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A Garota da Biblioteca

E eis aqui o meu último livro lido em 2013!

Comprado em versão digital na Amazon a um preço módico de R$ 9,90 (sim, estou sempre de olho nas promoções relâmpago), não era um livro que estava nos meus planos iniciais seja de compra ou de leitura. Mas como meus planos quase sempre mudam no meio do caminho, acabei comprando e começando. E olha que coisa: terminei de ler no mesmo dia. Isso foi muito bom, tendo em vista o fato de que me envolvi bastante na história.


Título: Uma Noite no Chateau Marmont.
Autora: Lauren Weisberger
Editora: Record - 491 páginas.
Brooke e Julian têm uma vida tranquila em Nova York: ela sustenta o casal com dois empregos enquanto ele investe em sua carreira como músico. Finalmente, Julian é descoberto por um executivo da Sony e se torna um súbito sucesso, e suas vidas mudam para sempre. Os implacáveis paparazzi tanto insistem que conseguem emplacar uma foto escandalosa na imprensa - será que o casamento de Brooke vai sobreviver aos acontecimentos daquela noite fatídica no Chateau Marmont?

Você deve ter notado que Lauren Weisberger é mais conhecida por ser a autora de "O Diabo Veste Prada". Claro, quem não notaria isso se a capa do livro tem esse fato super-destacado e ainda uma capa bem parecida em termos de identidade visual?

Bom, o fato é que muita gente não gostou do livro "O Diabo veste Prada", tomando para si a referência do filme. Aliás, é um caso raro no qual o filme é melhor que o livro. Embora eu goste bastante da versão literária, também prefiro o filme, mas o fato é que quem tem o seu bestseller como padrão de comparação, vai acabar tendo uma surpresa. "Uma noite no Chateau Marmont é beeeeem melhor que "O Diabo Veste Prada".

Isso foi uma surpresa para mim. Na minha última tentativa de ler algo da autora fui muito mal sucedida ao tentar " À Caça a Harry Winston". Achei péssimo. Um dos piores que li na vida, para dizer a verdade. Não deixei de ter esperanças de que ela pudesse fazer melhor, mas perdi o interesse. No mais, a minha tentativa teve mais a ver com a promoção Amazon que um interesse franco e sincero. E olha... não me arrependi. É um livro bem interessante, que não fica de enrolação e nem com mil histórias paralelas. Também fornece um bom vislumbre do mundo das celebridades, especialmente as da música.

Se puder ler, realmente vale a pena. É bom para quem gosta de romance e algum drama no relacionamento além de finais felizes (não, isso não chega a ser realmente um spoiler). E sim, quatro corujas de classificação.

Normalmente os posts de blogs no fim do ano são aqueles que se destinam a fazer um balanço do ano. E claro, não fiquei de fora dessa. Como muito do meu 2013 teve a ver com livros, nada mais justo do que dividir a minha experiência.



Em 2013, tentei ser bastante disciplinada com o meu perfil no Skoob. Ou pelo menos em registrar tudo aquilo que lia. E no fim, os números mostraram que li 119 livros nestes 365 dias. Não sei dizer se é muita coisa, mas posso dizer que realmente me senti uma rata de biblioteca (embora não tenha entrado em nenhuma esse ano). Sendo muito ou algo nada expressivo, senti vontade de falar mais sobre isso.

Como li tantos livros durante o ano?

Neste ano, tive a felicidade de ser apresentada ao e-reader. Sim! Aquele aparelhinho pelo qual muitos leitores torcem o nariz sem ao menos conhecer, crendo que ebook é simplesmente aquele pdf maroto que se lê no computador. Devo dizer que não é. Dos livros que li este ano, devo dizer que somente oito eram livros físicos (e pelo menos quatro dentre esses foram lidos tanto em e-reader quanto em papel). Aliás, para quem quiser saber mais sobre eles (Kindle ou Kobo), indico esse post aqui no meu outro blog, Limão em Limonada. Tudo bem que livro físico é bonito, tudo de bom, enfeita estante que é uma beleza e blá blá blá, mas nada se compara em termos de praticidade. Afinal, é meio difícil ler os livros das "Crônicas de Gelo e Fogo" levando aqueles tijolos para a rua... (sim, eu tentei e não é nada prático.)

Meu método usual de leitura. Sempre que posso, e-reader em mãos.
Não é papel, mas é super prático para quem tem a vida agitada e também para quem gosta de ler durante a madrugada e tem preguiça de ir apagar a luz. (#PaperwhiteForever)

Os preferidos e os odiados de 2013

Dentre os livros que li, devo dizer que tive várias obras para chamar de "xodó." Não que sejam as melhores obras do mundo e que todos devam considerar como sendo maravilhosos, mas em algum momento essas obras realmente me despertaram, por um motivo ou por outro, sejam eles nobres ou não:

  • Barba Ensopada de Sangue - Daniel Galera
  • As Brumas de Avalon (4 volumes) - Marion Zimmer Bradley
  • Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios - Maçal Aquino
  • Eu sou o mensageiro - Markus Zusak
  • Sob a Redoma - Stephen King
  • Mensagem de uma mãe chinesa desconhecida - Xinran
  • A boa terra - Pearl S. Buck
  • Holocausto Brasileiro - Daniela Arbex
  • Norwegian Wood - Haruki Murakami
  • A garota que eu quero - Markus Zusak
  • Perdão, Leonard Peackock - Matthew Quick
  • Os olhos amarelos dos crocodilos - Katherine Pancol
  • Todo dia - David Levithan
  • Ratos - Gordon Reece
  • Menino de Ouro - Abigail Tarttelin
  • As lembranças de Alice - Liane Moriarty
  • Pela luz dos olhos seus - Janine Boissard
  • O Vale das Bonecas - Jacqueline Susann
  • O Duque e Eu - Julia Quinn
  • Vale Tudo: Tim Maia - Nelson Motta
  • O Visconde que me amava - Julia Quinn
Outros, em compensação ganharam o meu ódio quase eterno pelo que considerei um desperdício tremendo de tempo: 
  • As vantagens de ser invisível - Stephen Chboskyl
  • Mel e Amêndoas - Maha Akhtar
  • A vida em tons de cinza - Ruta Sepetys
  • Os últimos sete meses de Anne Frank - Willy Lindwer
Em resumo, devo dizer que o saldo foi altamente positivo, embora haja vários livros de diferença entre os preferidos e odiados e que seguiram classificados como medianos segundo o meu gosto. Mas de um modo ou de outro, todos marcaram minha imaginação de algum modo.

O que senti lendo tantos livros?

Tenho um colega que, se lesse esse post, estaria me perguntando "qual a utilidade de ler tanto"? Bom, a resposta é bem fácil, e francamente não vou me dar ao trabalho de escrever aqui, ainda mais quando a pessoa em questão tem como "livro útil" somente os didáticos. Porém nesse caso tendo em mente a quantidade de leitura, devo me perguntar: foi realmente útil para mim?

Em primeiro lugar, ler tanto não foi uma experiência lá muito enriquecedora. Leio porque gosto, leio por hobby e prazer e não necessariamente por acréscimo a minha escassa sabedoria. Ler tantos livros me colocou em estafa por alguns dias. Em vários momentos tive a sensação de não conseguir prestar atenção ou memorizar algo como nomes e locais, o que é frustrante. Em várias outras ocasiões me senti incapaz de participar de algum debate e escrever resenhas sobre um livro ou outro porque a história simplesmente não ficou em minha mente e inviabilizava conversas. Muito do que li foi para não ficar parada, não ter a mente ociosa. Ter um e-reader ao lado faz você sentir culpar por não ler (isso é uma das raras desvantagens dos ebooks).

Ler simplesmente para acumular números não serve, não funciona. Não serve para mais do que o falso status, do mesmo modo que comprar muitos livros somente para enfeitar a estante. Estar à vontade com o próprio ritmo e saborear as palavras sem ter pressa é fundamental para ser um bom leitor. Não se importe com números, mas sim com qualidade. Isso certamente fará a vida melhor. 

Para o próximo ano, pretendo 
Ok, este é um post "dois-em-um" mas estou me esforçando para que possa valer a pena. Provavelmente valerá, caso você goste de um romance... 

