Retrospectiva: O melhor e o pior de 2015
Final de ano normalmente é uma época de balanço: tempos nos quais pensamos e relembramos aquilo que aconteceu no decorrer dos 365 dias anteriores e fazemos novos planos para os dias que estão por vir. E claro que a retrospectiva é uma tradição e por aqui não seria diferente.
O ano de 2015 não foi tão interessante para as leituras. A lista de decepções literárias teve mais posições disputadas que a lista dos melhores livros. Também fiquei bem longe de ler o quanto queria ou ao menos de chegar perto da quantidade de leituras de 2014, mas esse não é o ponto. De qualquer modo, foi um ano com boas surpresas na literatura, embora eu também tenha perdido tempo com livros que deveria ter jogado na janela logo na primeira página e não tenha resenhado nem metade do que li (desculpa).
Enfim, vamos lá:
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As 5 melhores leituras de 2015:
Vamos começar com os melhores do ano que é o equivalente a começar com o pé direito. Afinal ninguém quer começar com má notícia.5 - Acredite. estou mentindo (Ryan Holiday)
Quando li esse livro, notei que ele obrigatoriamente teria de estar presente em qualquer retrospectiva que eu fizesse sobre 2015. Em especial porque meu trabalho em si lida muito com percepções de mídia e, consequentemente, sua manipulação. Um tema e tanto nesses tempos de redes sociais.
Embora eu tenha gostado da proposta, minha reação diante do livro foi dúbia, já que também não gostei de muitos aspectos dele como foi o caso da tradução (que mais parecia resultado do Google Traslate do que de um humano) e da falta de preocupação da editora com a inserção de notas de rodapé (muito útil, em especial quando falam sobre marcas que não faz parte do conhecimento habitual do brasileiro). Ainda assim, o resultado final foi positivo.
A obra é esclarecedora em diversos sentidos e principalmente nesses dias em que grande parte da guerra política acontecendo hoje tem as redes sociais e os sites de notícia como ringue. Leitura obrigatória.
4 - Livre (Cheryl Strayed)
Quando li este livro também senti que ele deveria estar presente na retrospectiva. É uma leitura super envolvente tanto em seu drama quanto em sua graça. Para rir e chorar acompanhando a narrativa e também pra passar muito tempo pensando nele depois de terminá-lo. A jornada de Cheryl me acompanhou por vários dias após o fim.
Interessou? A Sybylla fez resenha dele. Corre lá!
3 - O Círculo (Dave Eggers)
Li "O Círculo" por uma forte sugestão (quase um gancho de esquerda) da Sybylla, e essa também é outra leitura da qual não me arrependo. Devo dizer que é um livro super necessário para os dias de hoje: não por ser uma 'literatura séria', mas pela amplitude de sua temática e também pelos rumos que a história toma.
Não vou entrar em detalhes nesse post mesmo porque já escrevi uma resenha a respeito do livro, mas devo dizer que, apesar de uma narrativa na qual é bem fácil encontrar defeitos e também da facilidade em desgostar da protagonista (culpada!), "O Círculo" fornece um panorama bem alarmante do que pode estar a caminho e de como aceitamos tudo facilmente, mesmo aquilo que surge no livro como o mal óbvio que todos os leitores enxergam como tal. Infelizmente no mundo real habita uma espécie de cegueira...
Quer saber mais? Então dá uma olhada na resenha.
2 - A Vida Peculiar de um Carteiro Solitário (Denis Thériault)
Esse livro foi uma tremenda surpresa pra mim. Não foi recomendação de ninguém, nem uma leitura que pensei por força de profissão, mas sim um livro que escolhi em todos os sentidos. Ou ele me escolheu, vai saber?
É uma obra curta, com pouco mais de 120 páginas mas que me deu um sabor de nostalgia pelas cartas (o Temer deve ser lido isso também...), de empatia por Bilodo (mesmo sendo um stalker) e também um misto de sensações frente o deslumbramento do protagonista pelos haicais escritos por Ségolène. Também gostei do realismo fantástico daquele jeito Murakami de ser e que acabou surgindo de surpresa. Aliás, esse elemento acabou pegando muita gente desprevenida e despertou reações dúbias entre os leitores já que li algumas resenhas de gente que acabou frustrada pelo uso do artifício.No meu caso eu gostei, embora pense que a inserção desses recursos poderia ter começado páginas antes.
