Resenha: O Céu Está em Todo Lugar, de Jandy Nelson

by - domingo, janeiro 26, 2014

Bom, eu disse para mim mesma que, após sair de um drama super-pesado como foi o caso de "A Árvore das Lágrimas", eu passaria para um livro que pudesse me trazer um pouco mais de alegria. Mas claro que algo tinha de aparecer para mudar as coisas, e nesse caso foi minha própria teimosia.

Tentando usar um pouco mais o meu tablet (sim, eu tenho um que quase não uso), instalei alguns apps de leitura, o que inclui os referentes ao Kobo e ao Kindle, já que possuo ebooks comprados pelos dois sites. Isso foi o bastante para me fazer lembrar que tinha o ebook "O céu está em todo lugar" para ler. Um livro no qual há tempos estive interessada, mas cujo serviço incrível fantástico fenomenal da Editora Novo Conceito me fez adiar a leitura quase a ponto de desistir.

A razão? O ebook veio com a fonte colorida. As letras possuiam a cor azul escuro, cujo resultado é a reprodução de tons de cinza, ao invés do adequado preto para a leitura. O que não facilita a vida de quem tem um e-reader pois a falta de contraste faz com que a cor da fonte não tenha muita diferença com a cor da tela. Assim que percebi o problema, enviei um email para a Novo Conceito, que após semanas, me responderam que dariam um jeito na situação, mas não resolveram até hoje... mais de quatro meses após o primeiro contato.

Foram meses e meses penando e lendo apenas cerca das dez primeiras páginas antes de abrir mão da leitura. Só na última semana me lembrei do livro devido a instalação dos apps no tablet. No fim acabei indo para o aplicativo da Kobo, e para não ser obrigada a me deparar com aquele azul que detona os olhos, coloquei a leitura para a configuração "noite", que deixa o fundo da página em preto e a fonte em branco.

Ler no tablet (odeio!) foi o único jeito. Obrigada, Novo Conceito! #sqn

Não foi uma leitura exatamente confortável nos termos visuais, mas pelo menos passou a ser tolerável (com a página branca não rola, e a função "sépia" apenas azula a página no caso desse ebook. E resolvidos os transtornos iniciais, lá fui eu para mais uma história de perda.


O Céu Está em Todo Lugar - Jandy Nelson
Editora: Novo Conceito - 424 páginas
Este é um livro de estreia vibrante, profundamente romântico e imperdível. Lennie Walker, de dezessete anos de idade, gasta seu tempo de forma segura e feliz às sombras de sua irmã mais velha, Bailey. Mas quando Bailey morre abruptamente, Lennie é catapultada para o centro do palco de sua própria vida - e, apesar de sua inexistente história com os meninos, inesperadamente se encontra lutando para equilibrar dois. Toby era o namorado de Bailey, cujos sentimentos de tristeza Lennie também sente. Joe é o garoto novo da cidade, com um sorriso quase mágico. Um garoto a tira da tristeza, o outro se consola com ela. Mas os dois não podem colidir sem que o mundo de Lennie exploda...

Então, vamos ao livro: sabe o que mencionei antes sobre empatia? Pois é, demorei muito a ter algum tipo de empatia por Lennie. E ainda saí no lucro pois houveram livros pelo qual não fui capaz de sustentar empatia nenhuma pela maioria dos personagens. O livro mesmo só passou a ser mais do que uma ladainha sobre perda e solidão e se tornou interessante para mim beeeem depois da metade. O que significa que foram várias, várias e várias páginas apenas de lamúria, luto e de confusões mentais da personagem (que é muito, muito muito, MUITO, confusa mesmo), o que pode ser normal para quem leu e releu "O Morro dos Ventos Uivantes" 23 vezes.

Por vezes tive a impressão de que houve passagens de tempo e gestos simplesmente omitidas e tive dificuldades em entender esses trechos, tendo de reler até que fizesse algum sentido. Na realidade, qualquer processo de luto é arrastado por si só, mas a confusão mental de Lennie definitivamente não ajudava em nada.

Mas ok, que tipo de adolescente não é confuso? Minha tolerância ficou bem maior após "Páginas de uma História", portanto prossegui, mesmo meu lema particular sendo "a vida é curta para insistir em um livro ruim".  E continuei até simplesmente ser fisgada por Joe e por toda a família Fontaine, que me levaram no embalo pelo restante do livro. Os personagens são fascinantes! Especialmente Joe, que me deixou realmente feliz por ter suportado a nuvem pesada da personalidade de Lennie por tanto tempo.

Joe, seu lindo! Você acabou carregando esse livro nas costas! Gosto tanto de você quanto gosto do Sr. Darcy, de "Orgulho e Preconceito".

Páginas e páginas se passaram de forma simples, não porque a leitura passou a ser leve, mas porque a confusão mental de Lennie simplesmente passou a ser dirigida para além do luto e suas referências culturais que me obrigaram a recorrer trocentas vezes às notas de rodapé até o momento em que desisti pois estava quebrando o ritmo da leitura. Mas no fim, valeu a pena. Não foi tempo perdido, e terei coisas boas para levar deste livro, um lugarzinho cativo na minha memória.

Se você é um leitor com paciência, está aí um bom livro, mas que carece de um pouco de esforço para chegar lá. Diante disso, três corujas me parece a classificação ideal.

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