vive em meio às grades mesmo sendo livre, quase como se fosse um regime semiaberto às avessas. Há histórias tristes, engraçadas e comoventes. Mostra o que foram começos de carreira que quase todos tiveram em comum – a busca pela estabilidade de um emprego público – e o decorrer em que muito da vida desses homens mudou. A metamorfose e o endurecimento como sendo uma mudança natural, a rispidez e a intolerância se tornando uma constante a partir do momento em que esse se tornou o único caminho viável de fazer e sobreviver fazendo o trabalho que ninguém queria.

O livro também traz uma análise interessante do sistema carcerário, contrariando o pessoal do “bandido bom é bandido morto” ou que “bandido merece tudo que passa na cadeia” que adora soltar essas máximas, mas que mudariam logo de ideia e trocariam de convicções se um dos seus entes queridos estivessem do outro lado. Um bom choque de realidade em muitos sentidos, especialmente tendo em mente que eles vivem as regras do mundo do crime mesmo que na teoria estejam livres, e que mesmo em meio a leis draconianas ainda é possível demonstrar alguma humanidade, mesmo quando parecem se deparar com o mal absoluto.

Para quem tem curiosidade a respeito do mundo carcerário, é um livro bem interessante. E merece quatro corujas na escala de classificação desse humilde blog.

Olá! Hoje teremos mais um post dedicado ao nosso lindo e maravilhoso e-reader. Todo mundo já cansou de saber que o Kindle não tem exatamente acesso nativo a mangás e HQs e tampouco foi feito para esse tipo de conteúdo. Embora haja alguns truques, na maioria deles o usuário ainda é obrigado a ficar acessando a opção de zoom, tornando a leitura algo muito cansativo.


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Porém, dá para driblar esse pequeno detalhe desde que você tenha o Calibre. O truque é rápido e simples, não é necessário fazer jailbreak e o resultado final ainda evita que você precise utilizar o Zoom. Confira:

(Clique nas imagens para aumentar)

1. Acesse o Calibre

2. Selecione o arquivo .cbr (formato em que geralmente os quadrinhos estão disponíveis) desejado, clique em “Adicionar livros” .

calibre1

3. Clique em “converter livros”

calibre2

4. Na tela de conversão, vá em “Formato de Saída” e selecione .mobi ou .azw3, que são os formatos disponíveis para Kindle.

calibre3

5. Clique em “Configurações de página” e verifique o “perfil de saída”. Escolha o modelo do seu Kindle e dê “Ok”.

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Basta esperar a conversão ser feita. Quando ela estiver pronta, faça o envio do seu novo arquivo para o dispositivo Kindle. Se quiser facilitar a vida, faça o envio pelo próprio Calibre, conectando-o ao computador com USB e acionando "Enviar arquivo para o dispositivo"

Vale lembrar que o Kindle não é realmente um dispositivo apropriado para esse tipo de leitura, como é o caso do Kobo, que comporta o uso de memória expansiva. A HQ pode sobrecarregar um pouco a memória do seu e-reader, mas o resultado é o melhor possível tendo em vista os recursos que temos em mãos.

Quem acompanha esse blog já percebeu que tenho um ritmo acelerado como leitora, não é mesmo? Não é novidade que alguém cogite que eu leia vários livros ao mesmo tempo. Eu realmente faço isso, embora não seja a mesma coisa quando o seu principal meio de leitura é um e-reader. E fiz algo parecido com isso enquanto lia "A Lua de Mel", que foi a última resenha publicada aqui no blog.

Contando a história direito: estive navegando no facebook na página Kindle Brasil e me deparei com a propaganda do ebook de uma autora que me persuadiu a ponto de pegar uma amostra do livro e ver se valia a pena comprar. A amostra era grande: li e tive algumas impressões que poderiam ser tiradas até mesmo pela sinopse. Impressões que não eram necessariamente boas, mas ainda assim me arrisquei e comprei o ebook:

A pergunta que não quer calar é: por que eu não confiei na minha intuição?