Seja como for, vale muito a leitura! #quentinhonocoração
1 - Kafka à Beira Mar (Haruki Murakami)
Óbvio que um livro dele estaria na minha lista de melhores do ano, e em 2015 foi "Kafka à Beira Mar" quem ganhou a posição. Melhor ainda, ocupando o lugar mais alto do pódio.
A verdade é que não sei dizer com certeza o que me conquistou além da escrita em si. Talvez meus surtos de empatia pelo Nakata (um personagem incrível), ou pela coragem da jornada do próprio protagonista sem nome. Simplesmente não sei dizer. Nunca consegui resenhar algo escrito por Murakami sem me sentir burra diante de tantas metáforas e referências, mas no fim posso dizer que esse livro passou muito tempo em meus pensamentos depois que cheguei a última página. Puro amor. Junto com "Norwegian Wood" sem dúvida "Kafka a Beira Mar" é o meu preferido do autor.
Os 5 piores livros de 2015 (ou "minhas 5 decepções literárias)
Agora é o momento das más notícias. Como mencionei antes, 2015 foi cheio das decepções literárias de modo que o top 5 foi bem mais difícil de formar que o de boas leituras, mas tudo bem. Vamos lá:
5 - Aluga-se para Temporada (Mary Kay Andrews)
Caso clássico de decepção literária: descobri esse livro enquanto estava procurando um chick-lit para desanuviar a mente. Como é da mesma autora de "Paixão de Primavera", que me agradou bastante na ocasião, embarquei nesse sem pensar muito. E me arrependi amargamente.
Os personagens são ruins, a escrita preguiçosa de uma forma que mal se acredita. Fiquei pasma em ver que se tratava da mesma autora. Se eu soubesse com certeza preferiria gastar meu dinheiro em ebooks da Harlequin. (sim, eu gosto.)
4 - Ísis Americana (Carl Rollyson)
Como já mencionei (ou devo ter mencionado) antes, "A Redoma de Vidro" é um dos meus livros preferidos de todos os tempos e a obra me fez ter interesse na vida da autora. A situação é realidade para a maioria dos leitores dessa obra, tanto que existe uma quantidade razoável de biografias sobre Sylvia Plath disponível no mercado literário, porém a maior parte delas é criticada pelo tratamento concedido a várias pessoas citadas. Diante disso, fiquei interessada quanto a Bertrand Brasil anunciou "Ísis Americana" no Brasil.
Resultado? Um banho de água fria em todos os sentidos com escrita tediosa e comparações forçadas com Marilyn Monroe. Sério, me cansou tanto que nem vou falar muito dele agora. Aqui no blog tem um post sobre ele, então dá uma passada lá caso queira saber mais.
3 - Conselhos Amorosos de Emily Brontë (Anne Donovan)
Sou fã dos trabalhos das irmãs Brontë e isso não é segredo para ninguém. Assim como ocorre com Jane Austen, estou sempre procurando continuações, análises, spin-offs e tudo mais relacionado a elas e claro que um título desses não seria uma exceção.
O problema? Tem muito pouco de Emily Brontë para justificar o nome presente no título da história. O que existe é um interesse da protagonista pela obra da autora, algumas cenas bem mais-ou-menos que envolvem esse gosto. Não mais. De resto temos a história de uma garota que talvez não fizesse tanta merda se tivesse passado por uma terapia de luto logo no começo do livro.
Sério, decepção total.
2 - Uma História da Terra e do Mar (Katy Simpson Smith)
Esse aqui faz parte da lista de decepções literárias de todos os tempos. Não vou me alongar muito falando a respeito dele mesmo porque já fiz isso antes. Digo apenas que o texto é bonito e só - tanto que foi a beleza do texto que me atraiu quando li a amostra do livro pela Amazon. O problema foi quando finalmente tive o livro em mãos e descobri que foi como se autora tivesse esquecido da história e preferisse se dedicar a escrever frases bonitas. O resultado é que o livro parte do nada ao lugar nenhum. Dispensável.
1 - As Senhoritas de Amsterdã (Martine Fokkens e Louise Fokkens)
Assim como o livro anterior, esse também faz parte das minhas decepções literárias para a vida. Também já falei sobre ele antes embora não tenha escrito uma resenha, então vou economizar o tempo: o livro tinha potencial, mas foi composto por histórias banais e irrelevantes. Levei quatro meses e meio para ler pouco mais de 200 páginas, o que dá um vislumbre de como foi chato. Uma péssima experiência.
E então? Como foi o 2015 de vocês na leitura? Valeu a pena? O que rolou de bom e de ruim?
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