Basicamente estou aqui hoje para falar dos livros "O Duque e eu" e "O Visconde que me amava",  respectivamente o primeiro e segundo volume da série 'Os Bridgertons", escrita por Julia Quinn. Como você pode imaginar, são romances de época, mas escritos de modo surpreendente. Confira:


Título: "O duque e eu" - Os Bridgertons, volume I
Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro - 288 páginas
Simon Basset, o irresistível duque de Hastings, acaba de retornar a Londres depois de seis anos viajando pelo mundo. Rico, bonito e solteiro, ele é um prato cheio para as mães da alta sociedade, que só pensam em arrumar um bom partido para suas filhas. Simon, porém, tem o firme propósito de nunca se casar. Assim, para se livrar das garras dessas mulheres, precisa de um plano infalível. É quando entra em cena Daphne Bridgerton, a irmã mais nova de seu melhor amigo.
Apesar de espirituosa e dona de uma personalidade marcante, todos os homens que se interessam por ela são velhos demais, pouco inteligentes ou destituídos de qualquer tipo de charme. E os que têm potencial para ser bons maridos só a veem como uma boa amiga. A ideia de Simon é fingir que a corteja. Dessa forma, de uma tacada só, ele conseguirá afastar as jovens obcecadas por um marido e atrairá vários pretendentes para Daphne. Afinal, se um duque está interessado nela, a jovem deve ter mais atrativos do que aparenta.
Mas, à medida que a farsa dos dois se desenrola, o sorriso malicioso e os olhos cheios de desejo de Simon tornam cada vez mais difícil para Daphne lembrar que tudo não passa de fingimento. Agora ela precisa fazer o impossível para não se apaixonar por esse conquistador inveterado que tem aversão a tudo o que ela mais quer na vida.



Título: "O Visconde que me amava" - Os Bridgertons, volume II
Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro - 288 páginas
A temporada de bailes e festas de 1814 acaba de começar em Londres. Como de costume, as mães ambiciosas já estão ávidas por encontrar um marido adequado para suas filhas. Ao que tudo indica, o solteiro mais cobiçado do ano será Anthony Bridgerton, um visconde charmoso, elegante e muito rico que, contrariando as probabilidades, resolve dar um basta na rotina de libertino e arranjar uma noiva.
Logo ele decide que Edwina Sheffield, a debutante mais linda da estação, é a candidata ideal. Mas, para levá-la ao altar, primeiro terá que convencer Kate, a irmã mais velha da jovem, de que merece se casar com ela.
Não será uma tarefa fácil, porque Kate não acredita que ex-libertinos possam se transformar em bons maridos e não deixará Edwina cair nas garras dele.
Enquanto faz de tudo para afastá-lo da irmã, Kate descobre que o visconde devasso é também um homem honesto e gentil. Ao mesmo tempo, Anthony começa a sonhar com ela, apesar de achá-la a criatura mais intrometida e irritante que já pisou nos salões de Londres. Aos poucos, os dois percebem que essa centelha de desejo pode ser mais do que uma simples atração.



Beleza. Apresentações feitas e vamos ao que interessa. Encontrei esses ebooks no meu kindle e estava relutando em lê-los. Confesso que a capa estava afastando qualquer entusiasmo meu nesse sentido ("não julgue um livro pela cara", já dizia o grande filósofo). Mas ok, com a perspectiva de um fim de semana sem internet e sem condições de escrever, resolvi abrir o Kindle e procurar algo promissor. Mesmo atochado de ebooks, decidi agir como uma mulher quase sempre age em frente a um guarda-roupas abarrotado: "não tenho nada o que vestir / ler!"

Após muito fuçar, encontrei "O Duque e Eu" e resolvi arriscar. E putz, por que eu não fiz isso antes? Eu praticamente DEVOREI o livro. É um romancezinho de época com personagens impagáveis, linguagem fácil e leitura leve, ágil e engraçada (e um pouquinho de sexo também, mas nada muito grave. Nada que uma Nora Roberts não faria.). Excelente de ler, em todos os sentidos! O mesmo aconteceu quando li "O Visconde que me amava". Já estou encantada com a Família Bridgertons e seus personagens!

O sucesso dos livros atualmente já é tanto que muita gente vem comparando Julia Quinn a Jane Austen. Isso eu já acho exagero, embora a época e alguns dos personagens que elas descrevem em suas histórias seja semelhante o bastante para que haja a tentação de ir pelo caminho mais simples. 

Na prática, Jane Austen sempre será Jane Austen, porque fazer o que ela fazia, naquela época e daquele jeito, elimina qualquer chance de comparação. aliás, Muito do que julgam semelhante entre Austen e Quinn vem da forma irônica de descrever alguns de personagens, mas convenhamos: é muito fácil ser irônico atualmente. Qualquer um consegue. No caso de Jane Austen, fazer isso na época em que fez e ainda obter sucesso, faz com que ela esteja longe de qualquer comparação nesse sentido. Mas isso não elimina o brilho dos livros da Julia Quinn. São ótimos!

No momento, encontrei em português somente os dois que descrevi acima, quando na verdade ainda faltam vários livros para terminar a coleção. Estou ansiosa para ler os demais e continuar me deixando levar por histórias envolventes e leves como essas.

Quatro corujas para os dois!


O livro deste post é especialmente para as noivinhas de plantão. Você já ouviu falar em "O momento mágico", de Jeffrey Zaslow?


Título: O momento Mágico (The Magic Room)
Autor: Jeffrey Zaslow
Editora: Novo Conceito - 320 páginas.
Em uma cidadezinha, a 100 quilômetros de Detroit, há uma loja antiga com mais de 78 anos que se tornou um ícone em roupas para casamento e vestidos de noiva. Por ali já passaram mais de cem mil moças: noivas, mães e madrinhas. Seus vestidos vão além de roupas elegantes para mais uma cerimônia: eles representam, no imaginário das noivas e de seus pais, a garantia de uma noite de princesa, um símbolo do "felizes para sempre". Para estas moças este lugar é certamente uma linha divisória: de um lado está a fé no amor e no romance, e do outro, a ingenuidade e o medo. Da substâncias desses sentimentos contraditórios, Jeffrey Zaslow selecionou histórias que as vezes nos fazem rir, às vezes nos partem o coração, mas que oferecem um panorama do que é o casamento e do que as famílias ensinam às suas filhas sobre amor e compromisso.

Bom, uma promessa e tanto para as que estão com um pé no altar. Não é o meu caso, mas o que me interessou na obra foi a história do local em si e da promessa de beleza nas histórias de lá, sem contar o fato de o autor ser um jornalista. E lá fui eu em direção ao livro ansiosa e disposta a catar a versão digital (R$ 18,99 na Amazon).

O que encontrei soou bem interessante mas não em todos os níveis que eu esperava. Em primeiro: a loja é mesmo muito interessante. Sua formação, o início até os dias atuais, as ideias que transformaram o local no que é hoje é bem legal. A história de algumas noivas também é linda, mas nem todas são interessantes. Em algumas delas eu queria era mais jogar o Kindle longe, coisa que God sabe que não posso fazer porque a bodega custa caro.

Explicando melhor: o fato é que não sou alguém que tem "aquela ideia" de casamento ou sonhe em estar em um vestido de noiva para aquele que promete ser o dia mais importante da vida. Sequer sou lá muito romântica. Minha ideia a respeito de casamento é a mais prática possível portanto os sonhos das noivas e toda a preocupação maluca de fazer uma grande cerimônia e uma super festa simplesmente não entra na minha cabeça. Ou seja, não tive empatia pela maior parte das personagens. Não sou parte do público-alvo ao qual se destina o livro.

Não posso falar muito a respeito dos aspectos gráficos do livro, afinal li o e-book. Sobre ele, aliás posso falar bastante. Quem puder, fuja da edição digital deste livro a menos que tenha um tablet visto que ele possui muitas fotos, portanto é interessante vê-las coloridas. Em suma: se você está para casar ou ainda somente sonha com o casamento, esse livro pode ser uma boa pedida.

Alguns livros são difíceis de ler. E não estou falando de livros ruins. Estou me referindo a obras boas, mas que trazem em suas páginas algumas verdades e situações difíceis de digerir e enfrentar. É sobre uma dessas pérolas literárias que vamos falar agora: Perdão, Leonard Peacock.

Título: Perdão, Leonard Peacock (Forgive-me, Leonard Peacock)
Autor: Matthew Quick
Editora: Intríseca - 224 páginas.
Hoje é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich. Mas antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt, o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinado à turma sobre o Holocausto. Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem aos poucos revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia, Leonard estará morto. 


Sinopse tensa, não é? Bem diferente do livro bestseller de seu autor. Afinal provavelmente todo mundo conhece Matthew Quick pelo livro "O lado bom da Vida", que tinha uma pegada bem mais cômica. Eu li o antecessor de "Perdão, Leonard Peackock" e sinceramente não gostei. Rolou até uma risada ou outra, mas não me interessei nem mesmo em escrever algo sobre. Mas tudo bem, dei uma segunda chance ao autor, afinal uma carreira literária não é feita somente de best-sellers. Não me arrependi: valeu muito a pena ter arriscado.