Título: Páginas de uma História
Autora: Lilian Reis - 328 páginas.
"E se algo inesperado mudasse todas as suas convicções? Após se casarem - de forma irresponsável -, Sara e Victor não se adaptam. Ele, empresário bem sucedido, agnóstico, arrogante e orgulhoso não apreende o conceito “viver a dois”, e, aos poucos, despreza a mulher. A jovem psicóloga, infeliz, por não conseguir lidar com os problemas alheios sem se envolver, decide abandonar a promissora carreira, e, encontra na escrita, sua verdadeira vocação. Ao atingir o sucesso com seus livros, desperta o interesse da imprensa local. Victor se sente ameaçado e começa a sentir ciúme doentio por ela. Mas, por orgulho, passa a ignorá-la ainda mais. Sara, por sua vez, acreditando que não mais era amada por seu marido, resolve pedir o divórcio e partir para a serra gaúcha, em busca de paz e uma vida nova. Ao chegar em casa, depois de um telefone emocionado da mulher, percebe que ela havia partido. Reconhece que não pode viver sem ela e resolve ir buscá-la. Contudo... “algo inesperado” acontece em sua vida, causando uma reviravolta ainda maior. Descubra nesse romance envolvente, como o ciúme, a impaciência, a intolerância, o egocentrismo, a traição e até mesmo o amor exacerbado, levam o casal a uma crise de proporções enormes... Será que o amor que ambos sentem um pelo outro, superará mediante tantos problemas? Mergulhe nas páginas dessa história e se emocione."

("Mergulhe nas páginas dessa história e se emocione." - Não, eu não me emocionei. Aliás, me emocionei por ter perdido o meu tempo. Sério.)

Bom... desde a sinopse eu não tive exatamente boas expectativas com o livro, mas como o negócio é não julgar um livro pela capa e nem pela sinopse, tentei uma amostra (Santa Amazon!). Essa amostra continha cerca de quatro capítulos... que também não me deram uma boa perspectiva. Mas pelo visto fui contaminada com a velha maldição do "sou brasileiro e não desisto nunca" e acabei comprando o ebook. O resultado não foi nada bom. Nada, nada ,nada bom mesmo.

O livro tem erros muito graves. Tão graves que não sei dizer se disponibilizaram o arquivo original sem revisão para a venda pela Amazon ao invés do revisado. Tanto em termos de escrita quanto pela história:
  1. Sara é nova demais para a bagagem profissional atestada pelo livro.
  2. Sara é alienada demais para a formação profissional atestada pelo livro. Por deus: como essa criatura conseguiu um diploma?
  3. Sara é burra demais para qualquer coisa citada no livro, ainda mais levando em consideração a formação profissional que ela tem. É um milagre que a personagem tenha chegado viva ao fim da história.
  4. As amigas de Sara são tapadas demais para suas respectivas formações profissionais. Ou seja: a amizade entre elas veio por pura identificação. Pelo menos é a única explicação que encontro para esse tipo de coisa.
  5. Victor é idiota demais desde o início até o fim do livro. Um personagem ruim dos pés a cabeça. Quase um doutor César de "Amor à Vida" em sua versão mais jovem e também mais irritante.
  6. Embora o Victor seja um idiota completo, a visão completamente unilateral do fato dele ser agnóstico é grave e chega a ser ofensivo a um agnóstico normal. A autora quase demoniza o personagem na sua falta de perspectiva religiosa embora ela seja vital para o desenvolvimento da história, assim como o seu próprio caminho nesse sentido foi absolutamente... oi?
  7. Alguns detalhes sobre os personagens do livro foram simplesmente dispostos nos capítulos de maneira solta e sem menor conexão, atrapalhando o andamento e fim dos capítulos.

Agora, o que é absolutamente imperdoável:

Um print do meu Kindle para PC em uma das passagens imperdoáveis do ebook.

  1. A autora descreve os personagens rindo com coisas como "kkkkk", "ká-ká-ká-ká" e "rá-rá-rá".
  2. Alguns sons simples do nosso cotidiano - pigarros, limpezinha básica de garganta e coisitas mais - são escritos pela autora como: "Rhum-rhum", "ham, "Urrrrrrrrrrrr".
  3. O gauchês dos personagens (especialmente Victor) chega a atrapalhar a leitura pelo excesso de "Bah" nos primeiros capítulos.
  4. O livro possui vários problemas no uso de vírgulas e chega a atrapalhar a leitura.

Em suma: estou arrependida de não ter confiado em minha intuição e fugido logo de cara. Da próxima vez tentarei dar mais atenção aos meus pressentimentos literários.

Uma corujinha de classificação, e isso porque não tenho nota menor para oferecer.


ATUALIZAÇÃO (30/05/2015): Aparentemente o ebook foi atualizado e revisado. Minha cópia disponível no Kindle  não apresenta mais as risadinhas muito loucas. No mais, não sei se outros itens foram revisados.
De uma leitura já fui pulando para outra. Acho que já deu para notar que sou apressadinha, não? Mas enfim… mais uma leitura. Estou me esforçando com o firme propósito de resenhar todos os livros que ler este ano, portanto é hora de parar com a enrolação e dar prosseguimento ao assunto.

Após minha incursão com “Persépolis”, tive contato com algumas amostras do Kindle, dei uma vasculhada no acervo e no fim acabei me interessando por uma aquisição recente: “A Lua de Mel” de Sophie Kinsella.


Título: A Lua de Mel
Autor: Sophie Kinsella
Editora: Record - 496 páginas.
Ao se dar conta de que o namorado nunca vai pedir sua mão em casamento, Lottie toma uma decisão. Termina o compromisso com ele e diz o tão sonhado sim a Ben, uma antiga paixão, com quem ela havia prometido se casar se ambos ainda estivessem solteiros aos 30 anos. Os dois então resolvem pular o namoro e ir direto para uma cerimônia simples e seguir para a lua de mel em Ikonos, a ilha grega onde eles se conheceram. Mas Fliss, a irmã mais velha da noiva, acha que Lottie enlouqueceu. Já Lorcan, que trabalha na empresa de Ben, teme que o casamento destrua a carreira do amigo. Fliss e Lorcan então elaboram um plano para sabotar a noite de núpcias do casal e impedir que os noivos cometam o maior erro de suas vidas.

Antes de mais nada, devo dizer que tenho um “pé atrás” com a autora. Nada demais, apenas não gostei muito de “Os delírios de consumo de Becky Bloom”. Não que eu não pretendesse tentar mais livros dela, mas sabe quando você tem TANTA coisa para ler que vai deixando algumas opções de lado? Então, foi mais ou menos isso. Tenho outros três ebooks da autora no meu Kindle mas sequer tinha pensado na possibilidade de me atracar com algum deles. O que despertou o meu interesse em adquirir “A Lua de Mel” foi um precinho super-camarada e atrativo que constava na Amazon: R$ 9,90. Um super método de persuasão, se querem uma opinião sincera.

(Sim, caro leitor: sou mão-de-vaca na maior parte do tempo, mas livros são o meu ponto fraco. Com a união das palavras “Kindle” e “promoção”, as coisas ficaram ainda piores. E lá foi mais um ebook de Sophie Kinsella para o e-reader mais solicitado da história recentes dos leitores digitais. Prometia ficar lá, paradinho e quietinho sem criar poeira por um bom tempo se eu não tivesse acessado o arquivo sem querer e dado uma olhadinha por pura curiosidade. Uma olhadinha que era para ser breve mas acabou durando horas e horas, independente de eu já ter criado um certo ódio a primeira vista por Lotti.

Não é exatamente um bom sinal odiar a protagonista e querer sacudí-la até o cérebro pegar no tranco justamente nas primeiras páginas, é? Li, li e li. Terminei a leitura durante a madrugada e imediatamente me atraquei com o notebook para escrever essa resenha, com a qual estou enrolando e enrolando sem dizer absolutamente nada. Ok, tenho noção disso, não me mate.