Como mencionei lá em cima, é uma obra cheia de momentos difíceis de enfrentar, de verdades que são bem difíceis de engolir. O cotidiano de Leonard não é nada fácil. Para o leitor que tenha o mínimo de empatia, é bem simples sentir a dor e a tristeza dele. O livro é tocante e comovente ao extremo e tudo isso sem cair na pieguice. O texto e a narrativa são muito atraentes e é impossível não ser atraído para a mente do protagonista e entender o que o leva a um momento tão extremo: toda a tristeza, as humilhações, os pequenos gestos de abuso e negligência. 

É um livro que fala sobre pessoas, pequenas segundas chances e todos os gestos que impulsionam para os diferentes rumos da vida, seja ela a loucura ou a reinvenção. Com isso, esse livro foi para a minha lista de preferidos de todos os tempos. 

Se tiver a oportunidade, leia. É um dos maiores achados da literatura recente. E cinco corujas é pouco para classificar o que senti por esse livro.


E eis aqui mais uma das minhas leituras deste ano. Não que seja a mais recente, mas como sempre, foi aquela pela qual me interessei de imediato em escrever uma resenha. Ok, não tão de imediato assim, já que li 11 livros depois dele ("Vale das Bonecas" inclusive foi o que li logo depois deste), mas tudo bem, você deve ter entendido o que quero dizer.

Bom, antes de mais nada, vamos falar no escolhido: Mel e Amêndoas, de Maha Akhtar.

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Livro: Mel e Amêndoas (Miel y Almendras)
Autor: Maha Akhtar
Editora: Planeta do Brasil - 448 páginas.
O destino e as histórias de seis mulheres acabam se cruzando em um salão de beleza em Beirute, e elas compartilham momentos de solidão, felicidade, medo e frustração. Esse é o pano de fundo de “Mel e Amêndoas”, novo livro da jornalista Maha Akhtar. Mouna Al-Husseini, a atrevida proprietária do salão Cleópatra, luta para sobreviver com o pouco dinheiro que ganha, além de ter de aguentar a rispidez de sua mãe, que a repreende por nunca ter se casado. Já Amal, sua tímida assistente, mantém um segredo a sete chaves. Do outro lado do balcão, suas novas clientes desenvolvem um sentimento de profunda amizade, apesar de suas diferentes procedências sociais, religiosas e culturais: Imaan Sayah, uma importante diplomata libanesa, Nina Abboud, vítima da guerra que ainda não conheceu o verdadeiro amor, Lailah Hayek, uma ex-Miss Líbano infeliz no casamento, e Nadine Safi, esposa de um ex-embaixador e dona de uma calorosa personalidade. Essa narrativa sensível e envolvente, cheia de personagens femininas cativantes e histórias paralelas, leva-nos a caminhar pelas exóticas ruas de Beirute e sentir seus aromas, seus personagens e seus conflitos.

Antes de começar a resenha em si devo avisar: falar desse livro traz para mim um misto de sensações, que infelizmente não são lá muito agradáveis. E vou explicar a razão. Desde o momento em que descobri a existência desta obra, fiquei interessada de imediato. 'Mel e Amêndoas" logo de início tinha tudo para ser uma leitura especial:

  1. Porque gosto de livros que falem sobre vida de mulheres. (ainda mais quando são mulheres fortes)
  2. Porque gosto de livros que falem sobre mulheres do Oriente Médio. (quase sempre é uma narrativa forte, seja ficção ou não)
  3. Porque a autora é jornalista.

Ou seja, era um prato cheio para alguém com os meus gostos.

Bom, devo dizer que fui frustrada em algum momento. Ou em tantos momentos que nem sei dizer. Para ser franca, "Mel e Amêndoas" foi o pior livro que li este ano e, quiçá, um dos piores que já li na vida.

Antes de qualquer coisa: é um livro lento, que fala sobre amizade e também (de alguma forma) sobre o papel da mulher, com vários obstáculos possíveis seja no universo ficcional ou real, ainda mais levando em consideração o local onde a ação se passa. E olha que já li muitos livros sobre mulheres e ainda mais sobre mulheres do mundo árabe. Sempre foi um universo que me cativou, portanto não sofro de falta de bagagem no assunto. Ficcional ou não, as personagens são desinteressantes (a única que me causou algum interesse foi justamente Mouna, e ainda assim me decepcionei com ela). Elas foram escritas e mostradas de maneira boba e preguiçosa, cuja escrita não ajudou em nada. Uma perspectiva que não é nada boa tendo em vista a forma que a narrativa é desenvolvida.

O livro é narrado em 3º pessoa, no tipo que chamam de narrador observador. Não é o tipo de narrativa mais simples, mas normalmente é o que mais me agrada. O problema é que a autora conseguiu tornar o livro fraco, nada cativante e incompleto em vários setores, sem contar a "ação" que passa de um núcleo para outro várias vezes sem a menor nexo ou coerência. Para dizer a verdade, me senti como se estivesse lendo uma fanfic mal escrita, ou um pdf mal traduzido ao invés de uma obra literária. Além disso, "Mel e Amêndoas" tem o fim mais preguiçoso que já li na minha vida (não, isso não é um spoiler).

Em suma: uma decepção tremenda. O desperdício de R$ 44,90 porque eu tenho a edição física. Na ânsia de ler o livro, fiquei meses esperando pela versão ebook que só saiu há pouco tempo. Antes eu tivesse esperado mais, pois provavelmente teria R$ 15 a menos de prejuízo.

Enfim, decepções são inevitáveis na vida de um leitor. E esse livro vale uma coruja e olhe lá.

Nos meses em que estive ausente eu me envolvi com muitos livros. Neste meio tempo em que não escrevi uma postagem sequer, meu perfil no Skoob exibiu a marca de mais de cem livros lidos em 2013. Eu poderia escrever então sobre muita coisa, mas resolvi discorrer da minha leitura mais recente: “O Vale das Bonecas.”

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O Vale das Bonecas:Autora: Jacqueline Susann
Editora: Record | 512 páginas
"Anne, Neely e Jennifer têm um sonho em comum: o sucesso no showbiz. As três se conhecem em Nova York e se tornam amigas. Circulando pelos bastidores nem sempre glamourosos do mundo dos espetáculos, elas compartilham os mesmos objetivos, decepções e um apetite voraz por pílulas estimulantes, que ingerem com fartas doses de uísque. Qualquer semelhança é realmente mera coincidência com a vida de quase-estrela da Broadway de Susan nos anos 50. Mesmo sendo o romance mais característico dos anos 60 O VALE DAS BONECAS parece ter previsto os movimentos pós-punk e pós-feministas dos anos 90. Foi adaptado para o cinema em 1967 com Sharon Tate, Patty Duke e Barbara Parkins nos papéis principais e mesmo com o passar do tempo, não perdeu o frescor. Jacqueline Susan deixou sua cidade natal, Philadelphia, aos 18 anos, partindo para Nova York onde viveu como atriz por muitos anos. Contudo, foi o sucesso de suas três novelas O vale das bonecas, A máquina do amor e Uma vez só é pouco que a transformaram em uma verdadeira superstar. Susan, que morreu em 1974, foi casada com o produtor Irving Mansfield."

Trata-se de um clássico da literatura americana, que fez muito barulho quando foi lançado e apontado como um dos livros que mais vendeu no mundo. Não posso discorrer a respeito da veracidade desta estatística, mas na prática posso dizer o que se isso for verdade, dá para entender a razão de tanto burburinho.

Posso dizer que inicialmente enrolei eras com a leitura deste livro. Ler pdf em um e-reader é uma das coisas mais penosas do mundo e a letra ficava muito pequena. Já tinha feito muitas tentativas de começar, mas nunca tinha passado das primeiras cinco páginas até o dia em que me deu uma louca, achei um arquivo pdf que tinha convertido para mobi mais-ou-menos legível e me envolvi na leitura. Não apenas passei da página cinco como simplesmente não consegui parar enquanto não cheguei até a última linha. E fiquei com o livro na cabeça a ponto de ignorar tantas outras boas leituras para resenhar e me propus em escrever esta.

Escrito em terceira pessoa e dividido entre os pontos de vistas das três personagens protagonistas, “O vale das bonecas” é pura literatura de entretenimento. Um dos casos raros de obras consideradas ‘clássicas’ e que serve para diversão. Você não encontrará nele nenhuma linguagem profunda, nenhuma pegadinha altamente reflexiva de professores de vestibular, nem nada do gênero. É aquilo que as pessoas costumam chamar de “prazer culpado”. A leitura é muito envolvente, independente de sua linguagem não ser sofisticada, porém está longe de ser algo que tenha um final feliz.

Os personagens são muito interessantes e por várias vezes tive vontade ora de esganá-los e ora de pegá-los no colo: Anne, com sua frieza e determinação, Jennifer com sua busca pela independência e pela juventude prolongada e Neelie, com seu incrível talento artístico e poder de autodestruição. A obra explora muito bem a sua época e os bastidores do mundo das celebridades e não é dífícil entender a razão, afinal sua autora esteve muito envolvida com aquele universo. Por mais distante que este mundo esteja de nós – por seu contexto histórico somente visto que o mundo dos famosos agora é tão louco quanto, porém com menos glamour e mais acessibilidade – é plenamente possível ao leitor se envolver com os dilemas que regem a vida destas mulheres.

Em suma: se você não tem vergonha de ler romanções ou de ter prazeres culpados, provavelmente vai gostar MUITO deste livro.

Classificação de quatro corujas sem nenhuma vergonha na cara. :-)

E eis que depois de um tempo considerável afastada e vários livros lidos durante esse tempo, estou de volta para falar de uma dessas leituras. A escolhida da vez é uma biografia. Se você esteve acompanhando as notícias literárias, provavelmente já escutou falar deste livro, ou se pelo menos algum dia esteve atento às notícias do mundo, provavelmente conhece a biografada:


Livro: Eu sou Malala - A História da Garota que Defendeu o Direito à Educação e Foi Baleada Pelo Talibã
Autor: Malala Yousafzai, Christina Lamb
Editora: Companhia das Letras – 360 páginas
Quando o Talibã tomou controle do vale do Swat, uma menina levantou a voz. Malala Yousafzai recusou-se a permanecer em silêncio e lutou pelo seu direito à educação. Mas em 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, ela quase pagou o preço com a vida. Malala foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do ônibus no qual voltava da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria. Mas a recuperação milagrosa de Malala a levou em uma viagem extraordinária de um vale remoto no norte do Paquistão para as salas das Nações Unidas em Nova York. Aos dezesseis anos, ela se tornou um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz. Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens. O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã.

Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, este livro é uma janela para a singularidade poderosa de uma menina cheia de brio e talento, mas também para um universo religioso e cultural cheio de interdições e particularidades, muitas vezes incompreendido pelo Ocidente. “Sentar numa cadeira, ler meus livros rodeada pelos meus amigos é um direito meu”, ela diz numa das últimas passagens do livro. A história de Malala renova a crença na capacidade de uma pessoa de inspirar e modificar o mundo.

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Se você leu a sinopse, provavelmente sabe quem é Malala Yousafzai então não é preciso me ater a detalhes sobre a garota, que é mundialmente conhecida por sua luta e sua causa. Muito jovem, Malala tem muitas histórias para contar, típicas de quem apesar da tenra idade, já viveu os maiores desafios que alguém poderia enfrentar. E é nessas histórias que o leitor viaja pelas 360 páginas do livro.

Escrito em parceria com a jornalista Christina Lamb, ele adota uma narrativa em primeira pessoa e vem desde a infância – com flashes da vida de seus pais – e chega aos tempos atuais e seu cotidiano pós-atentado. É um livro comovente, porém tedioso. Sim, tedioso, Lamento ter de dizer isso, mas na prática não era como se pudesse ter sido de uma outra forma. Talvez pela história de vida de Malala, o tom seja muito ‘professoral’. A narrativa em primeira pessoa (óbvio, visto que é uma autobioggrafia) não ajuda muito se a ideia é tornar a leitura minimamente atraente. Dá um tom sério demais (para o mau sentido, visto que a causa de Malala é excelente) e um jeito de “sou perfeita”. Porém isso não significa que seja mal escrito. É que basicamente não sou fã de quase nada escrito em primeira pessoa, tendo ele uma causa nobre envolvida ou não. Poucos são aqueles que conseguem me agradar nesse sentido.

Vale lembrar que “Eu sou Malala” não é uma leitura de entretenimento, não vai te distrair em nenhum sentido, não vai limpar sua mente de absolutamente nada, pelo contrário, vai incomodar, (mas não tanto também, afinal há coisas piores neste sentido). Fala de uma grande causa e de uma grande pessoa. Nesse sentido, você encontrará exatamente aquilo ao qual o livro se propõe.

Três corujas porque o livro não me agrada como biografia, mas cumpre o que promete, tenha certeza disso.

Escrevendo aqui nesse espaço acho que nunca cheguei a abordar nenhuma conversa na qual eu fale dos meus escritores preferidos, não é mesmo? Pois bem, acho que aqui nesse post esse será um dado importante. Então é hora de revelar meu segredinho: minha escritora preferida, em uma panorama geral, é a Letícia Wierzchowski. Tem gente que se surpreende em ver como alguém que consome tanto de literatura estrangeira tem como preferida uma escritora nacional, mas isso não é algo exatamente que possa ser compreendido, mas sim, sentido.

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Minha lista de livros já lidos tem em seu ranking duas de suas obras, em primeiro e segundo lugar como meus preferidos: “A Casa das Sete Mulheres” e “Um farol no Pampa”. Além destes, tenho em casa “A Prata do Tempo” e “Os Getka”. Ainda não tive como ler toda a sua obra, mas é uma vontade antiga que tenho. Normalmente não tenho esse tipo de interesse em me aprofundar na leitura das obras de um autor em específico, mas justifico minha vontade na escrita de Letícia. A narrativa da autora é algo que me toca profundamente.

Sendo fã dela, não é exatamente surpresa contar que fiquei esperando e comprei ainda na pré-venda o e-book do seu último romance, “Sal”. E eis que a data do lançamento chegou e finalmente o recebi no meu e-reader. E o li em duas madrugadas. (Santa tecnologia!)

Antes de mais nada, vamos à uma apresentação:


Sal
Letícia Wierzchowski
– 240 páginas
Editora: Intríseca
Um farol enlouquecido deixa desamparados os homens do mar que circulam em torno da pequena e isolada ilha de La Duiva. Sob sua luz vacilante, a matriarca da família Godoy reconstitui as cicatrizes do passado. Em sua interminável tapeçaria, Cecília entrelaça as sinas de Ivan, seu marido, e de seus filhos ausentes, elegendo uma cor para cada um. Com uma linguagem poética, a premiada escritora gaúcha Leticia Wierzchowski, autora de A casa das sete mulheres, dá voz e vida a cada um dos integrantes da família Godoy, criando uma história delicada e surpreendente, enriquecida por múltiplos e divergentes pontos de vista.

Como mencionei anteriormente, li o livro em duas madrugadas e me deixei levar pelo sabor das palavras. Adoro o modo como ela escreve e não me decepcionei de nenhuma forma com a escrita. Por vezes me confundi entre seu modo de narrar já que o foco se divide entre os vários personagens, mas atribuo a confusão à minha pressa em devorar o que eu podia. Outro fato que pode ter contribuído bastante nisso foi o fato de estar lendo em ebook. Um impresso com um projeto gráfico definido e melhores divisões poderia ser melhor neste ponto.

Sobre a narrativa, às vezes acontece de ser maçante. Em alguns momentos você vai se confundir e julgar que há personagens em excesso e certas situações poderiam ser resolvidas de uma outra maneira, ou talvez descritas em uma linguagem mais direta. Em outras ocasiões você nota que o personagem julgado como sem função finalmente brilha em algum momento (Julieta), e o que você acha que deveria brilhar em algum momento acaba ficando para trás de alguma maneira (Ernest e Tobias).

Defeito sim, mas nada grave. Nada que não aconteça em várias outras obras de escritores mais alardeados. Nada que tire o brilho do livro e de sua escrita em si. Talvez uma segunda leitura mude minha opinião, afinal uma releitura começa a despertar a mente para outras particularidades.

Nessa primeira viagem eu me permiti ser levada pelos personagens, acolhendo especialmente Orfeu, Julius e Cecília, sem contar a fase de querer chutar outros, como Eva e também o próprio Julius (ok, motivos compreensíveis, mas dá vontade de chutar assim mesmo). Não me decepcionei com o que encontrei, achei a história linda e terminei de ler com um nó na garganta. É fundamentalmente uma história de perdas, fins e recomeços. É normal sentir o peso dos personagens e se emocionar com eles.