O livro é narrado em primeira pessoa e é dividido pelo ponto de vista de duas personagens: Lotti e sua irmã mais nova, Fliss. Lotti é uma tremenda chata, já vou avisando. Nunca tive muita paciência para personagens muito dramáticas, especialmente aquelas mais apressadinhas com o sonho do final feliz. Lotti é um exemplo tremendo dessas personagens que não suporto. Já Fliss está em pleno processo de divórcio traumático, tem um filho e é tremendamente superprotetora. Como o cérebro da família – o que é perfeitamente compreensível, visto que Lotti NÃO TEM CÉREBRO – ela deseja proteger a irmã das mágoas, ainda mais quando a mais nova tem sérias tendências a cometer “escolhas infelizes” após os términos de relacionamentos. Essa superproteção rendeu excelentes momentos no livro. Ri bastante com as confusões criadas para impedir a consumação do casamento e isso foi o bastante para me fazer seguir com a leitura, mesmo querendo matar a protagonista.

Devo dizer que gostei do livro. Que a experiência foi interessante e que esse é realmente um chick-lit digno para relaxar e se divertir. Afinal quem disse que leitura tem que ser simplesmente chata e tediosa para ser digna de nota?

Se pretendo ler mais livros da autora? Sim, claro. Só não posso dizer quando. Não sei dizer se isso é apenas uma impressão, mas Sophie Kinsella tem um certo gosto para protagonistas imaturas e mimadas (Becky Bloom era tremendamente mimada), então talvez isso me faça precisar de um detox de chick-lit antes de me envolver em mais um: ou seja, me envolver com leituras de outros gêneros antes de me envolver novamente com um personagem nesse padrão.

Yes, recomendo “Lua de Mel” para quem está querendo se divertir com uma leitura boa e sem compromissos! \o/

Após um 2013 repleto de muitos livros, seria de se esperar que eu tentasse fazer uma pausa, não é mesmo? É, seria o correto. Seria, porque não consegui. Acabei catando mais um livro. Bom, não é como se fosse um grande pecado… apenas peguei um livro que estava na minha estante e resolvi retomá-lo, só que como pensei ter passado muito tempo desde a última vez, acabei optei por reler. O escolhido foi o volume completo de Persépolis, de Marjane Satrapi.

(Curiosidade pessoal: embora tivesse trocentas obras me esperando no Kindle, acabei optando por um livro físico. Isso tem algum significado especial? Quer dizer que sinto saudade do papel? Não, nada de especial. Apenas queria contar…)


Título: Persépolis
Autora: Marjane Satrapi
Editora: Companhia das Letras - 352 páginas.
Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita - apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa. Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares. Em Persépolis, o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama - e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.

Quando adquiri “Persépolis” fui influenciada por postagens de um blog que lia em uma época bastante remota da minha vida. Tão remota que nem sequer lembro mais. A sinopse havia me interessado, mas nunca cheguei realmente a pensar em adquirí-lo até o dia em que “me lembrei” dele ao encontrar uma anotação sobre “livros desejados” (quem nunca?).

Fiquei interessadíssima quando li novamente a sinopse visto que gosto tanto de livros que tenham como temática a vida em países do Oriente Médio, especialmente mulheres. Também trazia para mim um novo tipo de leitura, afinal nunca tinha lido um “comic book” antes. Persépolis foi minha primeira tentativa no gênero, e realmente devo dizer que gostei.

Um dos momentos impagáveis de Persépolis.

A obra de Marjani Satrapi é bela e comovente em vários sentidos. Ele conta uma história dura, mas é repleto de sensibilidade. Repleto de momentos de choro e riso. Não se tratou somente de desbravar questões políticas e históricas do Irã, mas também a própria vida da autora, especialmente coisas tão íntimas como o vazio, a falta de referências e a crise de identidade que viveu em sua estadia no exterior.

Considero Persépolis uma pérola, uma pequena e delicada obra de arte. Uma leitura que vale a pena em todos os sentidos (e que merece cinco corujas com certeza).

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