Por fim, não acho que seja o melhor romance da autora, (ainda tenho "A casa das sete mulheres" e "Um farol no pampa" como meus preferidos de todos os tempos e dificilmente os tirarei do topo da lista) mas "Sal" certamente vai ter um lugarzinho especial no coração e na estante, junto com meus outros livros favoritos. Vale a pena, mas com três corujas devido aos pequenos problemas de enredo.

Bom, após muitos ensaios de uma volta triunfal, mas sem algo realmente bom para justificar o esforço de uma resenha eis que encontrei algo do qual vale a pena comentar. Infelizmente, não se trata de algo fofinho. Não é um romance, não  fala de coisas felizes. Pelo contrário é uma tragédia. E não é fictício, e sim uma tragédia real, um holocausto em terras tupiniquins. Para ser mais exata, o título do livro em questão é algo bem parecido com isso: O Holocausto Brasileiro escrito pela jornalista Daniela Arbex.


O Holocausto Brasileiro - Vida, Genocídio e 60 Mil Mortes No Maior Hospício do Brasil
Daniela Arbex – 255 páginas
Editora: Geração Editorial
Neste livro-reportagem fundamental, a premiada jornalista Daniela Arbex resgata do esquecimento um dos capítulos mais macabros da nossa história: a barbárie e a desumanidade praticadas, durante a maior parte do século XX, no maior hospício do Brasil, conhecido por Colônia, situado na cidade mineira de Barbacena. Ao fazê-lo, a autora traz à luz um genocídio cometido, sistematicamente, pelo Estado brasileiro, com a conivência de médicos, funcionários e também da população, pois nenhuma violação dos direitos humanos mais básicos se sustenta por tanto tempo sem a omissão da sociedade. Pelo menos 60 mil pessoas morreram entre os muros da Colônia. Em sua maioria, haviam sido internadas à força. Cerca de 70% não tinham diagnóstico de doença mental. Eram epiléticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, gente que se rebelava ou que se tornara incômoda para alguém com mais poder. Eram meninas grávidas violentadas por seus patrões, esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, filhas de fazendeiros que perderam a virgindade antes do casamento, homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos 33 eram crianças.

Acho que a descrição é suficiente para dizer o que o leitor vai encontrar quando abrir este livro. E não, não há exagero nenhum. Na maior parte do tempo, as pessoas não tem sequer noção do quanto pode chegar o sofrimento humano e olha com desdém certas histórias sob alegação de que é um exagero. Se você é uma pessoa atenta sabe que a realidade muitas vezes é capaz de superar com maestria a crueldade da ficção. Ler O Holocausto Brasileiro mostrou o pior da faceta humana e o que é mais intrigante: a loucura daqueles que se dizem normais.

O livro de Daniela Arbex é muitíssimo bem escrito. Li-o direto, em uma única madrugada de tanto que me senti envolvida. A escrita é simples e comovente. Consegue a proeza de mostrar beleza na narrativa de episódios de horror. Daniela Abex fez a proeza de descrever com sutileza e sensibilidade o horror que impregnou tantas vidas mas foi ignorado durante tantos anos.

Vale a pena ler o Holocausto Brasileiro. Como mencionei antes, não é um romance, não é um livro fofo. Não distrai com mentiras confortáveis. Aliás não é um livro que te permite distrações. Pelo menos não mais do que uma pausa para aliviar a sensação de nó na garganta. Mas apesar de tudo, é um livro muito, muito bom mesmo.

Cinco corujas de classificação e lamentando muito por não julgar que seja uma nota alta o bastante.

Depois de um tempinho de ressaca literária e sem conseguir concentrar minha leitura em algo que pudesse resultar em uma resenha coertente, eis que volto trazendo algo que não achei que pudesse acontecer tão cedo. A resenha de uma história pela qual normalmente eu teria um certo receio em ler: “A Colcha de Despedida” de Susan Wiggs.

Capa

A Colcha de Despedida
Susan Wiggs – 285 páginas
Editora: Harlequin Brasil
A loja de tecidos preferida de Linda Davis é o lugar em que as mulheres se encontram para compartilhar suas criações: colchas de casamento, colchas para bebês, colchas de comemoração. Cada qual costurada com muitos sonhos, esperanças e suspiros. Agora, a única filha de Linda se prepara para entrar na faculdade, deixando- a confusa com tantas emoções. De um lado, a felicidade por Molly ter crescido. De outro, uma pontada de angústia por vê-la partir. Qual será o papel de Linda quando ela não for mais necessária como mãe? Ao viajarem juntas para fazer a mudança de Molly, Linda prepara uma colcha com os retalhos de roupas que ela guardou de sua menina. A barra do vestido de batizado, um enfeite de fantasia. Ao unir cada pedacinho, ela descobre que lembranças podem ser costuradas de modo a manter ambas, mãe e filha, com o coração aquecido por muito tempo…

Voltando ao assunto: eu normalmente teria muitas reservas, especialmente pelo estilo da editora Harlequin, dedicada essencialmente a romanções que não necessariamente prezam pela qualidade. Ok, nada contra romances, mesmo porque eu também gosto muito, mas falta de qualidade é triste. De qualquer modo me interessei pela sinopse (mesmo não gostando de artesanato), e comprei o ebook e após várias leituras não aproveitadas de outras obras, eis que me envolvi justamente com essa.

Li em uma única noite. Trata-se de um livro curto e com a linguagem bem acessível. Escrito em 1ª pessoa e se passando na perspectiva de Linda, o livro é muito bem sucedido em praticamente todas as suas intenções. A narrativa transmite delicadeza, tem forte alusão ao artesanato e aos sentimentos despertados nas mulheres que lidam com ele, e mais que um quilt que é o ponto de partida da livro, suas alusões são muito pertinentes na construção da história de seus personagens . Não se trata de uma família perfeita e de uma vida perfeita – embora a narrativa em primeira pessoa possa fazer caber esse pequeno deslize. Trata-se de um projeto para agarrar-se a algo e evitar a síndrome do ninho vazio, com uma escrita muito confortável de acompanhar.

Muitos podem dizer que é clichê. Sim, a história pode ser clichê, seu ponto de partida pode ser clichê, mas quem disse que os clichês tem de ser necessariamente algo ruim? Depende muito da habilidade do autor construir algo digno em um cenário onde se pensa que tudo foi feito, com uma sinopse da qual muitos poderiam torcer o nariz. E Susan Wiggs foi muito habilidosa em construir essa história.

Se você gosta do estilo mulherzinha – e não tem nenhuma vergonha disso – a leitura é muito mais que recomendada! (e com quatro corujas de classificação)

Mais uma vez, em uma tentativa de ser linear a respeito do que leio e escrevo, eis que vou tentar falar da minha última leitura: A Casa das Orquídeas, de Lucinda Riley.

A Casa das Orquídeas

Lucinda Riley - 560 páginas
Editora Novo Conceito
Quando criança, a pianista Júlia Forrester passava seu tempo na estufa da propriedade de Wharton Park, onde flores exóticas cultivadas pelo seu avô nasciam e morriam com as estações. Agora, recuperando-se de uma tragédia na família, ela busca mais uma vez o conforto de Wharton Park, recém-herdada por Kit Crawford, um homem carismático que também tem uma história triste. No entanto, quando um antigo diário é encontrado durante uma reforma, os dois procuram a avó de Júlia para descobrirem a verdade sobre o romance que destruiu o futuro de Wharton Park... E, assim, Júlia é levada de volta no tempo, para o mundo de Olívia e Harry Crawford, um jovem casal separado cruelmente pela Segunda Guerra Mundial, cujo frágil casamento estava destinado a afetar a felicidade de muitas gerações, inclusive da de Júlia.


Devo destacar algo importante a respeito desta autora para que talvez me compreenda melhor nesta resenha: este é o segundo livro que leio de Lucinda Riley e, assim como da primeira vez, fiquei com a sensação de que depois deste livro, precisaria de algo mais sério (ou mais real) para digerir e seguir em frente com as minhas leituras.

Por qual razão? Bom, pelo menos em “A Casa das Orquídeas” e “A Luz Através da Janela” Lucinda Riley é puro romanção dramático. Daqueles dignos de choro, reviravoltas, e mais choro… e mais reviravoltas. Isso é ruim? Não. É bem interessante para quem  tem a paciência com o gênero. Como eu tenho paciência com novelas, por que afinal não teria paciência com um livro nesse estilo?

“A Casa das Orquídeas” se baseia sobretudo em dramas, tragédias pessoais e amores perdidos. Alguns em maior ou menor proporção, alguns dramas excessivamente “dramáticos” e outros perfeitamente plausíveis. Também se baseia nas reviravoltas que a vida dá (e olha que são várias), além ainda da expectativa de um final feliz. (não, não é spoiler. É tanta merda que já aconteceu ou ainda está acontecendo que não tem muito pra onde piorar no final então o jeito é esperar o melhor.)

O livro varia entre a narrativa em 3º e a 1º pessoa na voz de Júlia Forrester, protagonista da história. Os personagens então entre tediosos, chatos, malas sem alça, imbecis e pessoas legais. Praticamente todas elas com um belo de um quinhão de sofrimento pra contar.

Já a escrita da autora é simples e o leitor não tem qualquer dificuldade em acompanhar a história. Talvez a respeito do nome dos personagens vez ou outra mas isso pouco incomoda na prática. Por vezes, o livro me lembrou fanfics do mesmo estilo “tragédias e reviravoltas” e de nível de escrita mediano, de autores que estão começando a se expressar melhor, porém por mais ideias interessantes que tenham, ainda esbarram na simplicidade excessiva e quase escolar de seu texto. O que não significa necessariamente ser mal escrito. Quando a ideia é falar de literatura, os conceitos de mal e bem escritos são bastante dúbios e mais ligados a gosto pessoal que a algum critério mais justo. Minha classificação nele do Skoob (3 estrelinhas) se deu mais pela história em si (ainda que reviravoltante demais para mim) do que por algo acima disso, pois manteve meu interesse.

Enfim, se você gosta de romance, tem paciência pra drama, acredita no amor e quer algo para se distrair e no qual não precise estar muito ligado para acompanhar, A Casa das Orquídeas é uma boa pedida.

E lá vamos nós falar de livro! E eis que dessa vez trago algo que tem mais a ver com a ordem cronológica das minhas leituras.  Embora eu já esteja lendo outro livro a esta altura, hoje é a vez de falar do último desafio: “A Peculiar Tristeza Guardada Num Bolo de Limão”


A Peculiar Tristeza Guardada Num Bolo de Limão

Aimee Bender – 304 páginas.
Editora Leya
O que você faria se pudesse sentir o gosto das emoções? Rose Edelstein é uma menina que descobriu ter um talento incomum: ela sente o sabor das emoções das pessoas que preparam aquilo que come. E tudo começou semanas antes de seu aniversário quando, depois de uma briga com seu pai, sua mãe resolveu fazer um delicioso bolo de limão. Imagine o que você faria se seu paladar pudesse decifrar o gosto das emoções? É com isso que Rose tem de conviver daqui para frente. Com apenas nove anos, a curiosa menina sabe o que cada um sente secretamente e percebe que nunca mais comerá seus pratos preferidos do mesmo jeito. E o que ela pode fazer para lidar com isso?


Esse livro não chegou a mim com alguma história em particular. Apenas navegando pelo site da Kobo, me interessei pela sinopse, peguei a amostra de um dos capítulos, me pareceu interessante e resolvi comprar. Simples assim. Fui atraída inicialmente pela narrativa, e se depender deste aspecto digo que foi uma leitura que valeu a pena.

O livro, narrado em 1º pessoa pela protagonista traz consigo imagens muito delicadas a respeito dos atos que se desenrolam nas tramas. Seja uma simples cena na qual haja uma combinação de temperos na cozinha, ou uma descrição banal, a impressão que se tem é tudo milimetricamente planejado. É uma narrativa gostosa e confortável e que permanece dessa forma ao acompanhar a vida de Rose, desde a descoberta de seu dom – aos nove anos ao comer um pedaço de bolo de limão – até a vida adulta e não traz peso nenhum ao leitor no desenrolar de seus dramas causado por sua habilidade incomum. As coisas fluem de forma invejável, com um ritmo sereno e interessante.

Embora a narrativa seja gostosa é preciso prestar atenção em outros personagens, que à menor distração ou pular de páginas pode trazer alguma informação importante. Embora as tramas relacionadas a sua mãe aconteçam de forma explícita e bastante compreensível ao leitor desde o primeiro olhar (quem não repararia já que foi com a comida da mãe que Rose teve sua primeira vivência de seu dom?), o mesmo não acontece quando se trata de de seu irmão mais velho, um garoto prodígio com sérias dificuldades de socialização, ou da postura de seu pai frente à família, que diversas vezes soa displicente.

No decorrer das páginas, Rose cresce e amadurece altamente condicionada por seu dom e pela vivência dos acontecimentos de sua família, com uma aura conformada, até infeliz, como para quem cada dia é um fardo, e de certa forma é, embora ela se acostume. Mas tudo isso acontece em etapas que, embora por vezes se arrastem até  infinito nas divagações de Rose,  merecem ser lidas embora por fim as coisas soem… abruptas demais. Talvez pelo local do ponto final, pelas divagações que isso envolve.

Minha avaliação dele no Skobb se deram justamente pela narrativa gostosa, em contraponto com a história que por vezes soa arrastada. De qualquer modo, vale a pena ler.

Certo, seguindo uma ordem nada cronológica nas minhas leituras (já li este há um tempinho), aí vem mais uma resenha literária para você, caro leitor. Dessa vez, um livro que fala sobre… leitura! O que você acharia de ler um livro por dia durante um ano e ainda por cima fazer uma resenha a respeito?

Desafio complicado, não é mesmo? Mas é exatamente disso que se trata a obra “O ano da leitura mágica”.

O ano da leitura mágica

Nina Sankovitch – 232 páginas
Editora Leya
Um desafio: ler um livro por dia durante um ano. Você aceita? Essa foi a promessa que Nina Sankovitch fez a si mesma. Após perder a irmã mais velha para o câncer, e embora precisasse cuidar dos quatro filhos e lidar com os percalços que fazem parte do cotidiano de uma grande família, Nina cria uma jornada para si mesma: ler um livro por dia durante um ano inteiro. Nesse verdadeiro sonho literário, nossa heroína descobrirá que o ano de leitura mágica mudará tudo ao seu redor e que os livros são uma ótima terapia.


Bom, você deve estar pensando: “ah, mas é impossível”, ou “ah, mas aí pega um livro fininho e moleza…” . Claro, pensamento normal, mas antes de mais nada é preciso esclarecer algumas coisas importantes a respeito da forma com a qual a autora encarou esse desafio. Havia regras no jogo, portanto pode acreditar, não era tão simples assim.

Antes de começar, Nina Sankovitch fez algumas contas no planejamento de sua aventura: livros com pelo menos três centímetros de espessura (geralmente um total de 250 a 300 páginas). A autora calculou o tempo que demorava para ler e também quanto demoraria para escrever cada resenha, isso considerando que ela tinha uma família para cuidar. Uma vez tudo planejado, deu início a sua jornada.

O resultado do seu ano de leitura resultou em um livro do qual não há nenhuma outra ficção senão aquela ao qual ela consumia. É preciso lembrar que não se trata de um livro destinado a ser um bestseller. É uma obra que fala sobretudo a respeito de memórias, portanto sua narrativa tende a ser arrastada, com vários trechos com a intenção de serem edificantes e significativos sobre sua paixão por livros. Sem contar ainda que sofre de excessos: há coisas que poderiam ser suprimidas sem qualquer prejuízo, pois soam repetitivas aos olhos e memória do leitor. Ou seja: não espere dinamismo ou você vai se decepcionar.

Maaaaaas… em geral é um bom livro. É sensível, cumpre o que é prometido e para quem ama literatura em geral é uma boa pedida.

Para os interessados em saber quais os livros lidos pela autora durante esse um ano de jornada, no fim da obra há um anexo com os nomes, inclusive em português caso tenha havido tradução. Portanto há grandes chances de você encontrar por lá vários nomes para sua listinha de livros a ler. Vale a pena.

E eis que a mágica da leitura acontece! Ontem eu terminei de ler um livro que queria ler há muito tempo! Aliás, muito tempo mesmo: mas bora lá ver qual era o tão desejado da vez:


Sinopse:
Samantha Kingston tem tudo - o namorado mais cobiçado do universo, três amigas fantásticas e todos os privilégios no Thomas Jefferson, o colégio que frequenta - da melhor mesa do refeitório à vaga mais bem-posicionada do estacionamento. Aquela sexta-feira, 12 de fevereiro, deveria ser apenas mais um dia de sua vida mágica e perfeita. Em vez disso, acaba sendo o último. Mas ela ganha uma segunda chance. Sete 'segundas chances', na verdade. E, ao reviver aquele dia vezes seguidas, Samantha começa a desvendar o mistério que envolve sua morte - podendo descobrir, enfim, o verdadeiro valor de tudo o que está prestes a perder.

De início, mais uma história de pobre: eu queria muito esse livro, mas ele era caro demais para o meu gosto, portanto sempre acabava comprando outros livros mais importantes. No fim, acabei comprando o ebook e lendo no Kobo. Uma saída bem mais em conta e também prática, visto que no momento é muito mais simples para mim ler em um e-reader do que o livro impresso. Mas ok, muitas expectativas depois, vamos ao resultado:

Duelei muito contra esse livro durante as primeiras páginas. Não sei bem dizer se seria pelo fato de ter acabado de sair de uma ressaca literária daquelas ou se teria algum outro fator envolvido, mas lutei muito contra a narrativa da autora e também contra suas personagens, bithcies demais para minha sanidade mental. Tá, beleza, vamos ignorando e continuando a canção.

A leitura estava ficando bastante arrastada. De início a narrativa da Lauren Oliver não estava ajudando muito. Às vezes soava como uma introdução muito longa, embora a forma como ela escreve, apresenta e expõe a personagem seja a melhor possível para a temática. Estamos falando de uma história que se propõe a despertar reflexões em seus leitores, de um livro com páginas cheias de pequenos fragmentos de sabedoria e belos parágrafos que expõem dúvidas a respeito da existência de um amanhã e dos rumos que as vezes tomamos.

Algumas coisas se tornam lindas quando você realmente olha

Foi quando percebi que certos momentos se estendem para sempre. Mesmo depois que terminam, continuam, mesmo que depois que você está morta e enterrada, esses momentos perduram, no passado e no futuro, até a eternidade. São tudo e estão em todos os lugares ao mesmo tempo. São o significado.”

Samantha Kingston poderia ser uma personagem típica das comédias de Sessão da Tarde ou Temperatura Máxima se os seus dilemas no fim não estivessem bem longe de serem “leves”. Ao contrário de outras mil tramas que existem por aí, ela descobre o quanto os caminhos que sua vida tomou e suas atitudes dentro do seu universo de popularidade não significam nada da pior forma a ser considerada possível.

Em suas várias “segundas chances” de fazer tudo diferente ela redescobre o valor das pequenas coisas que a popularidade a fez deixar para trás e vai perdendo o preconceito com atitudes e pessoas que sua “reputação” a fez ignorar. Começa a descobrir e  redescobrir as pessoas não passavam de um rótulo para Samantha até então. Também descobre qual o sentido que tudo aquilo que está vivenciando. E o que a personagem aprende também vale para nós, que estamos um pouco apartados de seu universo perfeito.

Então, basicamente: não é o melhor livro do mundo, muito provavelmente não vá ser tão tocante ou badalado quanto “As vantagens de ser invisível” (e desde quando isso é tocante, minha gente?), mas com certeza vale a leitura.

Título original: Before I Fall
Autora: Lauren Oliver
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 358
Ano: 2011

Seguindo então para a minha primeira resenha desse espaço, acho que vale a pena falar sobre as razões da escolha a respeito desse primeiro título: caso você nunca tenha tido curiosidade de dar uma olhadinha singela no perfil desta autora que vos fala, eu sou jornalista e com um grande fraco por telenovelas.

Sim: eu gosto de novelas, faço o possível para consumir e ler mais sobre o assunto sempre que posso. Acredito no poder de mobilização do gênero e não o acho “alienante”, como se limitam a crer a maior parte dos teóricos, filósofos de boteco e também tipos pseudopolitizados. Acredito tanto no gênero que ele foi a grande matéria-prima do meu TCC da faculdade.

Sendo assim, no dia em que vi este livro na livraria fiquei absolutamente doida, mas ele era caro demais para o meu bolso de pobre. Porém, anos e anos depois em uma das lindas promoções do Submarino, finalmente consegui o meu!

História encerrada e com final feliz e devidamente explicada, vamos ao que interessa:

A Seguir, Cenas Do Próximo CapítuloA Seguir, Cenas Do Próximo Capítulo

Cintia Lopes, André Bernardo - 282 páginas
Editora: Panda Books
Neste livro, Cintia Lopes e André Bernardo entrevistaram 10 autores para saber como é o processo de criação dos enredos, a escolha dos temas, a construção dos heróis e dos vilões, a reescrita da trama para atender o público, relação com diretores e atores e outros segredos da profissão autor de novela.

O livro tem como foco as particularidades e experiência dos principais autores de telenovelas brasileiras. No caso da obra e de sua época foram entrevistados Aguinaldo Silva, Benedito Ruy Barbosa, Carlos Lombardi, Gilberto Braga, Glória Perez, Lauro César Muniz, Manoel Carlos, Silvio de Abreu, Walcyr Carrasco e Walther Negrão.

Embora tenha sido editado em 2009 e com isso não abranja alguns dos autores mais prestigiados atualmente, o livro não perde sua credibilidade. “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo” abrange influências históricas e geradoras de marcos contextuais do gênero, e com isso faz com que seu trabalho possa perdurar. Embora muitos desses autores não sejam mais os grandes “badalados”, suas participações foram fundamentais para que a telenovela se consolidasse na TV brasileira.

A obra é composta por entrevistas com os escritores citados, além ainda do relatório de marcos da telenovela criados por cada autor, incluindo por exemplo “pares românticos, cidades imaginárias, bordões famosos, vilões memoráveis personagens fantásticos e cenas antológicas”.
Para os leitores mais interessados, também há a chance de conhecer os roteiros originais da principal obra de cada um deles.


As entrevistas foram muito bem conduzidas e não se limitam ao “falar bem da Globo”. Aliás, para os haters provavelmente será um livro interessante dado a quantidade de autores que já tiveram problemas de relacionamento com a emissora.

Há também muitas curiosidades sobre as obras e o processo de escrita e criação das histórias que fazem a cabeça dos telespectadores. Do mesmo modo, também toca em assuntos sérios como as relações entre autores x telespectadores e o rótulo de “alienante” que o gênero carrega através de seus anos de existência.

A obra serve muito bem para quem gosta do gênero telenovela, para quem trabalha com comunicação ou também para quem deseja aprender algo sobre o assunto. Não segue um viés teorico e tem linguagem acessível a leigos, sendo portanto indicada a todos que tenham interesse genuíno.
Portanto, caso você tenha interesse, mente aberta e muita força de vontade para aturar os comentários de nossos queridos pseudopolitizados e desinformados, esse livro com certeza será uma boa aquisição.

Você, querido amigo, cidadão do mundo contemporâneo e cheio de possibilidades sabe como ninguém o poder do “não tenho tempo.” Essa simples frase é a desculpa perfeita para a maior parte das tarefas negligenciadas, das horas perdidas e para aquelas coisas que não estamos lá com muita vontade de fazer mas falta desculpa melhor para recusar. E quase sempre, o hábito de ler é um dos itens dessa ampla lista para a qual a desculpa encaixa-se quase perfeitamente.


O “não tenho tempo” tem muitas vertentes. Na prática o dia tem 24 horas para todo mundo. Há quem consiga lidar com elas de forma apropriada e quem ainda não consiga gestá-las adequadamente. Na prática, trata-se de uma questão de prioridade. Sempre – ou quase sempre - arranja-se tempo para fazer aquilo do que gostamos mas a leitura não é um hobby para a maioria das pessoas: apenas mais uma obrigação para atulhar e atrapalhar o andamento do dia.

Se você é alguém tentando adquirir o hábito da leitura saiba que é possível sim incluir os livros em grande parte do seu dia. Confira algumas dicas:


Transporte Público

Se você, meu caro amigo, é pobre demais para ter ou abastecer um carro, o transporte público é uma boa saída para a prática da leitura. A menos que você esteja em um busão, trem ou metrô realmente lotado é possível sim reservar algum tempo para ler. Mas lembre-se: livros leves, por favor. Tijolões não são recomendados: opte por praticidade.

Livros de Bolso

Leu bem o tópico acima? Então fica de olho nesse aqui. Invista em livros de bolso: são pequenos, leves e mais simples de levá-los na bolsa ou na mochila. Também mais baratos, o que costuma ser um fator bem interessante a ser levado em consideração na compra.

E-reader

Isso mesmo: e-readers. Esses aparelhinhos, como o Kindle ou o Kobo fazem verdadeiros milagres quando a ideia é dar o upgrade na sua leitura ainda mais no quesito “praticidade”, afinal ler “Crônicas de Gelo e Fogo” sem carregar praticamente um quilo na mochila realmente é muito bom. Se você não tem a frescura o gosto por cheirar livros ou coisa parecida, vale a pena. O problema que a brincadeira ainda custa caro para o bolso da maioria.

Mas tudo bem, não se lastime: fique com os livros de bolso como descrito acima e continue lendo o post…

Hora do almoço

Por experiência própria de quem tem uma hora de almoço: eu consigo aproveitar um pouco desse tempo para ler. Se você conta com mais tempo que isso, melhor ainda mas aí já é uma questão de critérios e também de velocidade.

Filas em geral

Que brasileiro adora uma fila, isso não é segredo para ninguém. Então que tal aproveitar o tempo para algo produtivo? Leia, leia e LEIA!

Cortando os supérfluos do dia-a-dia

Embora você diga que não tem tempo, muito provavelmente você sempre tem aquele tempinho a mais para ficar navegar a tôa e:

  1. Postar mensagens motivacionais e religiosas.
  2. Postar mensagens de “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite” cheia de cachorrinhos e gatinhos bonitinhos que deixam a vida cor de rosa e as pessoas com vontade de vomitar arco-íris.
  3. Postar fotos nojentas e palavras de gosto duvidoso disfarçadas de mensagens de conscientização.
  4. Postar mensagens sobre inveja e recalque.
  5. Postar provocações sobre futebol.
  6. Postar indiretas para o ex-namorado ou para a amiga traíra.
  7. Postar mensagens de “preconceito reverso” ou de “está na Bíblia” para justificar seu próprio atraso de vida.
Se você respondeu sim a alguma das questões acima, use esse tempo para ler e poupe a humanidade de “mais do mesmo”, please. Seu cérebro, seu vocabulário e sua vida pessoal agradecerão o esforço mais tarde, acredite. Smiley piscando

Hora de dormir

Se você assiste TV antes de dormir, ou dá aquela última navegada antes de ir para a cama, reveja esse hábito. Além de cansar muito a visão, esses hábitos podem fazer até despertar a insônia. Já um livro pode ter um efeito mais adequado, ajudando a relaxar (dependendo da temática, obviamente) e ajudar a garantir uma boa noite de sono.

É, gente. Essas dicas funcionam. Se prestar atenção verá que quase tudo é uma questão de prioridade. E olha: ler é algo que compensa o esforço. Experimente!
Com a expansão da tecnologia a combinação leitura x internet teve excelentes resultados para pessoas que gostam de ler, dando espaço para que seus hobbys normalmente tão desprezados pudessem ser assuntos de redes sociais, blogs e vlogs.
 
Blogs sobre livros e literatura são hoje uma constante, dando uma turma a aqueles que se sentiam estranhos por gostarem de ler. Também são ferramentas importantes para editoras e o próprio público: as editoras podem utilizar-se deste espaço para planejamento e mensuração de resultados enquanto o público pode tomar conhecimento de resenhas, opiniões e informações que nenhum vendedor de livraria nos forneceria. E o principal point é justamente o Skoob.
 
 
 
Quem acompanha o mundo da literatura provavelmente sabe do que se trata: uma rede social que fala sobre livros, com discussões, interações, resenhas e tudo o mais. É justamente nas resenhas que residem os problemas: se há algo raro nas resenhas do Skoob é justamente o conteúdo.
 
Explicando a razão desse post longo e da introdução: alguém já reparou que a maior parte dos leitores simplesmente repetem a sinopse do livro no espaço das resenhas?
 
Bom: as pseudo-resenhas que são meras cópias das sinopses pouco ajudam alguém na decisão de ler algum livro. Sinopse por sinopse, o próprio Skoob oferece. Uma resenha para uma rede de relacionamentos como o Skoob não demanda uma introdução tão longa ou for dummies quanto um blog literário exigiria.
 
Mas crianças, POR FAVOR! Não copiem sinopses para colocar nas resenhas do Skoob! É desperdício de letras, de teclas e também um verdadeiro abuso para a paciência do pobre leitor genuinamente interessado nas possíveis respostas para a pergunta mais banal: o livro é bom?
 
Apenas responda à pergunta. Simples assim.
Quem me conhece sabe que sou uma leitora voraz, por assim dizer. Não, não é nenhum exagero. Normalmente eu devoro livros sem nenhuma vergonha disso e compro livros da mesma forma como a maioria das mulheres compram roupas e sapatos. E claro, com o passar do tempo fui sentindo a necessidade de incluir a tecnologia no meu cotidiano de leitora.

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Kindle

Explicando: parte do meu trabalho exige que eu não tenha rotina, portanto período de viagens sem hora para voltar são parte do meu cotidiano. Claro, viagens longas exigem alguma forma de passar o tempo e livros sempre foram meus melhores amigos nesta hora. O problema é que pode não ser muito simples quando uma das suas fixações mais recentes são livros como os da saga "Crônicas de Gelo e Fogo”: Neste mesmo momento, começaram a chegar ao mercado brasileiro boas opções de e-readers.

Foi neste momento da minha humilde vida que a tecnologia interferiu nos meus hábitos de leitura e eu comecei a pesquisar, chegando a nomes amplamente conhecidos como Kindle e Kobo. Após semanas de pesquisa, adquiri o Kindle 6 (modelo basicão, único disponível no Brasil até o momento).

Estive com ele por um mês. Pouco tempo, mas o suficiente para ler 11 livros. E vivi com o Kindle uma relação tão intensa quanto se pode esperar de amantes obsessivos. Mas aí pensei em degraus mais altos quando o Kobo Glo chegou ao mercado nacional. O kindle paperwhite (versão da Amazon para o Kobo Glo) já estava nos meus pensamentos, porém o preço e a comodidade do Kobo Glo falaram mais alto. E desde então, já li mais 8 livros com o último brinquedinho.

Então, 19 livros depois, acho que disponho de bagagem suficiente para dividir com você o que mudou desde então. Não vou entrar em detalhes sobre as funcionalidades de cada um dos aparelhos, mas sim considerações sobre ebooks e tudo que a tecnologia me proporcionou neste quesito desde então.

Kobo

Praticidade

Adoro livros impressos, mas nem sempre são a melhor escolha quando você passa muito tempo na rua. Usando o mesmo exemplo das “Crônicas de Gelo e Fogo”.Os ebooks não amassam nem pesam na sua mochila.

Conforto

Se você lê com aparelhos como Kindle e Kobo, tem o acesso à tecnologia e-ink, que imita o efeito da tinta no papel e também não tem reflexo. É como ler um impresso de verdade. Portanto não falta conforto para ler o seu livro preferido o que aliás também proporciona rapidez.. Um tablet pode ser multiuso e o escambau mas não é a melhor ferramenta pra leitura.

Economia

Bom, nem é preciso entrar em detalhes, né? Embora os preços praticados nos ebooks ainda sejam absurdos no Brasil, também são pouco mais baratos que os impressos. E pra quem tem mais disposição de fuçar é possível encontrar pacotes de ebooks grátis. Não é legal, mas é uma forma. Então na prática, se você é adepto do método “fuçômetro”, você pode comprar somente aquilo que realmente quiser em sua estante.

Estímulo

Com os e-readers, eu passei a ler muito mais. Basta verificar a incrível marca de 18 livros desde que aderi ao Kindle e ao Kobo. Convenhamos que é um número de respeito, pelo menos pra mim que costuma ter o tempo tão escasso.

Sentimento de culpa

Estranhamente um aparelho pequeno é capaz de causar algo tão desgastante quanto sentimento de culpa. Após acabar um livro, não consigo ter aquele descanso que o cérebro merece entre uma obra e outra. O negócio é emendar as leituras até que a cuca se esgote completamente. Isso não acontece com os impressos. Talvez por ter um maior impacto do tamanho daquilo que estou lendo quando vejo um tijolão por perto.

Facilidade em abandonar livros

Falando sobre o quesito acima, normalmente os livros impressos não são fáceis de abandonar. Em compensação os ebooks não me despertam culpa nenhuma nesse sentido. Abandono sem dó nem piedade se a história não me agradar.
Agora o último ponto dessa história toda é: ler ebooks vai me fazer deixar de comprar livros impressos?

A resposta é não. Não vou deixar de ler livros impressos e nem de comprá-los. Apenas isso vai diminuir a quantidade de livros que normalmente eu compraria por impulso e pegaria nojo da história durante as primeiras páginas. (“Vide “50 tons de whatever” ou “O lado bom da vida”).

Para quem gosta do cheiro de livro novo ou do barulhinho das páginas, o ebook é uma forma de incrementar a leitura, de aproveitar tudo o que a tecnologia pode oferecer em prol do hobby que mais amamos. Sem medos ou menosprezos, pessoal. Livros e impressos se completam. Sem grilos! Que tal então unir o útil ao agradável?
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